Há quem diga que eles têm influências de rockabilly. Outros garantem que o som é psychobilly. Tem gente que prefere denominar garage rock. Talvez a coisa mais difícil ao ouvir o som do Voodoo Brothers seja rotulá-los dentro de algum gênero específico. Isso porque o duo paulista, formado por Vinci Cave (guitarra e voz) e Camila “Pitty” (bateria e backing vocals), costuma não se restringir a apenas um estilo musical.
Prestes a lançar seu primeiro CD, a dupla desconstrói clássicos do blues, surf music, garage rock, psychobilly e punk em seus shows e traz pitadas de brasilidades, sons exóticos e muito rock ‘n roll em suas músicas autorais. Uma das atrações da Pool Party Retrô, o Voodoo Brothers vai comemorar seu aniversário de 3 anos no próximo sábado (9), na JailHouse, no Tatuapé, em São Paulo.
Mas, antes de tudo isso, deixamos vocês com uma super entrevista com os integrantes e um ensaio inédito produzido pelo Universo Retrô, em parceria com o fotógrafo Rodrigo Silveira, para o CD Green Kahuna, que em breve será lançado.
Universo Retrô – Voodoo Brothers está comemorando 3 anos de banda, prestes a lançar seu primeiro CD e com show agendado no Psycho Carnival de 2018. Quais são as expectativas para essa nova fase da dupla?
Pitty – Nossas expectativas são as melhores possíveis para esse nova fase. Com o CD, acredito que muitas casas que ainda não conhecem nossa música poderão abrir espaço, assim como a participação em festivais, concursos, novos lugares e experiências. Nossa meta nacional era tocar no Psycho Carnival, agora que atingiremos ela quem sabe alguns shows nos países vizinhos ou um dia uma turnê na tão esperada Europa.
Universo Retrô – Vocês costumam misturar variados estilos, como rockabilly, psychobilly, blues, rock ‘n roll, punk e até country. Imaginariam que o projeto por ser tão diferente conquistaria o público como conquistou?
Vinci – A ideia inicial do Voodoo Brothers era bem essa; de não ter limites nas suas influências. No começo, nem todo mundo entendeu, mas acabamos atingindo um público já acostumado a escutar coisas diferentes e mais abertos para novas ideias. Naturalmente fomos mais aceitos dentro do psychobilly e do punk e nossa pegada acabou caminhando por esse lado. No final das contas, foi melhor do que o esperado. (risos)
Universo Retrô – Vocês enfrentaram alguma dificuldade de aceitação por serem um duo de guitarra e bateria? Por que da escolha de não ter o baixo?
Pitty – Enfrentamos sim. Quase que 100% das pessoas que nos elogiam após o show falam que, antes dele, olham para o palco e não imaginam que só nós dois conseguimos fazer todo aquele som. A escolha de não ter baixo primeiramente é porque a essência da banda é ser nós dois, os irmãos amigos que sempre falaram que montariam um projeto juntos, e, então, o “não ter baixo” deixa esse projeto realmente diferente e autêntico.
Universo Retrô – E em relação ao som autoral, como funciona a aceitação do público para músicas próprias?
Vinci – Nem sempre as pessoas estão abertas a algo novo. Muitas vezes esperam que vá ser algo parecido com o que sempre viram, ou, por exemplo, um lugar que só aceita bandas cover pode torcer o nariz. Mas, também tem aquelas pessoas que no começo não entendem muito bem, e depois acabam dançando e curtindo com a gente. Essa é a melhor reação.
Universo Retrô – O novo CD terá 10 músicas autorais. Como funciona o processo de composição de vocês?
Pitty – Assim como nossas músicas covers foram naturalmente e instintivamente ficando com a nossa cara, as próprias também seguem essa linha. Se observarem, tem músicas com uma pegada mais rockabilly, que foram as primeiras a serem feitas e com o passar do tempo os sons foram ficando um pouco mais pesados, com levadas diferentes e novas dinâmicas. Tudo que o Vinci escreve ele me manda, eu coloco um ritmo e, juntos, criamos toda a dinâmica do som, na tentativa e erro, até acertar. (risos)
Universo Retrô – No que costuma se inspirar para compor as letras do Voodoo Brothers?
Vinci – As músicas vem normalmente de inspirações diversas que tenho. Sentimentos do dia a dia, amor, experiências que vão além do corpo… mas as que mais acho incríveis são aquelas letras que “recebo”, como se alguém me falasse as palavras e eu pudesse sentir a música. Dos mais incríveis jeitos nós “ganhamos” algumas dessas músicas.
Universo Retrô – Muitos falam que vocês se parecem com White Stripes, por serem um duo de homem na guitarra e mulher na bateria. Dá pra comparar o Voodoo Brothers com alguma outra banda?
Vinci – Por diversas vezes chamei a Camila pra montar uma banda comigo, porém nunca apareceu os outros integrantes que combinassem com a gente. Na época, vi uma entrevista do White Stripes falando de uma banda chamada Flat Duo Jets. O vídeo que vi o Duo tocava uma versão da música “Crazy Hazy Kisses”, do Gene Vincent, de uma forma totalmente agressiva e distorcida. Achei demais como duas pessoas podiam tocar rock ‘n roll daquela maneira e resolvi adotar a ideia pra gente.
Universo Retrô – Quais são suas maiores referências musicais, além do Flat Duo Jets?
Vinci – Batmobile (com quem dividiremos palco no Psycho Carnival!), Stray Cats, The Cramps, Johnny Cash, Kães Vadius, Muddy Watters, Howlin Wolf, Screamin’ Jay Hawkins… Os clássicos do Blues, Psychobilly, Rockabilly, Surf, Garage, e pra dar aquele tempero sons de nativos e pontos de Umbanda, musicas Exóticas dos anos 60, brasilidades como samba e choro, e por aí vai!
Universo Retrô – Tem alguma previsão de quando o CD será lançado? Pode nos adiantar algo sobre ele?
Pitty – Em algum momento de dezembro nosso CD chega na fábrica e vamos correndo buscar! O álbum tem 10 sons autorais e está saindo pela HotJail, gravadora do nosso amigo Joe Marshall, vocalista e guitarrista do Bad Luck Gamblers. O responsável pela arte é o fera Henrique San, que fez um trabalho impecável e as fotos são do Rodrigo Silveira em parceria com o Universo Retrô! :) O Cd está recheado de estilos e influências, pitadas exóticas e grande agitação. Estamos ansiosos para mostrar a todos o resultado.
Universo Retrô – E em relação à temática do CD e do ensaio fotográfico, quais as principais referências vocês adotaram para toda identidade visual de Green Kahuna?
Vinci – As referências traduzem o nome da banda e o título do álbum: Voodoo Brothers – Green Kahuna. Kahuna basicamente são aqueles sacerdotes havaianos, então o cenário remete a esse universo de mata, meio indígena com elementos tikis e de voodoo brasileiro. A identidade visual mostra esse lado selvagem, com influências de Screamin’ Jay Hawkins, cultura havaiana, xamanismo, The Cramps, misturando essa coisa da natureza com a selvageria do rock ‘n roll, sem perder nosso jeitinho tropical de nascença. Mais nossa cara impossível.
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