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Prós e contras da CTX Harmony; veja se vale a pena adquirir a vitrola

22 de julho de 2019, por Lucas Vieira
Música

Quem quer começar do zero a colecionar e ouvir LPs tem duas opções para comprar um toca discos: recorrer às novas opções do mercado ou arriscar investir em um vintage usado. A Harmony é uma dessas vitrolas modernas, com design retrô inspirado nas jukebox dos anos 1950. No Brasil, ela pode ser encontrada como um modelo das marcas CTX e Raveo, porém são o mesmo aparelho. Além de toca-discos, tem player de CD, cartão de memória, entrada USB e também rádio FM.

Há 3 anos, escrevi a matéria CTX Harmony: uma boa opção para quem quer uma nova vitrola fazendo uma análise do equipamento. De lá para cá, aprendi muito sobre vitrolas, discos e tudo mais desse universo que voltou com tudo, principalmente a partir de 2010, quando a Polysom retomou a fabricação de discos no Brasil. Muito do que aprendi e aprendo sobre os bolachões eu compartilho no meu perfil do Instagram, o Disconversa.

Mas, com todo esse conhecimento novo, achei que seria certo atualizar as informações do primeiro texto escrito e trazer os prós e contras dessa vitrola tão charmosa. Revisitei os pontos que havia levantado no texto anterior e os atualizei. Confira:

Vitrola CTX Harmony

A vitrola tem um som bem fiel e funciona com diversas rotações (Foto: Reprodução)

TOCA-DISCOS

Se você optar por comprar a Harmony, é importante ser muito cuidadoso com o manuseio do equipamento. Suas peças são frágeis, a maioria feita de plástico. Partes como o braço, sua alavanca de suspensão e trava (a do meu chegou a quebrar quando fiz um pouco de força para soltá-la) exigem atenção especial.

Há na vitrola duas chaves. Uma de escolha de rotação (33, 45 e 78 rpm) e outra para a função automática de desligamento da rotação do prato após o fim do lado do LP – Auto Stop. Sobre a primeira, um conselho bastante importante: a agulha compatível com essa vitrola não é indicada para uso em discos de 78 rotações (aqueles bem antigões, facilmente quebráveis e mais pesados). Esse tipo de bolacha precisa de um equipamento e tipo de agulha apropriado, que não é uma Harmony ou semelhante.

TRAÇÃO DA AGULHA

Outro detalhe bastante importante a ser levado em conta sobre o toca discos da Harmony é a força de tração da agulha (tracking force). Existe um peso ideal para a força que cada agulha exerce sobre um disco. O certo é não ultrapassar o peso de 3,5 gramas. Segundo informações pesquisadas em vídeos de especialistas no YouTube, vitrolas como a Harmony e suas semelhantes (maletinhas e outros modelos de marcas como Raveo e Crosley) aplicam um peso acima do desejado.

Isso significa que essas agulhas tendem a reduzir a vida útil de um disco. Utilizei a minha Harmony por mais de dois anos e meio e não notei nenhuma perda considerável na qualidade dos meus LPs. Porém, trata-se de uma experiência pessoal e o risco realmente existe. Uma dica interessante é não ouvir o mesmo disco seguidas vezes na vitrola e não utilizá-los sujos. Sempre que comprar um disco usado lave-o antes de escutar.

CD/USB/CARTÃO

Após alguns meses de uso, o CD player da minha travou e precisei acionar a garantia. Entrei em contato com a representante da marca (Link do Brasil) e, em um breve período de tempo, eles me entregaram um código para envio do produto e resolveram o problema, devolvendo a vitrola consertada.

A reprodução de CDs é satisfatória. A Harmony também funciona com discos de MP3, aqueles que amávamos em 2005 por poder botar infinitas músicas (com baixíssima qualidade) em uma mesma mídia. O botão “Mode” programa a execução do álbum, repetindo uma faixa ou tocando tudo em loop. No controle remoto há também o botão “Prog” que permite, antes de começar o disco, escolher a ordem das faixas.

As funções USB e cartão (formatos SD/MMC) são outro quebra galho para ouvir MP3. Ambas possuem a essencial função de trocar de pasta e também o “Record”, possibilitando passar as músicas do CD/LP para MP3, ou copiar os áudios do pen drive para o cartão e vice-versa.

RÁDIO FM

O rádio pode ser ouvido em modo estéreo ou mono, que é escolhido em um botão de duas posições. Você seleciona as estações de forma totalmente manual. Ele não possibilita armazenar as estações ou uma busca automática por estações. A antena é daquelas em forma de fio e não é possível gravar do rádio para o digital.

ALTO-FALANTES

Pela potência dos falantes (10w) e pelo tamanho do aparelho fica claro que não dá para fazer uma festa com ele. É um equipamento de uso doméstico (quase portátil) e os 10 watts, que até tem um volume interessante, não entregam uma definição de áudio com excelência.

Porém, a Harmony não se caracteriza como um aparelho de alta fidelidade. Não tende-se a esperar que ela reproduza uma qualidade de som como se a banda estivesse tocando no seu quarto.

É interessante levantar que esse problema não é incorrigível. A Harmony possui duas saídas. Na traseira, encontramos a pessimamente engenhada RCA. Quando você liga a vitrola por essa saída a outro aparelho, apenas um dos canais vai para o segundo sistema – ela continua a reproduzir a música em seus falantes!

