“Eu acredito em rosa. Acredito que rir é o melhor ‘queimador’ de calorias. Eu acredito em beijar, beijar muito. Eu acredito em ser forte quando tudo parece estar indo mal. Eu acredito que as meninas felizes são as meninas mais bonitas. Acredito que amanhã é outro dia e eu acredito em milagres.” A beleza interior é externada por meio de palavras, como se seu exterior já não fosse belo o bastante. Palavras proferidas pela eterna diva do “pretinho básico” e “pérolas no pescoço”: Audrey Hepburn.
Neste dia 4 de maio, Audrey Kathleen Ruston completaria 87 anos. Apesar de se tornar um símbolo de sofisticação usando vestidos Givenchy, a princesa de Hollywood nem sempre teve uma vida cheia de regalias. Nascida na Bélgica e com nacionalidade britânica, ainda muito criança viu os horrores da Segunda Guerra Mundial. Nem sempre tinha o que comer, até tulipas fizeram parte de seu cardápio.
Hepburn não gostava de comentar sobre sua infância, o abandono do pai seguiu como um forte trauma. Foi um período muito pobre de afeto. Referindo-se à sua mãe, “Era fabulosa, tinha muito amor, mas era incapaz de expressá- lo”, garantiu em certa ocasião.
Audrey sonhava em ser bailarina, mas os holofotes só viraram para ela quando se tornou atriz. Estreou no documentário Dutch in Seven Lessons (Holandês em sete lições), de 1948. Surpreendeu a atores, diretores e críticos pela sua atuação em “A Princesa e o Plebeu” (1953), garantindo o Oscar de Melhor Atriz. Com o filme “Sabrina” (1954), recebeu a indicação de melhor atriz pela segunda vez. A partir daí, recebeu diversos prêmios por sua ótima atuação, incluindo Oscar, Tony, Grammy, Emmy, BAFTA, Globo de Ouro e SAG. Foi a primeira atriz na história do cinema a ganhar um Oscar, um Globo de Ouro e um prêmio BAFTA por uma só atuação: “Férias em Roma”.
O “pretinho básico” eternizado por Audrey em “Bonequinha de luxo”, se tornou atemporal e símbolo de sofisticação. Apesar de se achar alta e magra demais, se tornou ícone do ideal feminino. Em uma época dominada por atrizes voluptuosas e com curvas exuberantes, a diva inovou com o cabelo curto, com sua magreza, suas calças corsários e os sapatos de salto alto. Segundo a revista Vogue, “a atriz capturou tanto o imaginário do público e o espírito daquela época que estabeleceu um novo padrão de beleza”.
A moda tinha achado uma nova queridinha e Hubert de Givenchy, a modelo perfeita para desfilar suas criações. Vários figurinos de filmes da atriz foram feitos especialmente pelo amigo estilista, incluindo Bonequinha de Luxo (1961) e Sabrina (1954).
No mesmo ano de lançamento de Sabrina (1954), Audrey se casou com o ator, diretor e produtor Mel Ferrer. Seis anos depois, veio o primeiro filho do casal: Sean Ferrer. A atriz sofreu vários abortos e apesar de Mel apresentar tentativas de reanimá-la e salvar o casamento, os dois se divorciaram em 1968.
Bastaram seis semanas depois do divórcio para que outro casamento viesse à tona: o psiquiatra italiano Andrea Dotti conquistou o coração da musa e em 1970 nasceu o filho do casal: Luca Dotti, o segundo da atriz. O divórcio veio treze anos depois.
Em 1987, se tornou Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF e recebeu o Prêmio Humanitário Jean Hersholt. “Sou testemunha do que a UNICEF significa para as crianças, porque estive entre os que receberam comida e ajuda médica depois da Segunda Guerra Mundial. Tenho uma enorme gratidão e confiança no que a UNICEF faz.” disse a atriz, em 1989.
Viver longe dos holofotes jamais foi motivo de frustração. Ao contrário. A atriz dizia se sentir realizada e protegida. A rotina era quase sempre a mesma: quando não viajava como embaixadora da Unicef, ela estava em seu jardim, cuidando da horta, ou preparando jantares para os amigos mais íntimos, como o estilista Valentino. Para ele, ela fazia um pesto com manjericão, nozes e iogurte. E foi no seu refúgio alpino que Audrey Hepburn recebeu o último convite para contracenar no cinema: Steven Spielberg a chamou para participar de “Além da eternidade”, de 1989.
No mesmo ano foi diagnosticada com câncer de apêndice, que espalhou-se para o cólon. Veio a falecer em 20 de janeiro de 1993, aos 63 anos. Dentre as diversas obras póstumas lançadas para homenageá-la, uma se destaca, aquela lançada por um admirador que a conhecia muito bem: Luca Dotti, o filho caçula. O livro “Mia Madre” lançado em junho de 2015, expõe a vida da diva em uma perspectiva desconhecida: a de uma mãe. O livro conta com mais de 250 fotografias e 65 receitas, já que a bailarina e humanitária gostava de cozinhar.
Para os filhos, mia madre. Para o fotógrafo, o novo ideal feminino. Para sua estante, troféus e estatuetas. Para a calçada, deixou sua estrela. Para a Unicef, deixou seu nome na lista de colaboradores. Mas para todas as crianças amparadas por suas ações humanitárias e a todas as gerações que a viu não somente como estrela, mas como humana, deixou o seu legado mais importante: a esperança. “Lembre-se que se algum dia você precisar de ajuda, você encontrará uma mão no final do seu braço. À medida que você envelhecer, você descobrirá que tem duas mãos – uma para ajudar a si mesmo, e outra pra ajudar aos outros.”Audrey Hepurn.