Uma das principais polêmicas na cena fifties brasileira é o termo “Rockabilly”, usado muitas vezes de maneira incorreta para descrever tudo que nos remete aos anos 50. Já falamos aqui no Universo Retrô sobre os motivos dessa confusão (veja aqui), agora, vamos apresentar o Jive, um estilo de dança erroneamente classificado como Rockabilly por uma questão comercial, que generaliza e dá o mesmo nome desta vertente do rock ‘n roll à modalidade.
Na realidade, esse tipo de dança vintage possui origens nos anos 30 e 40 e características de ritmo e balanço que sofrem influências diretas do Rock’n’ Roll, Boogie e Swing afro-americano. Depois que o Jive chegou ao Brasil, incorporou também passos de outras danças, principalmente as latinas, o que o fez perder um pouco da forma tipicamente americana. Sem contar que vem se transformando a cada dia mais com a popularização do estilo.
O Jive Rock é caracterizado principalmente pela energia, criatividade e giros rápidos do casal. Apesar do passo básico ditado em dois tempos (para se ter uma ideia, o Lindy Hop tradicional, por exemplo, é dançado em 6 e 8 tempos), a modalidade abre a possibilidade do dançarino incorporar novos passos e um estilo próprio na hora de dançar, sem perder de vista a base tradicional, que é bem simples para os iniciantes.
O Rockabilly, por sua vez, nada mais é que uma vertente musical típica dos anos 50, com influência principalmente do Hillbilly, Country Music e do Rhythm & Blues (que já vinha delineando a nova nova influência do Rock N Roll), por sua vez, propagado por diversos músicos através dos tempos.
Entre os principais músicos responsáveis pela popularização do Rockabilly estão: Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Elvis Presley, Buddy Holly, Gene Vincent, Wanda Jackson, Eddie Cochran e Johnny Burnette – intérpretes e compositores americanos surgidos nos anos 50, que também foram influenciados por outras vertentes musicais, como Country, Jazz e Rhythm & Blues, e afins.
Após a baixa dos estilos musicais relacionados com os anos dourados e a explosão da beatlemania e do Flower Power, nos anos 60, o velho Rock N’ Roll, que já possuía poucos traços do que era o Rockabilly nos anos 50, permaneceu por um tempo adormecido. Mas, foi no final dos anos 70, que o gênero ressurgiu diante da vontade de manter a paixão pelo estilo cinquentista acesa.
Nasceu assim o Rockabilly Revival, com Robert Gordon, The Polecats, Crazy Cavan – que dividiam espaço, na mesma época, com ascensão do Punk e do Psychobilly – que, de certo modo, ainda persiste na figura do Neo Rockabilly, representado pelo grupo Stray Cats, que marca outro período na transição das décadas de 80 e 90 e que possui como referências as bandas Matchbox, Restless, Deltas, Long Tall Texans, Guana Batz, entre outros.
Por conta do ressurgimento de outras tendências cinquentistas, como a moda, decoração, e, principalmente a busca das grandes gravadoras por novidades, houve um boom do fenômeno “Rockabilly” e o termo acabou generalizado (a essência Rockabilly ficou mesmo na inspiração das bandas e seus precursores). O fato fez com que muitos seguidores do gênero ficassem confusos com a questão de classificação do termo. Como chamar o tipo de música que ouço que vem dos anos 50, mas é feita agora? E a dança? O estilo?
A grande mídia adotou o termo Rockabilly, e como poucos se interessaram por entender a história evolutiva do gênero, houve e há tanta distorção e grandes mal entendidos por aí. Não é a toa que a diversidade musical dos anos 50 até início dos 60, que compreende o Rockabilly, Rhythm & Blues, Rock N Roll, Doo-wop, Boogie Woogie, entre tantos outros, foi apenas resumida ao termo ou mesmo “músicas” ou “rock” dos anos 60, como se fossem uma coisa só e sem distinção alguma.
Importante: Este texto é apenas uma breve introdução ao assunto, não representa de forma exata toda a gama de informações que o tema possui. Conhecimento baseado segundo a própria conclusão do autor, a partir do que lê sobre o assunto desde 2012.