Há exatos 103 anos, no dia 19 de outubro de 1913, nascia ele, que – mesmo depois de 35 anos de sua morte – é considerado o maior músico e poeta que o Brasil já teve. Junto com inúmeras parcerias que fez com grandes nomes da MPB, Vinícius de Moraes mostrou nosso país para o mundo através da Bossa Nova e imortalizou sua obra através da facilidade que tinha em fazer com que as pessoas se identificassem com suas composições.
O poetinha, como ficou conhecido, era um boêmio que, diferente de tantos outros artistas da música brasileira, não teve um início difícil, muito pelo contrário, Vinícius era o típico playboy, como dito na época. Começou a compor aos 14 anos, daí em diante se formou em letras, em direito, foi intérprete, escritor, jornalista, advogado, crítico de cinema e diplomata. Mas o quanto Vinícius lutou para conseguir seu espaço não tem relevância, o que realmente importa é a forma com que ele conseguia retratar a vida em palavras.
Ele tinha o dom de viver, era apaixonado pelo mundo e pelas mulheres, percorreu vários países ao longo de sua vida e foi casado nove vezes que, para ele, foram infinitas enquanto duraram. As paixões de Vinícius sempre foram fonte máxima de inspiração para suas letras. Sua carreira literária pode ser dividida em duas fases, uma de sentido místico e lírico, e outra de linguagem mais simples, que ele incorporou nas composições populares.
A primeira etapa, teve livros como O caminho para a distância (1933), Forma e Exegese (1935) e Ariana, a mulher (1936). Nessa época já tinha amigos como Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade. Já em sua segunda fase, Vinícius se mostrava mais ativo político e socialmente. Dessa época, são os livros: Cinco Elegias (1943), Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Antologia poética (1955), o Livro dos sonetos (1957) e Novos poemas II (1959), Para uma menina com uma flor (1966) e A arca de Noé (1970) com poesias para crianças.
Sua carreira musical foi formada principalmente por grandes parcerias. O poetinha já trabalhou com Carlos Lyra, Baden Powell, Chico Buarque e suas mais intensas uniões musicais foram com Toquinho e Tom Jobim, grande amigo do compositor. Junto com Tom, Vinícius formou a dupla mais importante da Bossa Nova. Deram início ao movimento por volta de 1958, com suas letras no álbum Canção do Amor Demais, gravado por Elizeth Cardoso.
Mas a parceria começou quando Vinícius chamou o maestro soberano para musicar sua peça Orfeu da Conceição (1954). E os dois marcaram a história da música brasileira com clássicos como: A Felicidade, Chega de Saudade, Eu Sei Que Vou Te Amar e Garota de Ipanema.
Em 1968, quando Vinícius estava excursionando por Portugal, ele recebeu a notícia de que seria afastado da carreira diplomática, que iniciou em 1943. Assim, foi aposentado compulsoriamente pelo AI-5, que apontava seu comportamento boêmio como impedimento para cumprir suas funções.
Logo em seguida, dá início à outra parceria que levaria por toda vida, com Toquinho. Os dois compuseram aproximadamente 120 músicas, incluindo Tarde em Itapoã e Para Viver Um Grande Amor. Levaram ainda seus shows por todo o Brasil e alguns países do exterior. No ano seguinte, Vinícius fez concertos que marcaram sua carreira, lançou os álbuns Toquinho, Vinicius e Amigos (1974), com participações de Maria Bethania e Chico Buarque e O Poeta e o Violão (1975), gravado em Milão.
Cinco anos depois, na manhã do dia 9 de julho, morria Vinícius, por conta de um edema pulmonar, em sua casa, na companhia de Toquinho e sua última esposa. Ainda mesmo depois de sua morte, foram lançados inúmeros álbuns especiais, livros e biografias em sua homenagem. Mas, seria impossível listar toda herança cultural deixada por Vinícius de Moraes. Ah se todos fossem iguais a Vinícius, certamente o mundo teria mais amor, mais alegria…mais poesia!