A primeira impressão que se tem, ao começar a leitura das histórias de MONDO SAMA é de absoluto espanto, pelo autor ser tão pouco conhecido no Brasil. Uma explicação imediata está no fato de Sama viver em Portugal há anos, onde, aliás, milita por esse país mais que muitos de seus compatriotas. Essa curiosidade tem a ver com a qualidade das 20 histórias que fazem parte do álbum, densamente elaboradas, em que ele mistura vivência do cotidiano, pensamentos inconformistas e uma espécie de filosofia adquirida vida afora – das decepções, frustrações, tristezas, alegrias, prazeres e orgasmos.
A edição, com o selo da Editora Noir, já está à venda no site e começará a ser distribuída às livrarias nesta semana. “Há uma inequívoca unidade estilística nesta compilação. Mas o mundo de Sama é grande o suficiente para abarcar o humor, o experimentalismo, a crítica política e até a autobiografia sem abrir mão dos seus elementos mais característicos: a elegância do desenho, o erotismo, as ambientações retrôs e o apurado senso de design”, afirma o editor Douglas Utescher, da Uga Press.
Sama é um legítimo filho da contracultura, que conseguiu absorver tudo de interessante, inteligente e subversivo que se fez nas décadas de 1960 e 1970. Com absoluta originalidade, por outro lado, nas histórias deste volume, ele não esconde referências a autores hoje cultuados, vindos do underground e do submundo de uma cultura genuína, porém rotulada de maldita, condenada e combatida. Do brasileiro Carlos Zéfiro aos filmes de pornochanchada da Boca do Lixo paulistana, do americano Robert Crumb ao italiano Guido Grepax. Aqui tem um pouquinho de todos eles, porém diluídos com sutileza e genialidad