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Muhammad Ali: história e legado de um dos maiores deportistas

7 de junho de 2016, por Eduardo Molinar
Lifestyle
Muhammedi Ali

Muhammad Ali foi mais que um dos melhores boxeadores da história, talvez tenha sido o melhor de todos os tempos. Suas lutas e nocautes inspiraram filmes, documentários e outros lutadores. No entanto, Ali também lutou (com a mesma energia e raiva) contra o racismo dentro e fora do esporte, se tornando um ativista político – social; lutou contra a Guerra do Vietnã por se recusar a ir quando foi convocado e nos últimos anos de vida lutou contra o Mal de Parkinson.

Nascido Carsus Clay Jr., em 1942, seu início no boxe não poderia ser mais inusitado. Aos 12 anos, em Louisville, Kentucky, quase teve sua bicicleta roubada por outro homem. Clay foi encontrado pelo policial Joe E. Martin batendo no ladrão, e disse ao oficial que estava fazendo um “whup” no delinquente. Impressionado com o jovem, Joe Martin, que era chefe da polícia e técnico de boxe, disse ao garoto para começar a praticar boxe.

Carsus Clay

Carsus Clay foi medalha de ouro na Olimpíadas de Roma, vencendo duas nações comunistas: Polônia e Rússia (Foto: Reprodução)

Após ganhar muitos prêmios Golden Gloves (Luvas Douradas) estaduais e nacionais, o ainda Carsus Clay ganha a medalha de ouro nas Olimpíadas de Roma, em 1960. Sua conquista o motivou a ir ao centro de sua cidade natal, Louisville, comer um cachorro quente. Na época era proibido aos negros irem ao centro. Chegando em uma lanchonete, com a medalha brilhando no peito, ele pediu um hot dog e a resposta do funcionário foi: “Nós não servimos negros!”. Clay respondeu: “Não quero comer negros, quero um cachorro quente”. Ele não foi servido e teve que se retirar do local.

Os absurdos raciais que existiram (e ainda existem, de certa forma) nos Estados Unidos são famosos. A “terra da liberdade e da democracia” é a sede da Klu Klux Klan, “entidade” que prega o ódio e a morte contra a população negra. Carsus Clay estava determinado a usar suas mãos não apenas para derrotar seus adversários, mas para derrotar o racismo. Em 1964 se torna Campeão Mundial de Pesos Pesados ao vencer Sonny Liston. No mesmo ano ocorre sua conversão ao Islamismo, e muda seu nome para Muhhamad Ali, afirmando: “Carsus Clay é o nome de um escravo. Meu nome é Muhhamad Ali, um homem livre!”.

Logo em 1967 é convocado para a Guerra do Vietnã e…se recusa a ir! Apela para a Suprema Corte e não vai para a guerra, atitude corajosa que o baniu do esporte por 3 anos e meio, além de perder o título mundial e ser condenado a 5 anos de prisão. Ali rebateu: “Os vietcongues nunca me chamaram de crioulo, por que eu devo lutar contra eles?” 

4 anos após o episódio do Vietnã, a Suprema Corte anulou sua sentença. Ainda assim, ele teve que pagar 10 mil dólares em multa. Muhhamad Ali voltou com tudo e, em 1971, derrotou o campeão mundial Joe Frazier. Ali utilizava a estratégia de deixar seu oponente “bater” nele e cansar, então partia pra cima e o vencia, algumas vezes com uma sequência de cinco golpes. Em 1974 lutou contra o campeão George Foreman, um adversário mais jovem e bastante intimidador por seu tamanho, e o venceu com nocaute no oitavo round, rendendo-lhe seu segundo título mundial. Tal luta é histórica e famosa, sendo apelidada de “The Rumble in the Jungle” (Batalha na Selva), ocorrida na República do Zaire.

Nocaute em George Foreman

Nocaute em George Foreman (Foto: Reprodução)

No ano de 1978, Ali conquista novamente o título mundial de pesos pesados ao vencer Leon Spinks, se tornando o único boxeador a ser tri campeão mundial. No fim de 1981, “The Greatest” (O Maior), anuncia sua aposentadoria dos ringues dizendo que não queria se tornar “um daqueles lutadores velhos que antes de subir no ringue diz gugu-dadá”. Foram 61 lutas, 56 vitórias (sendo 37 por nocaute) e 5 derrotas. Três anos após sua aposentadoria, Muhammad Ali é diagnosticado com a doença de Parkinson, iniciando sua luta que durou até 3 de junho de 2016, quando faleceu em decorrência de um choque séptico, conseqüências de causas naturais não divulgadas.

Entre 1984 e 2016, Muhammad Ali continuou suas atividades político-sociais, lutando contra o racismo e contra sua doença. Em 1991, Ali se encontrou com Saddam Husseim para tratar da libertação de reféns americanos. Sua personalidade havia mudado muito desde seus tempos de boxeador, quando falava bastante e era um personagem polêmico. Agora falava pouco e o olhar estava mais sereno. Ele afirmou: “(Deus) me deu a doença de Parkinson para mostrar que eu era um homem como os demais, que tinha fragilidades como todo mundo. É tudo o que sou: um homem”. Na abertura das Olimpíadas de Atlanta, em 1996, apesar da doença parecer estar mais forte, acendeu o fogo olímpico de abertura dos jogos

Muhammad Ali foi mais que um vitorioso boxeador. Com frases e atitudes polêmicas, mas cheias de coragem e determinação, deu um verdadeiro nocaute no racismo e nas guerras ao redor do mundo. Seu legado se estende em pessoas de diferentes raças, sexo e idades. Muhammad Ali viveu para lutar e morreu vitorioso. “Quem é o este Parkinson, de quem ganhou, em que livro de recordes ele está”, Muhammad Ali.

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