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Pin-Ups Party completa 13 anos com show de Tony Campello; confira entrevista com organizador Ivan Rocker

22 de abril de 2017, por Mirella Fonzar
Música

Há 13 anos, pelo menos um domingo por mês a capital paulista recebe a Pin-Ups Party, uma das mais tradicionais festas de rockabilly e rock ‘n roll dos anos 50 e 60 do Brasil. Organizada pelo casal Rose e Ivan Rocker, o evento, que acontece na Rede Biroska, da empresária Lilian Gonçalves (filha de Nelson Gonçalves), é responsável por manter acesa a chama dos anos dourados e movimentar a cena rocker paulista. Por lá, já se apresentaram lendas da pré-Jovem Guarda, como Demetrius, além de grandes precursores do neorockabilly brasileiro, como Crazy Legs e Henry Paul Trio, e outros músicos de destaque.

Para comemorar o aniversário da festa, nada melhor do que mais uma edição memorável. Sendo assim, no próximo domingo (23), quem sobe ao palco do evento é o cantor Tony Campello – um dos precursores do rock nacional dos anos 50 e 60, junto com sua falecida irmã, Celly Campello. O músico de 81 anos será acompanhado da banda Johnny Donald e Os Patifes e contará com a participação de Annie Jackson, homenageando Celly nos vocais. Além dos DJs Johnny, Rodrigo Navarro e convidados, incendiando a pista pra não deixar ninguém parado. Para aquecer para o evento, aproveitamos e fomos bater um papo com Ivan Rocker, para conhecer melhor sobre a história da Pin-Up’s Party. Confira!

Ivan Rocker e Tony Campelo (Foto: Arquivo Pessoal)

Ivan Rocker e Tony Campello (Foto: Arquivo Pessoal)

Universo Retrô – Quando aconteceu a primeira Pin-Ups Party e como surgiu o projeto da festa?

Ivan Rocker – A primeira Pin-Ups Party aconteceu no dia 25 de abril de 2004. O projeto foi inicialmente elaborado e sonhado por duas mulheres, a Sandra Dee e a Rose Rocker, minha esposa. Na época, eu fazia as festas do Rock ‘n Roll Clube do Brasil com o Eric Von Zipper e era apenas DJ na Pin-Ups. A partir do terceiro mês, fui convidado por elas a fazer parte da organização e, assim, começou a minha história com a festa que já dura 13 anos. O projeto original era pra ser “domingueira”, porque as festas aos domingos estavam muitas escassas nessa época. No entanto, eventualmente fazíamos também edições aos sábados, com data e local variados.

Universo Retrô – Você imaginava que seria esse sucesso e que duraria 13 anos?

Ivan Rocker – A gente não imaginava que ia durar tanto tempo. Mas, acredito que tudo que é feito com amor à causa e com bastante organização e planejamento, tem a tendência de vingar naturalmente. Sempre trouxemos o que tinha de melhor na cena para público, com atrações de primeira linha. Resgatamos os pioneiros do rock nacional que estavam meio esquecidos, além de trazer as bandas do circuito rocker e bons DJs. Hoje, os tempos são outros, mas mesmo com a crise, a Pin-Ups Party continua aí sobrevivendo com muito carinho, tentando levar o que conseguimos de melhor para o público, pois a festa não é nossa, é dos frequentadores.

Pista de dança da Pin-Ups Party (Foto: Diorandi Nagao)

Pista de dança da Pin-Ups Party (Foto: Diorandi Nagao)

Universo Retrô – Muitas festas começaram e terminaram nesse tempo. Qual o segredo para o evento durar todos esses anos?

Ivan Rocker – O nosso segredo para durar tanto tempo, como disse, é o amor e o carinho que temos pela cena rocker. Costumamos observar o cenário atual e vemos o que falta e o que poderia ser legal ter no evento; ouvimos muito a opinião e ideias de amigos e parceiros também, sempre pra tentar trazer o melhor para o nosso público. Algumas pessoas falam que a gente profissionalizou e transformou a festa em negócio. Obviamente, buscamos fazer o melhor e precisamos de um certo profissionalismo. Buscamos ser bastante sérios com quem está envolvido no projeto.

