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8 fatos interessantes sobre a ‘Diva do Rock’ Grace Slick

27 de junho de 2016, por Márcia Tirésias
Música
Grace Slick

Grace Slick, fez sucesso nos anos 60 e 70, teve uma música de sua autoria, White Rabbit, regravada pela cantora Pink e usada como trilha sonora do filme Alice Através do Espelho, da Disney. Além das performances memoráveis, quase conseguiu colocar LSD no chá do presidente dos EUA. Conheça um pouco da artista que se destacava tanto por seu talento como pelas suas loucuras.

1 – A “Diva do Rock”: Grace Slick foi vocalista da banda Jefferson Airplane, uma das mais inteligentes, politicamente engajadas e musicalmente interessantes dos anos 60. Sua face marcada pelos enormes olhos azuis e traços angelicais inspirava os fãs e atraía a atenção da mídia. Como resultado, era presença recorrente em programas musicais de TV. Sua experiência anterior como modelo garantia sua fotogenia e assim seu belo rosto frequentemente aparecia nas revistas “de celebridade” da época.

grace slick

Diva do Rock Grace Slick (Foto: Reprodução)

2 – Mais do que um rostinho bonito: Grace desde criança esteve envolvida com as artes. Sua mãe havia sido atriz e vocalista de bandas nos anos 30 e isso a influenciou. Esta bagagem dos tempos de infância acabou por contribuir para que brilhasse na música. Como vocalista, trabalhava para ser original, como quando imitava os sons das guitarras em algumas canções. Como compositora, bolou toda a letra e os arranjos de White Rabbit, sua obra-prima.

3- White Rabbit volta 50 anos depois: Canção composta por Grace em 1966, ainda antes dela entrar no Jefferson Airplane, White Rabbit teve enorme sucesso e é emblemática do chamado Acid Rock ou Rock Psicodélico. De forma muito sutil (para driblar a censura da época) descreve o efeito de drogas alucinógenas na mente usando passagens dos livros Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho. A cadência da música é propositalmente lenta e suave no início e segue um crescendo, como que tentando induzir um transe no ouvinte. Os vocais cavernosos de Grace contribuem para a sensação de “fora da realidade” proporcionada pela canção.

Em 2016, 50 anos depois, a roqueira Pink fez um cover mantendo fidelidade ao estilo viajante do original e seus vocais não ficam devendo… Confira abaixo uma apresentação dela ao vivo:

4 – A ativista: Grace era crítica feroz de Richard Nixon, cujo investimento maciço na fracassada Guerra do Vietnã traria a morte para vários jovens na época. Suas interpretações apaixonadas das canções de protesto do álbum Volunteers são símbolo dos anos 60. Ela também detestava o ambiente bourgeois em que cresceu, marcado por materialismo, culto à aparência e hipocrisia. Seu primeiro casamento foi infeliz e, segundo ela, feito apenas por “imposição cultural”. Atacava com sarcasmo o falso moralismo da classe média americana em suas canções.

Grace Slick e Janis Joplin

Grace Slick e Janis Joplin (Foto: Reprodução)

5 – A importância da Fantasia: Quando criança, sua avó adorava inventar histórias e costumava presenteá-la com fantasias feitas à mão de personagens de contos de fada ou do imaginário popular. Grace se divertia vendo a si própria como Branca de Neve, Robin Hood e – é claro – como Alice no País das Maravilhas.

Este apreço ao Mundo da Imaginação lhe rendeu uma criatividade notável para performances e certas loucuras, algumas bem-sucedidas e outras nem tanto. Por exemplo, no mágico ano de 1968, durante uma apresentação do Airplane na TV, ela apareceu com o rosto pintado de preto (o famoso Blackface) e fez a saudação de punho cerrado dos Black Panthers, o movimento radical afrodescendente dos EUA. Foi um choque para a classe média conservadora e um ato heróico para os progressistas, exatamente o que ela queria.

Grace também acreditava no poder libertador das drogas. Incentivava abertamente o uso do LSD, que “alterava a realidade”.

6 – “Atentado do Amor” contra Richard Nixon: Pelo fato de ter estudado na mesma escola da filha de Nixon, Grace recebeu em sua casa um convite para um evento de ex-alunos, que seria um “chá da tarde com o presidente” na Casa Branca. Surpresa com o fato, logo planejou um atentado: ela levaria LSD consigo e discretamente o jogaria no chá do chefe maior dos EUA, fazendo com que sua mente se expandisse e alcançasse um estado elevado de consciência. Como resultado, ele cancelaria de imediato a insana Guerra do Vietnã e uma Era de Paz e Amor se iniciaria no país.

Grace separou para isso cerca de 600 mg de ácido, quantidade suficiente para fazer Nixon vestir um sarongue e dançar hula-hula em rede nacional. Para ajudá-la em seu plano, convidou o ativista radical Abbie Hoffman como acompanhante. Infelizmente, o “Atentado do Amor” não se concluiu. A enorme cabeleira de Hoffman, ainda que disfarçada com fixador de cabelo, se destacou na Casa Branca e ambos foram reconhecidos pelos seguranças. Acabaram sendo convidados a se retirar, pois ativistas não eram bem-vindos por ali.

Grace e Abbie Hoffman

Grace e Abbie Hoffman posam sorridentes em frente à Casa Branca (Foto: Reprodução)

7 – As Bad Trips: A partir do início dos anos 70, pressionada pela desagregação progressiva do Jefferson Airplane e uma sequência de relacionamentos fracassados, Grace afundou no álcool. Chegava embriagada aos shows e, como resultado, fez coisas no palco que não lhe dariam bons resultados.

Como em 1973, após ouvir de um cara da plateia a provocação “Hey Gracinha, por que não tira seu cinto de castidade?”, ela responde “Hey… Eu nem uso calcinha!!” e imediatamente levanta a saia, exibindo sua mata selvagem para o público. Ela lembra que mesmo com o ruído enorme das pessoas conseguiu ouvir atrás de si os colegas da banda se lamentando “Jesus…”.

Em 1978, em meio a um casamento em frangalhos e uma turnê estressante pela Europa, Grace bebe praticamente o frigobar inteiro de um hotel na Alemanha e se dirige ao local do show. Ela vê na primeira fila da plateia um sujeito com narinas que lhe pareceram bem grandes, tão grandes que os dedos de sua mão talvez pudessem encaixar ali. Ela não pensa duas vezes e como um raio enfia um dedo em cada narina do pobre sujeito, causando-lhe dor lancinante. A confusão que se seguiu causou sua expulsão da banda.

Topless no palco, pois fazia muito calor ali

Topless no palco, pois fazia muito calor ali (Fonte: Site Jefferson Airplane)

8 – A aposentadoria tranquila: Talvez o fato mais surpreendente de Grace Slick é que ela ainda está viva, depois de tudo que aprontou. Ao contrário de Janis Joplin, a outra “Diva do Rock”, Grace conseguiu sobreviver ao turbilhão dos anos 60 e 70 e teve a oportunidade de envelhecer com relativa tranquilidade.

Ela hoje se dedica à pintura. Suas telas são retratos de artistas de sua época, como Jimmi Hendrix, Jim Morrison e a própria Janis. Ou então, como não podia deixar de ser, são desenhos de seu personagem favorito: Alice!

Grace Slick

Grace Slick em frente à sua versão de Alice (Foto: Divulgação)

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