Estrea, nesta quinta-feira (8), a comédia dramática Os Filhos de Bach, nome internacional de Bach in Brazil coproduzida entre a Alemanha e o Brasil. O filme é o primeiro trabalho como diretor do alemão Ansgar Ahles, que demonstra aqui um grande carinho e respeito pelo nosso país.
A trama tem seu inicio na Alemanha, onde nos conta a historia de Marten (Edgar Selge), um músico apaixonado pela obra do compositor, do século XVIII, Johann Sebastian Bach. Marten foi um adolescente com um futuro promissor, e teve relativo sucesso na juventude com seu melhor amigo Karl, porém após o rompimento da dupla acabou desistindo da carreira nos palcos e se tornou professor.
Marten é surpreendido com a noticia da morte de Karl, e de que o amigo teria deixado como herança para ele uma partitura original de Bach, contendo sua canção preferida, porém com uma condição, o músico precisa vir até o Brasil buscá-la. Sem muita curiosidade pelo nosso país, e querendo voltar o mais rápido possível para sua terra natal, Bückeburg, onde quer tocar no Festival de música clássica, Marten chega à cidade histórica de Ouro Preto em Minas Gerais, conhecida por sua arquitetura barroca.
Após ser assaltado, e ter a sua preciosa partitura roubada, o músico acaba recebendo a ajuda do divertido Candido (Aldri Anunciação), única pessoa no local que fala alemão. Ele rouba a cena todas as vezes em que aparece. O rapaz leva Marten até um centro de recuperação para menores problemáticos com o objetivo de encontrar o autor do roubo, no local ele conhece as crianças e acaba de aproximando delas, em especial dos irmãos Fernando (Pablo Vinicius) e Heitor (Dhonata Augusto). Candido então incentiva Marten a ensinar música clássica para os jovens.
O elenco infantil é encantador, e Edgar vai transformando seu personagem com cuidado. Aos poucos vemos Marten se apaixonar pelo Brasil, pelas crianças, e até mesmo pela arte de ensinar, onde reencontra sentido para vida. O filme ainda conta com Stepan Nercessian, como o diretor da instituição para menores; Thais Garayp, como a rabugenta guarda Dulce; Franziska Walser, como a otimista Marianne amiga de Marten, além de uma participação de Marília Gabriela como ministra da justiça.
Como música clássica é o principal assunto do longa, não podia faltar uma trilha sonora bem produzida, mas somos surpreendidos com a mistura muito bem-vinda entre Bach e chorinho, que cria uma identidade própria ao filme e que também acrescenta um tempero brasileiro à produção sem descaracterizar a obra original, ou torná-la elitista. Os filhos de Bach toca em assuntos sensíveis, como a realidade dos jovens na periferia, por exemplo, e mostra que pela arte é possível transformar a realidade das pessoas.