Claro que todo negócio tem seus riscos, mas se você, por exemplo, contrata uma banda ou um dj, precisa cumprir com o cachê combinado. Tem muitas pessoas que acham que é fácil fazer evento e acabam não honrando com os pagamentos, caso a festa não vire. Mas, você tem que estar preparado para resultados positivos ou negativos e ser profissional com quem está envolvido no processo. Acho que isso é um dos motivos por que a Pin-Ups Party vingou; a gente tem uma reputação boa perante nossos parceiros. Eu também não me sentiria bem se ficasse conhecido como mal pagador ou alguém que cancela shows em cima da hora. Minha palavra é essa e não faz curvas, combinado é combinado. Falo por mim e pela Rose, somos assim. E quando a Sandra estava conosco era a mesma coisa. Ela teve que sair em 2007, mas continuamos com a mesma proposta.

Rose Rocker e Iva (Foto: Diorandi Nagao)

Rose Rocker e Ivan (Foto: Diorandi Nagao)

Universo Retrô – Já fizeram alguma outra festa antes dela?

Ivan Rocker – A gente já participava de eventos antes da Pin-Ups Party. Quando comecei a frequentar as festas rocker assiduamente, de 1995 para cá, eu já estava envolvido com o Rock ‘n Roll Clube do Brasil e as festas do Eric. Fui conhecendo o pessoal e ele me convidou para ser Vice-Presidente do clube. Então, fizemos várias festas juntos. Em paralelo, a Sandra e a Rose já estavam elaborando o projeto da Pin-Ups Party. A Rose, que desde 1998 é minha esposa, sempre participou das festas do Rock ‘n Roll Clube com a gente, e costumava ficar de hostess na porta. Já a Sandra já fazia umas domingueiras de rockabilly, que, inclusive, discotequei poucas vezes.

Universo Retrô – Quais foram as apresentações musicais memoráveis, que você gostaria que se repetissem?

Ivan Rocker – Entre as apresentações memoráveis, posso citar quando o cantor Demetrius da pré-Jovem Guarda, se apresentou em 2007, e estavam presentes também Tony Campello e Antonio Aguilar, uma figura muito importante pra cena do rock ‘n roll no Brasil e que lançou várias pessoas na época. Ele tinha um programa de auditório ou de rádio, se não me engano, e sempre incentivou o rock no país. Teve também a vez que a banda Made in Brazil fez uma participação numa Pin-Ups Party. A esposa do Oswaldo Vecchione estava envolvida no programa Troca de Família e o pessoal da Record foi gravar a apresentação da banda na nossa festa. Outro momento marcante foi um duelo de baixos acústicos da Henry Paul Trio, com dois baixistas ao mesmo tempo, tocando e duelando. Na verdade, são muitos os momentos inesquecíveis!

Duelo de baixos Henry Paul Trio (Foto: Reprodução)

Duelo de baixos Henry Paul Trio (Foto: Reprodução)

Universo Retrô – Como aconteceu o convite ao Tony Campello para este evento de domingo?

Ivan Rocker – Tony Campello é uma amizade antiga, ele sempre esteve envolvido com a galera rocker. Frequentava e se apresentava nas festas antigamente do Clube do Rock, do Seu Ivan, lá em São Caetano. Conheço ele desde essa época. Também tive a oportunidade de conhecer a Celly Campello. Sempre fui muito fã dela, a gente conversava muito pelo telefone, quando ela morava em campinas, pouco antes de morrer. Então, tenho um carinho muito especial pelo Tony e pela Celly. Ele, além de ser um ídolo e pioneiro do rock ‘n roll 50’s e do rockabilly, junto com sua irmã, é um amigão pra mim. Os irmão Campello são realmente os precursores do estilo no Brasil.

Universo Retrô – Quem você gostaria que se apresentasse na festa, mas que não é mais possível?

Ivan Rocker – Com certeza os falecidos Sérgio Murilo e Wilson Miranda. O Sergio foi considerado o primeiro rei do rock no Brasil, e o Wilson tinha uma voz magnífica, mas morreu cedo. Os dois deixaram saudades. Outra grande cantora que também gosto muito e já foi dessa pra melhor é a Celia Vilela. Adoraria ter tido a oportunidade de ter qualquer um dos três numa Pin-Ups Party.

