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Persuasão: Netflix deixou o tema principal de lado para focar no romantismo da trama

1 de agosto de 2022, por Leila Benedetti
Cinema & TV
Persuasão

Em meados de julho, a Netflix lançou uma adaptação cinematográfica da obra de Jane Austen, Persuasão. Como já foi publicado aqui no UR, este filme conta a história da jovem Anne Elliot (Dakota Johnson). A moça é persuadida por uma amiga da família, Lady Russell (Nikki Amuka-Bird), a romper seu feliz noivado com Frederick Wentworth (Cosmo Jarvis) por conta de diferenças nas classes sociais.

Ela era membro de uma família nobre, enquanto ele era um simples oficial da Marinha. Oito anos depois, ainda solteira e amargurada com o término, ela vê sua família falida e obrigada a colocar a casa onde moram para aluguel. Por uma grande coincidência, quem aluga o tal imóvel é o cunhado de Frederick, agora rico e com o título de Capitão. 

Anne e Frederick
(Dakota Johnson e Cosmo Jarvis como Anne e Frederick na adaptação da Netflix. | Foto: Divulgação/Netflix)

O livro de Jane Austen, assim como todas as obras da autora britânica, é um romance. Mas recheado de críticas sociais nas entrelinhas e protagonizado por uma figura feminina empoderada e de personalidade forte. Entretanto, a versão da Netflix não mostra tudo isso e transforma o enredo original em um filme romântico clichê, desses estrelados por Julia Roberts (nada contra!), focando mais nas dores amorosas de Anne do que na crítica ao elitismo apresentado na história original. 

Outro ponto é a representatividade. Sabemos muito bem que a Netflix preza bastante por este assunto e sempre busca incluir todos, todas e todes em seus títulos. As obras de Jane Austen também, porém tinha como foco principal o empoderamento feminino. 

Mas, desta vez, a plataforma deu um passo em falso e anulou este tópico, apenas escalando atores negros e multirraciais para papéis coadjuvantes. Isso pode ser percebido pela diferença entre a Anne da versão literária e da versão filme. Enquanto a primeira é sensata e carrega opiniões fortes sobre algumas pessoas, a segunda é debochada, beberrona e perde o bom-senso em alguns momentos. Além disso, há a ausência da Sra. Smith, que, no livro, era uma amiga pobre e doente da personagem principal e a chave para abordar o feminismo e o abismo social entre as classes econômicas do século XIX.

Anne e Lady Russell
(Nikki Amuka-Bird como Lady Russell em Persuasão. | Foto: Divulgação/Netflix.)

Por outro lado, apesar da adaptação da Netflix pecar no foco real de Persuasão, este filme é uma boa escolha para aqueles que não são fãs assíduos de Jane Austen por ser leve, divertido e despretensioso. Também haverá aqueles que se identificarão muito com Anne, seja pela sua angústia amorosa, sua forma de pensar ou sua convivência com a família. Ainda, o filme também é um prato cheio para os entusiastas das produções de época, principalmente as ambientadas em séculos antes do XX, por conta de sua impecável direção de arte.

Já assistiu essa versão cinematográfica da famosa obra de Jane Austen? Se sim, agora é sua vez de dar sua opinião nos comentários, manda ver!

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