SAÍDA DE FONE

Alguém explica o sentido nisso? Eu nunca entendi! Apesar dessa ideia muito mal executada, a vitrola ainda tem uma saída de fone. Através dela você também pode conectá-la a outro aparelho (um receiver, amplificador, mixer, home theater, mini ou micro system) que possua caixas de som melhores.

Eu costumava ligar a minha no meu amplificador de contrabaixo, que possui inclusive opções de equalização (controles de grave, agudo e médio). O som melhora consideravelmente, recomendo bastante caso você tenha outro equipamento em casa.

Adiciono aqui mais uma dica: como a construção da Harmony é feita em sua maior parte por plástico, não a coloque na mesma superfície (ou em cima) das caixas de som. A vibração pode alterar o som captado pela agulha, além de correr o risco dela pular e acabar arranhando o disco.

CTX Harmony

Detalhe da parte traseira: como o disco fica vasado, não é possível encostar o
aparelho na parede (Foto: Reprodução)

OUTRAS FUNÇÕES E CONSIDERAÇÕES

A vitrola possui, além da já citada saída de fone (padrão 3,5 mm), um botão “Bass Boost”, para melhorar os graves, que dá uma leve diferença, visto que não há outra opção de equalização. Junto da vitrola vem um controle remoto, que além de aparência frágil, tem um design que não se assemelha com o da vitrola, parecendo não fazer parte do kit. Mas quem gosta da experiência retrô nem vai botar a mão no controle remoto, não é?

Outro ponto negativo da Harmony é o fato de a tampa do toca discos dela ter uma abertura na parte traseira (o que também não faz o mínimo sentido, se você parar para pensar). Além de te impedir de encostar o aparelho em uma parede ou fundo de um móvel, ela facilita o acúmulo de poeira sobre o LP – uma escova antiestática fará toda a diferença!

Controle CTX Harmony

Apesar de ter alguma utilidade, o controle tem um design muito aquém do aparelho (Foto: Reprodução)

E AÍ, VALE A PENA?

Ao longo desse texto busquei apresentar as principais características da Harmony e, ao mesmo tempo, falar sobre minha experiência com o aparelho.

No final do ano passado, consegui um aparelho de som de maior qualidade por um preço muito barato. Por motivos de espaço e também para que outras pessoas pudessem ouvir música em vinil, resolvi vender a CTX e o fiz por um preço bem acessível e abaixo do cobrado pelas lojas.

Depois da venda da Harmony, entrei em uma longa e cansativa – mas, não vou mentir, bem prazerosa – jornada no mundo dos sons vintage modulares (aqueles sistemas em que picape, amplificador e caixas são montados em peças separadas). Não é tão simples encontrar equipamentos antigos em bom estado quanto comprar um novo e exige pesquisa, dedicação e tempo aprender a configurar um equipamento de qualidade – o que também faço com o maior prazer e compartilho lá no Disconversa.

DICAS PARA COMPRAR

Afirmo que vale a pena comprar uma CTX Harmony caso você não esteja procurando um equipamento de alta fidelidade e o aparelho estiver por um valor próximo de R$600 – acima deste valor (algumas lojas cobram além de R$1000 e garanto que não vale o investimento, pelo motivo de que há outras opções melhores para investir esse valor).

É um equipamento legal para quem não trata com muita seriedade o hábito de ouvir LPs – gosta da cultura do vinil, tem discos “herdados” em casa ou está começando a comprar, vai ouvir só de vez em quando e ainda não tem disponibilidade de investir (pesquisa e dinheiro) em um equipamento usado ou caro.

AVALIE BEM ANTES DE COMPRAR

Caso encontre uma oferta desse equipamento usado, avalie minuciosamente a Harmony antes de adquiri-la (regra básica para a compra de qualquer usado!). Teste as funções de CD, vinil, USB, rádio, chaves, botões, etc. Considere também se o valor está próximo de um novo.

Fato positivo sobre a CTX é a facilidade de manutenção com uma autorizada, já que a marca possui uma representante no país – a já citada Link do Brasil. Agulhas de reposição também são facilmente encontradas, na faixa de R$50. Opte sempre pelas opções de diamante.

Ressalto ainda a importância de ter um outro sistema de caixas de som para aproveitar os discos com melhor qualidade. Além disso, lembrar que o peso exercido sobre a agulha é acima do ideal e que as peças da Harmony são frágeis, então, caso compre a sua, seja extremamente cuidadoso com ela e com seus discos!

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CTX HARMONY: UMA BOA OPÇÃO PARA QUEM QUER UMA NOVA VITROLA

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3 Responses

  1. Wilson

    Boa tarde, comprei uma há cerca de dois anos e, sinceramente, foi o pior investimento que eu fiz. As saídas auxiliares funcionam com o mesmo volume dos alto falantes frontais, que funcionam simultaneamente com a saída. A qualidade do áudio não melhora nem mesmo se você ligar uma caixa amplificada com subwoofer! A impressão que eu tenho é a de estar ouvindo um rádio à pilhas. Pra quem estiver pensando em comprar eu deixo um aviso, não espere ouvir os tons graves das músicas. Sem dúvidas, estou arrependido até o último fio de cabelo!

  2. José Luiz

    Que bom que pessoas que têm conhecimento ajuda outras pessoas, parabéns. Na faixa de 1000 reais, novo ou usado , qual vitrola retrô vc recomenda ? Obrigado.

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