Depois do sucesso de 60! Década de Arromba – Doc. Musical, que apresentou Wanderléa à frente do elenco, estreia dia 16 de março, sábado, 21 horas, no Theatro Net São Paulo, o espetáculo 70? Década do Divino Maravilhoso – Doc. Musical, nova produção que faz parte da tetralogia do idealizador, produtor e diretor Frederico Reder e do roteirista, dramaturgo e pesquisador Marcos Nauer.
Desta vez a dupla leva para o palco momentos marcantes dos anos 1970 em acerca da política, moda, comportamento, esportes e artes em geral. Esses itens são embalados por mais de 250 músicas brasileiras e internacionais, divididas em duas partes, como num disco de vinil, em lado A (1970-1976) e lado B (1977-1979) – muitas das músicas são apresentadas em pequenos fragmentos.
De forma cronológica, depoimentos, fotografias e vídeos desfilam num grande telão. A superprodução, apresentada pelo Circuito Cultural Bradesco Seguros, conta com 24 jovens talentos, uma orquestra de dez músicos, 20 cenários, 300 figurinos, toneladas de luz e som e mais de 100 profissionais.
As Frenéticas Dhu Moraes, Leiloca Neves e Sandra Pêra são as três cerejas do musical, no bloco dedicado à febre das discotecas, fenômeno que estourou nas pistas de todo o mundo há exatos 40 anos.
Para valorizar ainda mais os anos 70, a cantora Baby do Brasil apresenta sucessos como Brasileirinho, Menino do Rio, Lá vem o Brasil Descendo a Ladeira, Aquarela Brasileira, entre outros sucessos da década.
“Reunimos teatro, documentário e música. Este formato me permitiu unir tudo isso e ainda propor um novo olhar para a forma de se fazer um espetáculo musical”, diz o diretor Frederico Reder.
“O doc.musical não apresenta a biografia de nenhum artista, porque o olhar está no coletivo, no grupo, numa época, portanto, é de fato, a música a grande protagonista”, explica Nauer, que assina pesquisa, texto e dramaturgia.
O título do musical traz uma interrogação porque propõe questionamentos sobre as dualidades do período. “Uma década de incertezas”, como conceitua Cid Moreira em uma das retrospectivas apresentadas em projeção dentro do espetáculo.
Em toda a América Latina, a ditadura apertava o cerco, a censura era cada vez mais intensa, a liberdade, cerceada. E a arte surgiu exatamente como uma possibilidade de redenção. “Os anos 70 mostraram vários caminhos possíveis por meio da arte, da música e da dança. E em todos eles era preciso ser forte para sonhar com um mundo novo e melhor”, pondera Nauer. “Foram anos de muita luta e força. Há canções que captam essa aura, mas há também muitas outras de muita beleza e aquela explosão de alegria com o surgimento da disco music”, acrescenta Reder.
Na grande timeline do musical, outros movimentos, como o tropicalismo, o glam rock, o punk e o reggae serão revisitados com suas mais emblemáticas canções. De Novos Baianos (“A Menina Dança”) a David Bowie (“Starman”), Raul Seixas (“Há Dez Mil Anos Atrás”) a Led Zeppelin (“Stairway to Heaven”), Mutantes (“Top Top”) a Queen (“Bohemian Rapsody”).
De Caetano Veloso (“Sampa”) a Donna Summer (“Last Dance”), e Bob Marley (“No Woman, No Cry”) a Sex Pistols (“Anarchy in the UK”), os números não vão apresentar atores personificando os ícones da época. Os sentimentos que essas músicas emanam é que vão ditar as ações e coreografias assinadas por Victor Maia, que também cuida da direção de movimento.
Além de Frederico Reder e Marcos Nauer, o espetáculo ainda traz outros nomes de peso, como o do figurinista Bruno Perlatto, o iluminador Césio Lima, o diretor musical Jules Vandystadt, a cenógrafa Natália Lana e diretora de produção Maria Siman. Uma ficha técnica que promete mais décadas brilhantes, rumo aos 80, 90 e quem sabe muito mais.
Os anos 70 por Marcos Nauer
Os anos 70 foram marcados pela busca da liberdade, juventude e quebra de tabus. Nesta época também surgiu a defesa do meio ambiente, as corridas espacial e armamentista se encerraram. Mulheres assumiram posição de liderança e os movimentos de minorias da década anterior se tornaram mais fortes. Música, moda e comportamento unidas fizeram a black music, o reggae, o punk e, claro, a disco music, mudar para sempre a atitude de jovens e adultos.
No Brasil, a TV em cores começava a chegar ao país e um seleto grupo de telespectadores pôde ver Jairzinho, Tostão, Gérson, Pelé, Rivelino, Carlos Alberto Torres e o técnico Zagallo conquistarem o tricampeonato mundial de futebol.
Na música, foi a diversidade de estilos e sonoridades que embalou a década. A evolução do rock dos anos 60 lançou bandas como Queen, Pink Floyd, Led Zepplin, Kiss, Black Sabbath e se multiplicou em vários estilos como o niilista punk rock, o soft rock de Elton John e The Carpenters e o andrógino glam rock de David Bowie.
Anos 70 no Brasil
No Brasil, estourou o rock de Raul Seixas e Mutantes, a poesia dos Secos & Molhados, a irreverência do grupo Dzi Croquettis, o swing dos Novos Baianos, o pop dançante de Sidney Magal, os românticos Waldick Soriano, Nelson Ned, Reginaldo Rossi, Odair José, a reunião de estrelas no grupo Doces Bárbaros e a estreia de uma nova geração de grande talento, como Tim Maia, Belchior, Gonzaguinha, Djavan e Ivan Lins.
O cinema brasileiro vivia o boom do erotismo, com a pornochanchada, nas telas o inesquecível filme Os embalos de sábado à noite agitou boates e bailes que se multiplicaram pelo país, quebrando preconceitos ao unir brancos e negros, heteros e gays nas pistas.
Na TV, a novela Dancin’ Days influenciava o comportamento, a moda e a música. Estourando na parada de sucesso as divertidas, apimentadas, escandalosas, irreverentes e atrevidas Frenéticas!
São tantos os adjetivos que descrevem estas mulheres poderosas! Reunidas por um anjo louco no Frenetic Dancing Days, ascenderam ao estrelato total. Juntas, elas incendiaram o Brasil com humor picante, figurino repleto de plumas, brilhos, lantejoulas e de pernas de fora, ao som eletrizante da discoteca.
O grupo fez história e deixou a sua marca. Ninguém conseguiu segurar as meninas, seis locomotivas esfuziantes em direção ao sucesso! As Frenéticas, perigosíssimas, enfrentaram os anos 70 abrindo um caminho mais divertido, o prazer e o humor para mudar mentalidades.
SERVIÇO
70? Década do Divino Maravilhoso – Doc. Musical
Theatro NET São Paulo – Shopping Vila Olímpia, 5º andar – Rua Olimpíadas, 360
Temporada: De 16 de março a 30 de junho de 2019
Datas e horários: Quintas e Sextas – 20h30
Sábados: 17 e 21h
Domingos: 17h
Classificação: 14 anos
Duração: Aproximadamente 180 minutos com intervalo de 15 min
Gênero: Musical