Ícone por introduzir o órgão elétrico no rock da Jovem Guarda, Lafayette Coelho, morreu aos 78 anos neste dia 31 de março, vítima de pneumonia. Confira sua trajetória.
O início e ascensão na Jovem Guarda
Nascido no Rio de Janeiro em 1943, ele começou a ter aulas de piano aos cinco anos no Conservatório Nacional de Música. Apesar da formação erudita, ele passou a focar no rock’n roll no final dos anos 50 e passou a fazer parte da turma da Matoso, uma rua localizada na Tijuca que servia de point de encontro para os jovens que, mais tarde, se tornaram nomes importantes da música nacional dos anos 60 e 70, como Roberto, Erasmo Carlos, Wilson Simonal, Jorge Ben e Tim Maia.
Sua primeira banda foi a Blue Jeans Rock, formada em 1958 ao lado de alguns amigos e onde era pianista. Mais tarde, no começo dos anos 60, ele migrou para o conjunto de bossa nova Sambrasa. Alguns anos depois, mais precisamente em 1964, Lafayette viu sua carreira deslanchar ao ser chamado para tocar com Erasmo Carlos e introduzir o órgão em seus arranjos.
“Tinha um órgão no canto da sala [do estúdio], eu tirei a capa dele e comecei a tocar. O Erasmo ouviu e falou: ‘É isso, vamos botar isso aí no disco!’”, lembra Lafayette durante uma entrevista para O Globo em 2015. Mais tarde, ele foi apresentado para Roberto Carlos, com quem fez parceria entre 1965 e meados da década de 1970. “Eu tinha que achar algo diferente daquilo que o Ed Lincoln e Eumir Deodato faziam na época”, continua.
Além de Roberto e Erasmo, Lafayette também acompanhou outros nomes da Jovem Guarda, como Martinha, Wanderlea, Renato e seus Blue Caps, entre outros. Ainda, em paralelo, montou um grupo chamado Lafayette e seu Conjunto e lançou uma série de trinta LPs, “Lafayette apresenta os sucessos”, com versões instrumentais de músicas populares, todos eles bem sucedidos, inclusive fora do Brasil.
Decadência e sucesso resgatado pelos Tremendões
Seu sucesso começou a decair em 1989, quando deixou de gravar suas músicas e passou a fazer apresentações em restaurantes e shopping centers, até que, em 2004, Gabriel Thomaz e Érika Martins, ambos da banda Autoramas, o chamaram para liderar a banda Os Tremendões, que faz uma releitura dos clássicos hits da Jovem Guarda.
Com os Tremendões, ele viu seu sucesso ser resgatado e fazer aparições em programas de TV, como o Altas Horas da Rede Globo, e no filme para o cinema de A Grande Família. Seus problemas de saúde começaram em 2017 quando ele contraiu uma insuficiência renal e, para custear o tratamento, seus amigos, entre eles Erasmo Carlos, promoveram um show para arrecadar fundos.
Depoimentos de amigos
No Instagram, Erasmo e Melvin, baixista de Os Tremendões, lamentaram a morte do músico. “Meu amigo Lafayette e eu…Uma impiedosa pneumonia nessa madrugada levou seu som para tocar no céu…saudades do seu pioneirismo no bê a bá do rock brasileiro com seu órgão genial”, publica Erasmo.
“Perdemos hoje o gênio Lafayette, que tive a sorte de acompanhar nos palcos nos últimos desessete anos. Muitas, muitas emoções! Obrigado por tudo, Mestre! Muitas e muitas homenagens por vir. Lafa merece!”, desabafa Melvin.