Comemorado nesta quarta-feira, 20 de abril, o Dia do Disco celebra a cultura do vinil, instrumento de muita importância na história da música. A data foi instituída em em 1978, no Rio de Janeiro, em homenagem ao violeiro, acordeonista e repentista Ataulfo Alves, também conhecido por “Capitão” Severino.
Este é um momento em que nós, saudosistas, colecionadores e amantes do vinil, celebremos nossa paixão por esta mídia que foi desenvolvida na década de 1940, já teve seus altos e baixos ao longo dos anos, mas está voltando com tudo às nossas vitrolas. Pensando nisso, a equipe do Universo Retrô listou seus álbuns preferidos de todos os tempos. Vamos conferir?
Mirella Fonzar – Johnny Cash: Out Among The Stars (1984 / 2014)
Poderia citar discos clássicos, mas o álbum que escolhi é relativamente novo. Apesar de ter sido gravado em 1984, Out Among The Stars só foi finalizado e lançado em 2014. O disco contém 12 canções inéditas e mostra um Johnny Cash ainda mais country e apaixonado, com músicas dedicadas a sua esposa June Carter e, inclusive, com participação da cantora.
Sou daquelas que quando curte um disco, ouve tudo repetidamente durante muitas e muitas horas – até extrair o máximo da obra. Foi isso o que aconteceu depois que comprei esse álbum. Simplesmente, não consegui parar de escutá-lo. As músicas são encantadoras e, com certeza, ajudarão a tornar o legado de Cash ainda mais vivo, mesmo 12 anos após sua morte. Destaque para “She Used To Love Me A Lot” e “If I Told You Who I Was”, que narra como o cantor conheceu June.
Leila Benedeti – Os Incríveis: Compacto O Milionário/Renascerá (1967)
Tenho vários álbuns bons que merecem ser escritos para essa matéria, como Headquarters, dos Monkees, ou a trilha sonora do filme “Os Reis do Iê-iê-iê” (A Hard Day´s Night), estrelado pelos Beatles, mas dessa vez irei deixar esses para uma futura publicação e destacar o raro compacto simples dos Incríveis, um dos ícones da Jovem Guarda, lançado em 1967.
A raridade desse disco está nas duas músicas gravadas; no lado A, o famoso hit O Milionário, e no lado B, a música Renascerá. Ambas possuem duas versões, e essas gravadas no disco são as primeiras e pouco conhecidas, porém muito boas e bem dançantes. Raridades, seja em forma de disco ou alguma outra coisa, custam caro. No meu compacto sem arranhões, apesar dos poucos rabiscos na etiqueta e da ausência da capa, eu paguei apenas cinco centavos, praticamente de graça! Ah, se a dona daquele sebo soubesse o valor que o vintage tem hoje em dia.
Joanatan Richard – Elvis Presley: 50th Anniversary (1985)
Foram muitos discos que passaram pela minha vitrola, mas, sem dúvida, o meu primeiro álbum de Elvis Presley é inesquecível: “50th Anniversary”, uma coletânea básica, ode escutei pela primeira vez “Blue Suede Shoes”, que me eletrizou e, a partir de então, decidi tocar guitarra e seguir por este estilo!
O álbum tem nome de disco gringo, mas, na verdade, foi lançado pela BMG no Brasil. Basicamente é mais uma coletânea de Elvis, porém com sucessos que ainda não haviam sido lançados em nosso país na época, como um take raro e inédito de “Blue Moon of Kentucky” e uma versão ao vivo de Viva Las Vegas.
Rafaella Britto – Arnaldo Baptista – Lóki? (1974)
Visceral seria a palavra adequada para descrever este que é, para muitos – incluindo Kurt Cobain e Sean Lennon -, um dos mais importantes discos do rock brasileiro e mundial. Em Lóki?, álbum de estreia de Arnaldo Baptista após sua saída dos Mutantes, temos um rock ‘n’ roll sem guitarras. O fim do casamento com Rita Lee e a frustração de desejos e sonhos marcaram melancolicamente o músico, que imprimiu em suas letras tons confessionais, cadenciados pela forte presença do piano.
Psicodelia, jazz, bossa-nova, música erudita, “Lóki?” foi o primeiro disco a causar uma profunda revolução em mim, pois me mostrou que não há limites para a imaginação. Destaque para a faixa de abertura, “Será que eu vou virar bolor?”, “Cê tá pensando que eu sou lóki?”, que dá título ao disco, e uma versão instrumental de “Honky Tonky”, clássico dos Rolling Stones, ao piano.
Wagnão Wms – Coletânea Rockabilly Tunes
Quando pensamos sobre um disco marcante em nossa vida, realmente fica difícil falar de um só disco, então só tenho uma saída, que é apelar para o lado passional da coisa. Ao invés de buscar um grande e popular título, vou citar uma coletânea lançada no Brasil: Rockabilly Tune. Este disco vem de encontro com aquela teoria que prova que o lado B das coisas tendem a esconder as grandes pérolas.
Neste LP temos o pseudo “segundo” escalão da lendária Sun Records em cartaz e, sinceramente, confesso que não fica devendo em nada para aqueles que sempre tiveram os holofotes voltados para si nos anos de ouro da gravadora de Memphis. O Rockabilly Tunes foi lançado originalmente pelo selo Charly UK (detentora dos direitos da Sun Records) no ano de 1985 e, por sorte, tivemos este mesmo disco relançado aqui no Brasil em 1989, pela Brasidisc, em uma fantástica série chamada Rarity. Na época, essa coleção era facilmente encontrada nas lojas especializadas, porém, hoje, chega a ter alguns títulos disputadíssimos entre os colecionadores do estilo.
Lucas Rodrigues – O Terço: Criaturas da Noite (1975)
Escolhi um dos discos mais representativos da época da música brasileira que mais gosto, os anos 1960 e 1970. Criaturas da Noite foi lançado em 1975 pelo grupo O Terço, marcado como o primeiro da formação clássica da banda. Com Sérgio Hinds (guitarra, viola e voz), Sérgio Magrão (baixo e voz), Luiz Moreno (percussão e voz) e Flávio Venturini (piano, órgão, sintetizador, viola e voz), a banda lançou seu álbum de melhor qualidade, muito ligado aos subgêneros do rock progressivo e rural.
Com músicas contagiantes como “Hey Amigo”, “Queimada”, “Volte Na Próxima Semana” e “1974”, além da faixa título, escolho Criaturas da Noite por sua representatividade. Não é meu disco favorito ou aquele que considero melhor, porém, marco sua importância em minha vida por ter sido o primeiro vinil que comprei, em 2009, marcando efetivamente o início da minha coleção. Outro motivo é porque o álbum foi muito bem feito, com arranjos do maestro Rogério Duprat e uma mistura dos principais elementos do rock brasileiro daquele momento nas composições. O disco me marcou muito por ter me possibilitado descobrir outros grandes artistas do período.
Gabriela Lira – Alceu Valença: Espelho Cristalino (1977)
Lançado em 1977, o álbum Espelho Cristalino, do cantor e compositor pernambucano Alceu Valença, é simplesmente uma das grandes pérolas de toda a música popular brasileira. Nessa produção, em especial, podemos notar o toque de genialidade do, então, jovem nordestino, que se levanta de uma maneira bastante rebelde e questionadora em suas letras e ao mesmo tempo capricha na densidade sonora das canções, mesclando instrumentos tipicamente brasileiros com outros de viés rock and rock, tais como a guitarra e o baixo. O resultado final é um álbum que beira a perfeição na forma e conteúdo.
E o seu disco preferido, qual é? Nos conte nos comentários!