Durante praticamente todo o mês de agosto a professora Branca Alves de Lima, que criou a nostálgica cartilha de alfabetização Caminho Suave, ganha uma exposição que reúne todo o seu legado no Teatro Municipal de Mauá. Sua organização ficou por conta do professor Alex Trajano, especialista na educação de jovens e adultos, e pela educadora popular Mírian Warttusch, vice-presidente da Academia Mauaense de Letras e Artes.
Vida e Obra da Professora Branca Alves de Lima (1910 – 2001): a mulher que alfabetizou milhões nos apresentará, entre os dias 2 e 28, fotos, documentos, bem como outros materiais que contam toda a trajetória e método de ensino da autora, que foi criado há mais de 70 anos. Além disso, a exposição ainda reunirá diversas edições da Caminho Suave, desde os primeiros até os mais recentes publicados pelo Grupo Editorial Edipro.
A importância de ter uma exposição sobre Branca Alves é porque ela criou um método revolucionário para a época, o Método de Alfabetização por Imagem. “Era um período em que não havia quase nenhum material pedagógico voltado à inserção nas primeiras letras”, explica Trajano. Warttusch completa: “É algo que deve ser estudado, analisado e pesquisado continuamente, por fazer do desenvolvimento educacional da história do país.”
Ainda, a exposição também contará com artistas plásticos locais como convidados, que produziram obras baseadas nas imagens de Branca. A exposição tem classificação indicativa livre e sua entrada será gratuita.
Branca Alves de Lima e sua cartilha Caminho Suave
Nascida no ano de 1910 em São Paulo, onde permaneceu por toda a sua vida, Branca Alves de Lima iniciou sua carreira de professora e educadora nos anos 30 no interior da cidade. A princípio ela ensinava por meio da alfabetização analítica, método este que estava em voga no momento. Porém ela percebia as dificuldades de seus alunos, maioria vindos da zona rural, e teve a ideia de facilitar o aprendizado por meio do lúdico.
Após quase duas décadas alfabetizando seus alunos a sua maneira e com êxito, ela finalmente decidiu espalhar seu método para outras escolas do Brasil criando a cartilha Caminho Suave, em 1948. Esta cartilha não só se tornou um fenômeno na área da educação, a ponto do Ministério da Educação adotá-la até o ano de 1995, como também se tornou um dos motivos da nostalgia escolar de muitos que passaram pela geração Baby Boom, X e uma parcela da Y.
Com 40 milhões de exemplares vendidos em toda a sua história, a cartilha segue o método no qual Branca denominava como Método por Imagem. Este apresentava as letras inseridas no meio de ilustrações de animais, frutas ou outros objetos. A letra “A” era desenhada no corpo de uma abelha, a “V” eram os chifres de uma vaca e assim por diante. Ainda, a cartilha ensinava por etapas – a primeira apresentava as vogais, depois mostrava os encontros vocálicos, depois as consoantes e concluindo na formação de sílabas.
Seu sucesso se deu pela mistura do antigo método analítico com o sintético, o que facilitou o aprendizado de muitos. Hoje, mesmo sendo um método ultrapassado devido à tecnologia avançada e o método construtivista aplicado nas escolas, a Caminho Suave ainda é produzida e comercializada. Atualmente é vendido cerca de 10 mil exemplares por ano, que ainda são aplicados em algumas escolas aliados a métodos de ensino mais modernos.
Serviço
Vida e Obra da Professora Branca Alves de Lima
Data: 2 a 28 de agosto de 2022
Local: Teatro Municipal de Mauá – Rua Gabriel Marques, 353, Centro, Mauá/SP
Entrada gratuita