Home > Design > Luminárias orientais, um dos itens queridinhos do design Mid Century

Luminárias orientais, um dos itens queridinhos do design Mid Century

1 de março de 2023, por Leila Benedetti
Design
Luminárias Orientais

Versáteis, acessíveis e atemporais, as luminárias orientais são encontradas em diversas cores, formatos e tamanhos, assim como em várias lojas, seja de decoração ou de artigos asiáticos, pelo mundo todo, inclusive no Brasil. Além disso, é possível criar uma dessas em casa gastando bem pouco e seguindo os vastos tutoriais espalhados pela internet.  

Além dos ambientes temáticos orientais, que, por tradição, sempre usaram e abusaram dessas luminárias, hoje estas são muito vistas em decorações de festas contemporâneas e não-temáticas, principalmente as feitas ao ar livre. Mas não pode esquecer jamais que elas têm um papel (olha o trocadilho!) importante no design Mid-Century, que também volta com tudo na decoração contemporânea.  

Claro que, por ser algo tão “cinquentinha” e “sessentinha”, esse item é bem adorado pelo Universo Retrô, assim como pelos seus leitores e leitoras. Então, segue a história das luminárias orientais e algumas dicas para usá-las e dar aquele toque retrô na casa. 

Mid Century
(As luminárias orientais também são itens de destaque no design Mid Century. | Foto: Divulgação/Design Within Reach)

História das luminárias orientais

A origem e suas versões

Sua origem tem várias versões e remontam tempos bem antigos, mas todas são ambientadas na China. A mais convincente se passa na Dinastia Han, entre 206 a.c. e 220 d.c., quando os monges budistas honravam Buda acendendo lanternas no dia 15 do calendário lunar. Essa tradição se espalhou pela China e evoluiu ao longo dos séculos, se tornando um festival. 

A evidência mais antiga encontrada deste evento, chamado de Festival de Yuanxiao, é datada de entre 618 e 907 d.c., período da Dinastia Tang, onde as pessoas criavam as lanternas para representar a paz e o poder no país. Um tempo depois, entre os anos de 1368 e 1644 d.c., período da Dinastia Ming, o Imperador Zhu Yuanzhang decidiu dar mais charme ao Festival introduzindo lanternas flutuantes para serem colocadas no rio Qinhuai.

Festival de Lanternas
(A tradição de acender lanternas para Buda no dia 15 do calendário lunar se tornou um festival típico da China. | Foto: Toa55/Shutterstock)

Já as demais versões são mais mitológicas e carregam lendas por trás do Festival e de suas lanternas. A mais popular é protagonizada por You Di, o Imperador de Jade, que acusou uma vila de matar o seu pássaro de estimação e resolveu se vingar da população ateando fogo em toda a região. No entanto, um espírito apareceu e alertou aos moradores para acenderem lanternas redondas feitas em papel vermelho para dar a impressão de que a vila já estava tomada pelo fogo, fazendo o Imperador desistir da vingança. Como gratidão aos espíritos, os habitantes passaram a decorar suas casas com lanternas todos os anos.

Com o passar dos anos, a cultura das luminárias de papel se espalhou pelos demais países orientais, como Japão, Coreia, Taiwan e Tailândia. Suas características também foram ganhando variações – enquanto a China mantém a sua tradicional cor vermelha, o Japão já deu tons mais delicados, assim como estampas que ilustram a arte do Ikebana. 

Lanterna Japonesa
(As lanternas chinesas espalharam para os demais países orientais e o Japão passou a criar as suas com tons mais suaves, algumas com estampas delicadas como as que ilustram a arte do Ikebana. | Foto: Reprodução)

No Ocidente e na estética Mid Century

As luminárias orientais como item de decoração Mid-Century vieram de uma junção entre as tradições asiáticas e o ode pelas formas geométricas vindas do modernismo. O responsável por tudo isso foi o designer nipo-americano Isamu Noguchi, que era consagrado durante a era modernista com suas esculturas e peças de design de interiores que misturavam a estética do movimento com as tradições japonesas e contava com uma matéria prima até então inovadora. 

Em 1951, Noguchi criou uma coleção de luminárias residenciais chamada Akari, que significa “luz”, “sol” ou “lua” em japonês. Seus itens variavam entre lâmpadas de teto, de mesa e de chão, mas todos tinham o formato de lanternas redondas feitas com papel de seda branco sem nenhuma estampa ou gravura. Essa obra minimalista, que aliás era bastante acessível para o público, fez tanto sucesso que, logo depois, o designer criou mais itens para a coleção, desta vez com formatos diferentes, que iam além do tradicional redondo. A coleção original é produzida até hoje, sendo atualmente fabricada e vendida pela Vitra.

Assim como qualquer produto inovador que vira tendência, a coleção virou alvo de inspiração para outros designers, tornando a Akari uma categoria de luminárias, tal qual os candelabros de cristal, os spots e os plafons. Desde os anos 50 para cá, o público não vê apenas as lâmpadas de papel de Noguchi no mercado, mas as de outros designers também, porém com a mesma boa qualidade e a mesma promessa de tornar o lar mais charmoso. 

