Assim como está surgindo uma nova mulher mais independente, no novo cenário social também surge um novo perfil de homem mais vaidoso. Por muito tempo ele foi chamado de metrossexual de maneira pejorativa, mas, hoje, há uma consciência maior de que o homem que se cuida quer ficar bem com ele mesmo, sem que isso tenha relação com os cuidados femininos, por exemplo.
Por muito tempo, os homens frequentaram as barbearias, que antigamente eram mais que um lugar para fazer a barba e cortar o cabelo, e sim um ambiente de socialização entre eles, que aproveitavam para conversar sobre diversos assuntos, encontrar os amigos e até tomar uns drinks.
Depois que surgiu a lâmina de barbear, muitos desses homens começaram a fazer a própria barba em casa e deixaram de frequentar esses espaços, fazendo com que esses empreendimentos perdessem força e sumissem com o tempo, abrindo espaço para os salões unissex no qual os homens precisavam frequentar um ambiente muito mais voltado para o público feminino.
Hoje, com essa nova valorização da estética masculina, as barbearias tradicionais estão voltando como nova tendências de negócio e, com elas, jovens profissionais que associam o ofício como estilo de vida. Esses rapazes, além de fazerem barba e cabelos masculinos à moda antiga, vivem essa paixão no dia a dia, admirando as tradições do passado e adaptando essa profissão lendária aos dias atuais.
Com o objetivo de entender como esses jovens se identificam com essa profissão tão antiga, o Universo Retrô foi atrás de alguns barbeiros, para que pudessem nos contar como associam o trabalho com o estilo de vida que levam, proporcionando uma experiência única aos clientes que também buscam por um tratamento retrô. Confira!
Adriano Stocchi – Baterista do Speed Bullets, há 3 anos na Barbearia 9 de Julho, em São Paulo (SP).
“Desde garoto sou amante de hot rods. Há mais de uma década toco bateria em bandas de rockabilly. Sempre deu muito trabalho em manter um penteado legal que combinasse com o visual. Quando conheci a Barbearia 9 de Julho encontrei tudo o que eu gostava e vivia, pois reuniam a paixão pelo passado, com a customização que tanto gosto! Assim, a profissão de Barbeiro Tradicional logo me conquistou. Hoje, digo que não trabalho, eu vivo tudo o que me faz ter prazer!”
Denis Rafael – Barbeiro há aproximadamente 5 anos, na Barbearia Confraria, em Joinville (SC).
“Muito mais do que cortar cabelo ou fazer a barba, um barbeiro é um representante de uma cultura. Lifestyle é o que diferencia um barbeiro oldschool de outros profissionais do ramo. Manter viva a cultura, divulgando e vivendo, seja na indumentária, seja nas atitudes. Isso é Barberlife!”
Fabrício Fanfa – Proprietário da Bunker Barber Shop, em Santo André (SP).
“Eu entrei no ramo sem querer. Após a ideia de abrir uma barbearia na região e com a falta de mão de obra, acabei buscando qualificação. Como sempre fui muito comunicativo, acabei assumindo naturalmente a profissão e hoje é uma paixão. Posso ser quem eu sou sem me preocupar com o que os outros pensam. Me visto como me sinto à vontade e, principalmente, ouço a música que gosto o dia inteiro. Tem coisa melhor? ‘Escolha um trabalho que ame que nunca terá que trabalhar mais’. Resumindo, essa é minha vida, não meu trabalho!”
George Maverick – Barbeiro na Lucky Friends, em Sorocaba, interior de SP.
“Antes mesmo de pensar em ser barbeiro eu era rocker, e sempre foi difícil conciliar estilo de vida com o profissional. Na última empresa em que trabalhei tive que cortar o topete e costeletas para me adequar às normas deles, agora além de me sentir satisfeito profissionalmente posso ter topete, barba, tattoo sem medo de ser repreendido por algum supervisor que não entenda do assunto.”
Guilherme Valengo – Barbeiro na Grilo Grigo em Curitiba e também guitarrista na banda Six Pack Squad.
“Eu sempre gostei da cultura dos anos 40 e 50 e sempre estive ligado com a música e as artes. Descobri que a barbearia é uma arte. Muito mais que uma profissão, é um estilo de vida. Nessa profissão descobri que o aperto de mão vale muito mais que qualquer dinheiro!”
Lisandro Soares – Barbeiro na Lucky Friends, em Sorocaba (SP).
“A profissão de barbeira em minha vida me permite ter liberdade quanto a vestimentas e tatuagens. Além disso, exercer a nobre arte secular de ser barbeiro, cortar cabelo e fazer uma barba exige perfeição e gera expectativa de quem esta sendo atendido. Mas optei por esse estilo de vida pela liberdade de ser o que sou sem precisar passar uma imagem comercial e exigida como a maioria das empresas pedem hoje. Somos quem somos pelo que fazemos e não pelo que aparentamos.”
Pedro Hedlund – Com experiência na Grilo Gringo de Curitiba (PR), atualmente trabalha na Barbearia Independência, em São Paulo (SP).
“Desde mais novo sempre estive envolvido com a kultura kustom, e sempre pirei no lifestyle, mas nunca consegui conciliar o meu estilo de vida com qualquer outro tipo de trabalho. Foi quando comecei a frequentar barbearias pra aprender a profissão e a minha formação foi com a velha escola, tive base em vários barbeiros renomados do estilo old e a barbearia se tornou uma paixão, não encaro cortar cabelo e fazer barba como um trabalho, e sim como um hobby, tenho prazer no que eu faço e não trocaria essa profissão por nenhuma outra!”
Rodrigo Barbosa – Barbeiro na recém inaugurada Barbearia Brutus, em Santo André (SP).
“Eu sempre gostei do visual anos 50 e ter esse visual faz os clientes que frequentam a barbearia se sentirem ainda mais em um ambiente retrô. Ser barbeiro pra mim não é só uma profissão e sim um estilo de vida, pois amo o que faço e tirar um sorriso de um cliente me deixa mais feliz ainda por ter está profissão tão antiga e cheia de história.“
Vinci Bueno – Trabalha há 3 anos como barbeiro da 9 de Julho, em São Paulo (SP), e é guitarrista e vocalista do Voodoo Brothers.
“A profissão de barbeiro aconteceu naturalmente, afinal ela tem tudo a ver com o meu estilo de vida. Nasci no meio rockabilly, sempre tive banda e cresci vendo meu pai e meus amigos levantando topete. Arrumo meu próprio cabelo desde muito novinho e acabei entrando na profissão também cedo, aos 19 anos. O que mais me fascina é essa responsabilidade que temos em renovar a aparência das pessoas, fazendo que os clientes saiam de lá mais felizes, com a autoestima elevada. Quem sabe para ir mais confiantes a uma entrevista de emprego ou a um encontro, por exemplo. É legal também poder trabalhar nesse ambiente mais informal, que te possibilita conhecer um monte de gente legal, trocar ideia, ouvir um som e ainda passar o dia todo ao lado dos amigos”.
Percebe-se que mais que a paixão pelo trabalho entre esses profissionais, há o amor em levar uma vida dentro dos seus gosto e preferências, que muitas vezes também está atrelada à música e que combina com o estilo e atitude de cada um.