O filme A Primeira Noite de um Homem, de 1967, tem alguns elementos icônicos, como a trilha sonora de Simon e Garfunkel, com músicas como The Sound of Silence e Mrs. Robinson, além de uma cena na qual a sra. Robinson (Anne Bancroft), sentada à beira de sua cama, tira suas meias de nylon tentando seduzir o jovem Benjamin Braddock (Dustin Hoffman).
Mas o tema deste artigo não é o cinema, mas sim o nylon, um produto da tecnologia dos anos 1930 e que acabou gerando produtos como as meias usadas pela sra. Robinson, que chegaram ao mercado em maio de 1940.
A história do Nylon na moda e na guerra
O nylon é produto das pesquisas do químico Wallace Hume Carothers que trabalhava para a DuPont. Em 1935, quando a empresa se convenceu de que o nylon teria aplicações comerciais, passou a buscar um nome com o qual comercializá-lo; 400 alternativas foram consideradas, chegando-se enfim a nylon.
Em 1939, a título de teste, a DuPont disponibilizou um lote de 4 mil pares de meias femininas feitas com o produto, e em 15 de maio de 1940 começaram as vendas nos Estados Unidos: foram vendidos quatro milhões de pares nos primeiros quatro dias, um sucesso estrondoso.
Mas logo em seguida começou a guerra, e a fabricação de meias foi paralisada: toda a produção de nylon começou a ser utilizada para produção de material militar, como paraquedas, tendas e cordas. As poucas meias que restaram, podiam ser compradas no mercado negro, a preços ao redor de 1,5 mil reais de hoje.
Terminada a guerra, a volta ainda mais estrondosa: em 1945, apenas em Nova York, foram vendidos 50 mil pares em seis horas. Enormes filas e tumultos ocorreram nas portas das lojas, com mulheres disputando lugares a tapas e unhadas.
Nos anos 1950 e 1960, o consumo de meias de nylon seguiu crescendo, tendo a evolução tecnológica permitido o lançamento de meias mais finas, sem costura e das meias calça. Mais adiante, o nylon e seus derivados permitiram o surgimento de novas fibras, como a lycra e novos produtos, como os collants, que são essenciais no atual mundo da moda.
Texto escrito por Vivaldo José Breternitz , Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.