“Baseado em uma história real”: a declaração ao começo ou fim de um filme que é capaz de nos causar arrepios e mudar a nossa percepção acerca de toda a obra. O maior sucesso de bilheteria atual dos Estados Unidos é exatamente um filme sobre uma história real: Estrelas Além do Tempo traz à luz as três mulheres negras que, nos anos 60, foram responsáveis por cálculos fundamentais para o sucesso das missões espaciais da NASA.
Dorothy Johnson nasceu em 1910 no Missouri. Em 1932, se formou na Wilberforce University, a primeira universidade particular para negros nos Estados Unidos. Logo após a graduação, se tornou professora, que era então o cargo mais alto que uma mulher negra poderia alcançar, ainda mais nos tempos da Grande Depressão. Dez anos depois, tudo iria mudar para a moça que agora assinava Dorothy Vaughan, tendo adotado o sobrenome do marido.
Em 1943 os tempos eram novamente difíceis. Dorothy era ainda professora, mas conseguiu um emprego temporário no Conselho Nacional para a Aeronáutica. Ela trabalhava em um time de matemáticas e engenheiras negras, sob condições de segregação: elas não trabalhavam ao mesmo tempo nem dividiam os comedouros ou banheiros com as funcionárias brancas. Em 1949, Dorothy se tornou supervisora do grupo de matemáticas negras, batizado de West Area Computing. Ela ficou na posição de chefia até 1958, quando o Conselho, então transformado na NASA, extinguiu a política de segregação.
Katherine Coleman nasceu em 1918. Era a filha mais nova de um fazendeiro e uma ex-professora, e desde criança era apaixonada por números. Sabendo que a filha não teria a chance de cursar o ensino médio na cidade onde nasceu, seu pai fez a família toda se mudar para uma localidade onde meninas negras fossem aceitas na educação secundária. Aos 18 anos, ela se formou com honras na West Virginia State College e, assim como Dorothy, se tornou professora.
Em 1953, Katherine foi aceita pelo Conselho Nacional de aeronáutica para fazer e checar cálculos dos novos projetos. Em 1956, James Goble, primeiro marido de Katherine e pai de suas três filhas, faleceu. Ela se casaria novamente em 1959, passando a assinar, finalmente, Katherine Johnson.
Katherine começou também em um grupo segregado, mas sua curiosidade, vontade de aprender e bom desempenho a fizeram ser transferida, após apenas duas semanas de trabalho, para uma unidade completamente branca – e masculina. Lá seus cálculos exatos lhe garantiram grande admiração.
Em 1958, ela também passou a fazer parte da equipe da NASA, e foi a responsável pelos cálculos que levaram os primeiros americanos ao espaço. Nos anos seguintes, apesar de já existirem computadores com alta capacidade matemática, todos os cálculos importantes eram conferidos por Katherine.
Mary Winston nasceu em 1921. Sempre foi uma aluna brilhante, e em 1943 se formou em matemática e ciências físicas no Hampton Institute. Nos anos seguintes, ela trabalhou como professora, contadora, secretária e recepcionista. Ela também se casou e adotou o nome de Mary Jackson.
Em 1951 Mary passou a fazer parte do grupo de matemáticas do Conselho Nacional para a Aeronáutica, e sua primeira chefe lá foi justamente Dorothy Vaughan. Dois anos mais tarde, ela seguiu o conselho de um colega e voltou para a faculdade, desta vez para conseguir o título de engenheira. Mary teve de pedir permissão por escrito da cidade de Hampton para frequentar as aulas junto com alunos brancos, mas isto compensou: em 1958 Mary Jackson se tornou a primeira engenheira negra da recém-fundada NASA.
No começo dos anos 60, Dorothy, Katherine e Mary se encontraram na NASA e, entre outras grandes conquistas, foram responsáveis pelo sucesso da missão de John Glenn, o primeiro norte-americano a orbitar a Terra.
Dorothy Vaughan se aposentou em 1971, sem nunca ter voltado a ocupar um cargo de chefia. Ela faleceu em 2008. No filme, é interpretada por Octavia Spencer.
Katherine Johnson se aposentou em 1986. Em 2015, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, maior honra dada a um civil nos EUA. Ela ainda vive, e no filme é interpretada por Taraji P. Henson.
Mary Jackson se aposentou em 1985, após uma carreira que envolveu também trabalho voluntário para contratação de mais mulheres na NASA. Ela faleceu em 2005. No filme, é interpretada por Janelle Monáe.
Veja abaixo o comparativo entre as verdadeiras estrelas além do tempo e as atrizes que as representam:
Quem ainda não assistiu ao filme, confira o trailler abaixo: