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O Orfanato da Srta Peregrine para Crianças Peculiares: Tim Burton acerta no visual, mas falta identidade

3 de outubro de 2016, por Aline Merkle
Cinema & TV
O orfanato da Sra Peregrine

A adaptação de O Orfanato da Srta Peregrine Para Crianças Peculiares, livro homônimo lançado em 2011 por Ransom Riggs, chegou nesta quinta-feira (29) aos cinemas brasileiros. Dirigida por Tim Burton (Edwards Mãos de Tesoura), o enredo gira em torno de Jacob (Jake) Portman, interpretado por Asa Butterfield(A Invenção de Hugo Cabret), um adolescente que após presenciar uma morte trágica em sua família resolve buscar respostas sobre o passado de seu avô Abe, vivido por Terence Stamp (Wall Street – Poder e Cobiça), e a verdade por trás das historias fantásticas sobre crianças com poderes extraordinários que passou a infância escutando.

Devido ao trauma os pais de Jacob o obrigam a fazer terapia. O rapaz então acaba conhecendo Dr Golan, no filme a personagem teve o gênero alterado e é interpretada por Allison Janney (Mom/Juno). Após o garoto encontrar uma carta de dois anos atrás endereçada a Abe que tinha como remetente Miss Peregrine, vivida por Eva Green (Os Sonhadores/ PennyDreadful), o terapeuta encoraja Jake a fazer uma visita ao orfanato onde seu avô morou, depois de ter fugido da Polônia até se alistar no exercito durante a 2ª guerra mundial, para talvez encontrar o que procura, ou pelo menos encerrar o assunto em sua mente.

Jacob parte para uma pequena ilha no País de Gales com seu pai, interpretado por Chris O’Dowd (Missão Madrinha de Casamento) a fim de conhecer a diretora do Orfanato, mas acaba descobrindo que o local foi bombardeado por nazistas no dia 3 de setembro de 1940 e que todas as crianças morreram durante o ataque. Aproveitando a distração do seu pai, que está escrevendo um livro sobre pássaros e quer utilizar a viajem para pesquisas, Jacob vai até as ruínas do antigo lar de seu avô. No livro ele faz algumas incursões até o local para procurar objetos que talvez lhe tragam alguma explicação, mas sabemos que a dinâmica nas telonas é bem diferente e é logo na primeira vez em que ele pisa na casa totalmente deteriorada que as crianças aparecem.

Srta Peregrine

Hora do filme no orfanato da srta Peregrine (Foto: Reprodução)

Aqui começam as diferenças mais notáveis entre as duas mídias. No livro Jake vai atrás das crianças curioso com o fato de reconhecê-las, devido a fotos antigas que seu avô usava para ilustrar as histórias que contava, ele tenta ir atrás das crianças que vão despistá-lo, pois sentem medo do garoto, já no filme Jacob tenta fugir assustado e é perseguido pelos peculiares que já sabem sua identidade e o levam para o orfanato.

Descobrimos nesse momento o lar dessas pessoas tão diferentes e finalmente somos apresentados à encantadora, porém muito rígida, srta Peregrine que cuida de seus pupilos como uma leoa, pois sua missão é proteger os pequenos do mundo exterior que não consegue aceitar as diferenças. Ela tem a habilidade mais curiosa de todas a de manipular o tempo.

Srta Peregrine e Jake

Srta Peregrine e Jake (Foto: Reprodução)

O filme acerta no tom sóbrio sem deixar as cores de lado, especialidade de Tim Burton, infantilizando o material base, mas tornando algumas cenas quase pesadas demais e talvez até inapropriadas para crianças muito pequenas, inclusive na estética do mostro, a principal ameaça aos peculiares. A maneira escolhida para mostrar os poderes de cada um dos personagens e o trabalho em equipe ao enfrentar os monstros que as ameaçam é melhor explorado pelo cinema do que no livro, já que na tela a vantagem visual é maior.

Eva Greenda a Srta Peregrine a dose certa de mistérios, inteligência e fragilidade ela foi a escolha perfeita para o papel. A criação de Sr Barron (Samuel L Jackson), o vilão do filme, é bem-vinda, apesar de o tom cômico ser muitas vezes forçado e o visual bizarro beirar o ridículo. Judi Dench (Shakespeare Apaixonado) também está no elenco como srta Avocet, mas sua participação é pequena e mal utilizada.

Samuel El Jakson como Mr Narron

Samuel El Jakson como Mr Barron (Foto: Reprodução)

Uma das mudanças mais discutidas desde o lançamento do trailer é o fato de que Emma (Ella Purnell) que possui poder de manipular fogo nos livros, nas telonas teve sua peculiaridade trocada com Olive (Lauren McCrostie) que flutua por ser mais leve que o ar. Segundo o diretor a alteração foi feita para tornar a personagem mais poética. A personalidade de Emma também está muito mais dócil em comparação a sua versão nas páginas. Ela é de longe a integrante mais encantadora do grupo de crianças.

Jake e Emma

Jake e Emma (Foto: Reprodução)

O que mais incomoda, porém é a superficialidade do roteiro de Jane Goldman (Kingsman/ Kick-Ass), que subestima o espectador ao explicar demais com diálogos, e não ajuda a audiência a ter empatia pelo personagem principal, aliás Asa Butterfield está inexpressivo e um tanto sem carisma no papel. O enredo não desenvolve a maioria dos relacionamentos e cria outros desnecessários, além de não utilizar a década de 40 e a guerra como inspirações para os figurinos, motivação para comportamento de alguns personagens e até para dar o senso de urgência presente no livro deixando o filme sem personalidade. O enredo também não prepara o público para uma continuação ao transformar completamente o final do livro em uma história quase fechada que não se aprofunda na mitologia criada pelo autor, o que vai chatear muitos fãs.

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