Biroska - Casa dos Artistas (Foto: Reprodução)

Fachada do Biroska – Casa dos Artistas (Foto: Reprodução)

Universo Retrô – A parceria com a Rede Biroska, da Lilian Gonçalves (filha de Nelson Gonçalves), existe também há 13 anos ou a festa acontecia em outro local?

Ivan Rocker – A parceria com a Lilian Gonçalves já acontece desde 2001, na época que a Sandra e o Ton começaram a organizar a Sunday’s Rock ‘n Roll. Então, quando começamos a Pin-Up’s Party já fomos bem acolhidos pela rede Biroska. A Lilian queria que continuássemos de qualquer jeito com o rockabilly. Ela não guarda os nomes das festas, fala que quer que continuem com os “rockabillys”, ela gosta da galera. Ficamos um tempo afastados do Biroska, de 2008 até 2010, por divergências comerciais. Então, nessa época, fizemos festas em outras casas, como o Lucena Bar, o Paddy’s Pub e o Café Concerto Uranus, além de várias festas na Associação Sabesp, pois trabalho lá há muitos anos. Porém, hoje estamos firmes e fortes com a parceria com o Biroska. Apesar de andarmos com as próprias pernas por lá, temos uma ótima estrutura, a casa é bem localizada e sabemos que hoje em dia não está fácil encontrar lugares assim para eventos.

Universo Retrô – Além de bandas e DJs, cites as outras atrações que costumam ter nas festas de vocês?

Ivan Rocker – Além de bandas e DJs, já fizemos campeonatos de dança, de topetes, inclusive o Rick ‘n Roll, pioneiro dos campeonatos de topete no Brasil, já esteve nas nossas festas. Uma vez também fizemos uma grande feirinha, com muitos expositores. A gente tenta trazer boas bandas e ótimos artistas, mas hoje em dia já não é mais tão fácil assim, pois a festa sobrevive mediante o comparecimento do público, e a bilheteria deu uma queda por conta da crise e também de muitos eventos acontecendo ao mesmo tempo na cidade ou em datas próximas.

Os DJs Sid Nelson, Wagnão, Johnny e Ivan Rocker (Foto: Reprodução)

Os DJs Sid Nelson, Wagnão, Johnny e Ivan Rocker (Foto: Reprodução)

Universo Retrô – Você acha que tem espaço e público para muitos eventos de rockabilly na cidade de São Paulo?

Ivan Rocker – A galera rockabilly é meio pequena, né? Além disso, nem todo mundo tem bolso e disposição para ir em vários eventos no mesmo dia ou final de semana. Mas, estamos aí, tocando o barco, com a mesma alegria e determinação de sempre. Acredito que tenha espaço para todos, mas valeria mais a pena se os organizadores de eventos conversassem e para se acertar pra ficar bom pra todos, pois não adianta nada ter tudo no mesmo dia e no outro dia não ter nenhuma festa pra ir. Nem é questão de monopolizar, como muita gente pode achar, mas é dar um tiro no próprio pé numa cena tão pequena, onde as pessoas têm que escolher onde ir. Se o público gosta da Pin-ups Party, também gostam das outras festas; se a gente realmente se organizasse, com certeza, seríamos mais fortes.

Universo Retrô – Aproveite e faça um convite para os nossos leitores conhecerem a festa neste domingo!

Ivan Rocker – Convido a todos para vir conhecer e curtir a nossa festa! Não é obrigado vir à caráter, pode vestir a roupa que quiser, pois pra gostar de rock ‘n roll não precisa de visual, apesar de ser muito legal também pra quem gosta. A gente sempre recebe bem todo mundo, pode ter certeza. Esse final de semana comemoramos 13 anos de Pin-Ups Party com Tony Campello, pioneiro do rock ‘n roll brasileiro, junto com a banda Johnny Donald e Os Patifes e a filha do meu amigo Smith, a Geovana, que agora usa o codinome de Annie Jackson e vai fazer a voz da Celly Campello, homenageando a rainha do rock brasileiro. Imperdível!

SERVIÇO

13 anos de Pin-Up’s Party
Biroska – A Casa dos Artistas
Rua Canuto do Val nº 09 – Santa Cecília – SP
Domingo, 23 de abril, das 18h às 23h45
Entrada: R$ 20 – Crianças free
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