Nem só de palhaços, mágicos e pessoas felizes eram feitos os circos do passado. No início do século 20 existiu um espetáculo, em especial, um tanto quanto diferente e que acabou se tornando o maior do mundo; uma espécie de Cirque du Soleil cruel e bizarro. Imagine que, ao invés de palhaços, as grandes atrações eram “anomalias humanas”, ou seja, qualquer pessoa que tivesse alguma deformação, genética ou não – anões, gêmeas siamesas, albinos, tatuados, entre outros personagens, formavam o elenco deste circo.
O grande responsável por tudo isso foi o americano Phineas Barnum, conhecido por promover as mais famosas fraudes. Ele deixava bem claro que seu objetivo pessoal sempre foi “colocar dinheiro no cofre, seja la como for”. Ficou milionário quando fundou o circo The Barnum & Bailey, junto com James Bailey e L. James Hutchinson. Fizeram um espetáculo grandioso com acrobatas, elefantes africanos e o ápice: “Os monstros”. Essa modalidade de circo, então, ficou conhecido como Freak Show (em português, Circo de Horrores).
Geralmente, os tais “freaks” eram abandonados ao nascer por conta de suas condições físicas. Sendo assim, o circo e as apresentações eram sua única fonte de renda. Antes dos direitos humanos e das leis que proibíssem a exibição de pessoas com deficiência em shows, o espetáculo mostrava situações horrendas que essas pessoas eram obrigadas a passar para sobreviver.
Com o passar dos anos e com as mudanças culturais e da própria medicina, os freaks shows foram acabando. Os “monstros”, enfim, começaram a ser tratados como seres humanos e não como anomalias. As leis chegaram também dando um fim às exibições com fins lucrativos e trouxeram outras oportunidades de trabalho para os deficientes físicos. Só no Barnum & Bailey haviam mais de mil contratados no circo americano. Vamos citar 7 dos artistas que fizeram história nesses shows e que merecem todo nosso respeito.
Irmãs siamesas
As irmãs Daisy e Violet fizeram muito sucesso. Elas eram gêmeas pygopagus (gêmeos idênticos que se fundem pela pelvis ainda no útero) e foram adotadas com apenas dois meses pela patroa da mãe biológica, pois pensava que teriam uma vida melhor. Mas, a primeira coisa que ela fez foi enfiar as meninas em espetáculos de anomalias humanas e assim foi até o fim de suas vidas, lutando contra o preconceito e contra a ação de empresários que aproveitavam de sua inocência para roubá-las. As duas foram encontradas mortas em 1969.
.
.
Homem cachorro
Fiodor Jeftichew era russo e nasceu com uma doença rara chamada hipertricose, que causa excesso de pelos no rosto. No circo, ele era apresentado como uma espécie de cachorro humano e latia para assustar o público. Na vida real, ele era trilingue, falava russo, alemão e inglês. Morreu aos 35 anos de pneumonia.
.
Mulher barbada
Com apenas 9 meses de idade, Annie Jones Elliot já possuía uma proeminente barba, motivo suficiente para Phineas Barnum querer levá-la para seu Freak Show. E o sucesso foi estrondoso, ela era a anomalia mais bem paga da época. Chegou a ganhar 500 dólares por semana (mais que o Presidente dos Estados Unidos na época). Acabou contraindo tuberculose e faleceu aos 37 anos, sendo enterrada conforme seu último pedido: com sua imensa barba!
.
Garoto lagosta
Grady Franklin Stiles Jr. nasceu com ectrodactilia, uma deformidade que há a ausência de um ou mais dedos centrais das mãos e dos pés. O nome ectrodactilia significa “dedos monstruosos”. O pai dele foi um famoso performer dos freaks e acabou levando também o filho para o mesmo caminho, ficando conhecido como “garoto lagosta”. Casou-se duas vezes e teve quatro filhos. Ele era alcoólatra e violento com a família; em 1992 foi morto com três tiros na cabeça. A mandante do crime foi sua segunda esposa, já cansada de sofrer com a violência por parte dele.
.
Família Lucasie
Uma família de albinos era uma das atrações mais populares do circo. Para deixar o público mais impressionado, sempre tinha uma história sobre os freaks. Diziam que seus olhos eram quadrados e que, mesmo dormindo, eles permaneciam com os olhos abertos.
.
Mulher tatuada
Nora Hildebrandt nasceu em 1850 e foi a primeira mulher tatuada a se apresentar. As tatuagens não eram populares como hoje em dia; elas eram consideradas tão diferentes que as pessoas até pagavam para ver. O tatuador de Nora era ninguém menos que seu próprio pai. Ela tinha mais de 365 tattoos.
.
Homem coruja
Martin Laurello era o homem coruja e ele realmente conseguia girar sua cabeça em 180 graus. Ele mesmo dizia que foram três anos de treinamento para atingir tal feito. Em 1952, apareceu no programa de tv americano “You asked for it” (em português: “você pediu por isso”).
.
.
Veja o vídeo do programa: