O Mid-Century foi muito mais além do design e levou para os americanos uma tecnologia diferenciada, enquanto nós brasileiros só tivemos algumas dessas “modernidades” algum tempo depois. Isso é até justificável por conta da história de cada país – nos anos 60, os EUA estavam economicamente vivendo seus dias de glória, ao contrário do Brasil, que era governado por uma ditadura que brecava a evolução do país, tanto na economia, quanto na cultura.
As coisas listadas abaixo não tem a tecnologia altamente avançada de hoje, mas deixa todo adepto brasileiro da cultura retrô, especialmente os dos anos 60, indignados ao ver algum anúncio de revista americana antiga. Confira:
Coisas dos anos 60 que só os americanos tinham
1 – Interfone para comunicação interna pela casa
Enquanto a dona de casa brasileira ía até a porta da cozinha e gritava até para o vizinho do fim da rua escutar que o almoço estava pronto, as “housewives” americanas, principalmente as de Palm Springs, anunciavam a hora da refeição por meio de um interfone instalado entre os eletrodomésticos.
Sendo facilmente confundido com um forno microondas ou um ar condicionado hoje em dia, o sistema popular da NuTone consistia em um ponto de comunicação para cada cômodo da casa, sendo o principal, com um painel de controle mais completo, instalado na cozinha. Além disso, alguns modelos vinham equipados com rádio, proporcionando um som ambiente ou as notícias do dia para a casa inteira.
Aqui no Brasil, os interfones domésticos vieram na mesma década e se popularizaram com o tempo, mas apenas como uma forma segura de atender a porta. O risco de ser assaltado no portão de casa ou de ter a casa invadida diminuiu, mas a gritaria para anunciar que o almoço está pronto ainda rola solta.
2 – Sistema de som da sala saindo de dentro da parede
Ainda continuando com a vibe high-tech da NuTone, a marca também lançou uma coleção de equipamentos de som que dispensa o uso de hacks. Havia uma variedade de itens – um amplificador que também funcionava como ponto de interfone, aparelho de rádio AM/FM, caixas de som de modelos variados para escolher, vitrola e gravador/reprodutor de fitas de rolo.
Divididos em módulos, que eram vendidos separadamente e ofereciam várias formas de instalação, esses eletrônicos, inclusive as caixas de som, eram fixados na parede como se fossem quadros. Já o gravador de rolo e a vitrola, quando desligados, ficavam “guardados” na parede, deixando visível apenas umas portinhas parecidas com a de um quadro de luz. Era uma ideia genial para salas pequenas ou para quem buscava mais espaço e menos informação visual na casa.
Já nas nossas terras tupiniquins sempre tivemos o bom e velho hack, e a ideia dos eletrônicos embutidos na parede só veio depois da chegada da era digital.
3 – Aquele eletrodoméstico “tudão em 1”, só que embutido na bancada
Enquanto a Polishop se gaba dizendo ser a pioneira dos eletrodomésticos multifuncionais atualmente, a NuTone (olha ela aí de novo!) chegou primeiro nesta corrida e ainda transformando a própria bancada da cozinha em um eletrodoméstico, contribuindo também com ambientes de pouco espaço.
Batizado de NuTone Built-in Food Center, o item que mais parecia um cooktop de duas bocas funcionava como liquidificador, batedeira, fatiador e espremedor de laranja. A marca, assim como as suas concorrentes, ainda fabricam o eletrodoméstico com aparência e recursos mais modernos, mas o modelo mais encontrado no Google é esse dos anos 60, que era bem inovador para a época.
No Brasil daquela época, o máximo que tínhamos de eletrodoméstico era uma batedeira e um liquidificador separados e guardados em nossos armários. A ideia de um eletrodoméstico multifuncional só veio depois da virada do milênio com a Polishop.
4 – Vitrola com “karaokê”
Não é algo extraordinário para os dias de hoje, mas a vitrola Admiral Sing Along foi considerada inovadora entre os americanos dos anos 60. Precursora das máquinas de karaokê, que só foram inventadas em 1971 no Japão, a vitrola era um aparelho comum, valvulado e com sistema automático, mas com a diferença de ter uma entrada para microfone.
A Admiral não chegou a lançar esse modelo aqui no Brasil, aliás, ele é um tanto raro até no exterior. Mas a partir dos anos 70, já depois da chegada do karaokê, nossos aparelhos de som passaram a ter entrada para microfone e equalizador para transformar a música em playback.
5 – Essa forma um tanto preguiçosa de fazer abdominal
Parece coisa de comédia americana dos anos 50 e 60, mas esses aparelhos de “ginástica” em que a pessoa (normalmente moça) ficava em pé amarrada por um cinto vibratório realmente existiram. Tanto nas casas comuns quanto nas academias, da mesma forma que as esteiras e bicicletas ergométricas hoje.
Essas máquinas tinham como proposta substituir as exaustivas e dolorosas abdominais, a pessoa só tinha que ficar parada com o cinto vibratório na cintura e a máquina que fazia todo o resto. Também era possível colocar o cinto nos glúteos para queimar as gorduras daquela região. O equipamento ficou fora de moda nos anos 80, quando descobriram que a vibração não queimava gordura nenhuma.
Entre os anos 90 e 2000, a Polishop tentou resgatar esse conceito de fazer ginástica lançando cintos vibratórios portáteis, mas já estava comprovado que não daria resultado nenhum e se tornou uma piada.
Que bacana as informações deste post, pura verdade que tivemos no Brasil acesso a muitas modernidades bem depois de sua venda comercial, porém felizmente algumas são atemporais e usaremos por muito tempo e ainda podem ter o visual retrô, ex. Microondas, liquidificador, torradeira… Parabéns pela matéria!!! Adoro o “atomic era” na decoração também….
Que bom que gostou da matéria, e, sim, tem coisas lançadas aí que são atemporais, sendo algumas com visual retrô, o lado positivo está aí. O design do atomic era é tudo, amamos também (visto que a arte do UR segue esse estilo haha)