A Universal Studios é uma das grandes encarregadas de todo esse legado que os filmes de horror têm hoje, e não é pra menos, né? Apresentaram ao mundo o que para sempre seria associado ao medo. Com criações que tornaram-se clássicos, eles são “experts” quando o assunto é horror de qualidade. Cenários vitorianos, corredores escuros, janelas batendo, velas e sombras não podem faltar.
Tudo começou com duas grandes obras, “O Corcunda de Notre Dame“ (1923), que é considerado uma jóia para a Universal, sendo seu filme mudo mais famoso, e “O Fantasma da Ópera“ (1925). Podemos dizer que, nos anos 20, a Universal abriu as portas do “horror movie”, porém, nos anos 30, as coisas ficaram mais “intensas” contando com um sucesso muito maior do que podiam imaginar, com a estreia de “Drácula“ (1931), adaptação da obra de Bram Stocker que contou com a digníssima atuação de Bela Lugosi e com a direção do “Mestre do macabro” Tod Browning. Foi neste momento em que a Universal percebeu que deveria prosseguir no ramo de filmes de horror e monstros.
Sendo assim, a Universal usou todos seus recursos e surpreendeu mais uma vez com a chegada de “Frankenstein“ (1931), que seria o próximo sucesso do horror. O filme foi uma adaptação de um romance de 1818. Quando começaram a planejar o papel de Frankenstein, a cara da Universal Horror’s era para ser inicialmente ocupada por Bela Lugosi (Drácula), porém,Frankenstein acabou levando a melhor e assumiu esse posto com a atuação de Boris Karloff, que teve praticamente todo seu rosto escondido no personagem, deixando de fora apenas os olhos e queixo.
O papel foi ocupado por Boris Karloff, que, na época, lutava muito em Hollywood por papeis. Usando uma maquiagem que foi considerada numero #1 na lista de “The 50 Greatest Make-Ups of All-Time“, Karloff deu um toque alternativo e aterrorizador na performance que abriu as portas para o seu estrelato. “Frankenstein” foi banido em diversos países por ser considerado aterrorizante e, como o “Drácula“, ele também foi top de bilheteria.
O novo superstar, Karloff teve seu próximo papel como “A Múmia“ (1932), que acontece no Cairo moderno. Dee novo sob muita maquiagem, Karloff ressuscita o corpo de um ancestral egípcio. Sua aparição no personagem foi considerado um dos melhores momentos do cinema, com atuação e maquiagem praticamente impecáveis.
Enquanto isso, outro clássico monstro apareceu, ou melhor “desapareceu”, Claude Rains fez um estranho filme de Hollywood no papel de “O Homem invisível“ (1933), baseado na obra de H.G. Wells, dirigido por Whale. A obra quebrou com o costume da Universal por ter dado um toque meio “patético”, com o personagem de um jovem cientista que cria a formula da invisibilidade e testa em si mesmo, precisando então de um antidoto, para não ficar invisível para sempre.
Na década de 40, a fábrica de horror da Universal estava fazendo mais sequências para os filmes já existentes do que criando novos monstros. O melhor do novo grupo foi “O Lobisomem” com Lon Chaney Jr. como um jovem mordido por um lobo, que, então, passa a ter pelos crescendo, presas e garras sob a luz da lua de outono. O enorme sucesso do filme logo fez com que houvessem novos encontros de monstros nas telas, com o “Monster Rally“, no qual juntou muitos monstros no mesmo filme, como “Frankenstein meets de Wolf Man“ (1943).
O último clássico de monstros da Universal foi “O Monstro da Lagoa Negra“ (1954). O filme adicionou inovação, sendo o primeiro que levava câmeras de baixo d’água. A história se passa durante uma expedição na Amazônia, onde descobrem um homem-peixe que se apaixona por uma mulher que faz parte da trupe e tenta de todas as formas “pegá-la pra ele”.
Jack Pierce e suas maquiagens:
O grande responsável por todas essas produções é Jack Pierce, considerado o Pai dos monstros. Ele criou e desenvolveu todas as maquiagens, mesmo com a precariedade de materiais e técnicas. Na época, o primeiro monstro a desenvolver com a Universal foi o Drácula, porém não ficou muito contente com o resultado por achar que o personagem ficou um tanto quanto realista.
Seu próximo trabalho foi Frankenstein, no qual ele se inspirou em fotos de criminosos e “estudou” um pouco de eletrônica, idealizando que a cabeça seria costurada para facilitar a introdução de um cérebro humano. Boris Karloff dormia com a maquiagem para não ter de refazer, por ser super cansativo e um pouco doloroso, já que os matérias eram basicamente cola e algodão.
Já a produção do Lobisomem levou 12 horas para ser concluída, colando fileiras e fileiras de fios para mostrar a transição do crescimento no rosto dele, as cenas foram gravadas em “Stop Motion”. Para a Múmia, levou mais de 8 horas para que a maquiagem fosse concluída, entre diversas camadas de cola e secador, dando vida à melhor múmia que o cinema já viu.
Hoje, celebramos sua existência e legado (mesmo que muitos desconheçam seu nome) nas noites de Halloween, onde reproduzimos suas obras em nossos rostos e saímos pelas ruas expondo nossa admiração e agradecemos, mesmo que indiretamente, toda sua contribuição para o horror.