Isamu Noguchi
(O designer Isamu Noguchi e sua lâmpada Akari no seu estúdio em Long Island nos anos 60. | Foto: Dan Budnik/ARS)

Como usar no seu ambiente “sessentinha”

Como foi escrito no topo desta matéria, a estética Mid-Century está voltando com tudo no design de interiores contemporâneo e, claro, as luminárias orientais, sobretudo essas de Noguchi, estão ganhando cada vez mais espaço. Não é conveniente citar que elas estão voltando, pois elas nunca saíram do mercado. 

Para começar, há locais certos para instalar a luminária. Por ser feita de papel, obviamente cômodos “molhados”, como a cozinha e o banheiro, não são indicados por conta da umidade. Além disso, ela não tem capacidade para aguentar lâmpadas muito fortes, impedindo assim seu uso para leitura ou em uma área de trabalho, por exemplo. A principal função dessas luminárias é decorativa e é ideal para enfeitar os cômodos da área social e o quarto.

Seus vários formatos, tamanhos e tipos contribuem e muito com nossa criatividade na hora de instalá-las no ambiente. São muitas ideias que podem confundir a cabeça de qualquer um na hora de decorar o cômodo, então segue algumas dicas. 

Coleção Akari
(A coleção de Noguchi é composta por lâmpadas de papel dos mais variados tipos e formatos. | Foto: Reprodução/Vice)

De teto

As de teto são todas pendentes e variam no comprimento de seu cabo. Seja a tradicional redonda, oval ou a de formato cilíndrico, o cômodo e a forma de instalação depende muito desse fator. Luminárias compridas são ideais sob a mesa no centro da sala de jantar ou então no canto da sala ou quarto, substituindo o abajur, enquanto que as mais curtas são ótimas para o centro do teto do hall de entrada, sala de estar ou quarto. Também há aquelas compridas, mas com bulbos menores, podendo dar um toque mais personalizado ao instalar três juntas de formatos diferentes em um mesmo canto. 

Luminária de teto
(As luminárias de teto vem em comprimentos variados, independente de seu formato. | Foto: David Heitur)

De chão

As luminárias de chão vão mais além das redondas e cilíndricas, estas também vem em formato de cubo e em um inusitado formato de chifre. Mas, assim como qualquer luminária de chão, elas são ideais para o canto das salas de jantar e estar. Essas luminárias variam em seus pedestais, que podem ser as tradicionais, as com três pés palitos e as curvadas com o bulbo pendente. 

Lâmpada de chão
(Algumas lâmpadas de chão possuem pés palito. | Foto: Reprodução/Akirastudioart)

De mesa

Indicadas para sala de estar, mas muito mais para quartos, as luminárias de mesa vêm, em sua maioria, no formato oval. Todas estas possuem três ou quatro pezinhos do tipo palito, o que dá um ar futurista para o ambiente. Além disso, podem variar de formato, como em forma de cubo, cilíndrico ou então em um formato parecido com o de um boneco de neve. 

Lâmpada de Mesa
(As luminárias de mesa são as que mais variam em formato. | Foto: Kevin Noble/The Noguchi Museum Archives)

Do minimalismo para o moderno em apenas uma cor de parede

As luminárias orientais no estilo Noguchi, que são oficialmente consideradas como minimalistas, conseguem se harmonizar com ambientes também minimalistas, incrivelmente sem deixar tudo branco demais. Ainda, essas luminárias conseguem sair do minimalismo e se tornar algo moderno quando são instaladas em ambientes com cores fortes ou revestidos em madeira. 

Se seu ambiente é retrô, com a cara do Mid-Century dos anos 50 e 60, essas luminárias vão se dar muito bem com tons médios para escuros de madeira, papéis de parede com padrões abstratos/geométricos e cores fortes como laranja, verde, amarelo, vermelho, entre outros. E por fim, mas não menos importante, os móveis. As luminárias também são versáteis quanto ao estilo da mobília, mas a combinação é melhor quando os sofás, estantes e cômodas possuem pés palito. 

Ambientes minimalista e retrô
(Quando instalada em ambiente minimalista ela se torna minimalista, já quando ela é instalada em um ambiente retrô ela se torna retrô. | Foto: Reprodução)

Mais alguma ideia de decoração com essas luminárias? Comente.    

Matérias Relacionadas
Bebel Mod
Bebel Mod??: 6 vezes em que a personagem da Grande Família mostrou ter um pézinho na subcultura
Milão Fashion Week Verão 2025
Milão Fashion Week: 4 tendências retrô que prometem para o Verão 2025
Half - Aline Love & Club Band
Half: Aline Love & Club Band lança primeiro single em inglês e cheio de atitude
Peggy Moffitt
Peggy Moffitt, a ícone 60’s que popularizou o monoquini e a moda geométrica

Deixe um comentário