Com 15 anos de estrada, a banda paulistana Red Lights Gang lança seu 4º disco nesta sexta-feira (22), intitulado “God Said Yes, But Satan Said No”, marcando uma nova fase entre os integrantes, agora se apresentando como um quarteto, com Vine Ferreira assumindo a guitarra, após a saída de Toro, guitarrista original da banda.
Outra mudança foi a saída do baterista Adriano Stocchi, membro da banda desde 2018, responsável pela bateria do álbum de versões “Give ‘em Enough Influences” (e também pela arte de capa) e do novo disco; para seu lugar entra Pedro Akimoto, tambem vocal e violão da banda de rockabilly Pedrito & The Rockin’ Hunters.
God Said Yes, But Satan Said No
O disco é sonoramente diferente de tudo que a RLG já lançou, com melodias mais agressivas, influências de outros estilos, e com um destaque para o trabalho de vozes entre Vine e o vocalista Américo. Uma amostra do que está por vir já foi lançada nos 3 singles da banda “Reckon’s Calling”, “Wishing Well” e “Nothing But a Fiend”, já disponíveis no Spotify, Deezer e Youtube Music.
A mixagem e masterização foi feita pelo americano Mark Bengston de NY, que já trabalhou com bandas como Chvrches, All Poets and Heroes, The Muckers, John Meyer, Angelique Kidjo, Kaiser Chiefs, Calle 13. Dado curioso: Mark Bengston conheceu a banda através de Rocko Dorsey, jornalista que escreve para o blog da Gretsch Guitars, após Rocko ouvir a versão dos Dead Kennedys “Hop With The Jet Set” gravada pela RLG no álbum “Give ‘em Enough Influences”.
Outros formatos
Para os colecionadores de vinil boas novas também! O álbum será lançado em formato físico LP 12’’ pela Neves Records, ainda sem data de lançamento. E prepare-se, amanhã (23), estará disponível o videoclipe de “For All The Sinners”, gravado e editado por Thamires Ponciano.
Entrevista com Vini Ferreira
Para falar melhor do novo disco, o guitarrista e compositor Vine Ferreira fala mais sobre a sonoridade, mudança de formação e processo de composição da nova era da RGL. Confira:
Processo de Composição do Álbum
Vini Ferreira – “Falando sobre a composição desse disco, o processo foi bem diferente do que a Red Lights estava acostumada a fazer, como ele foi construído durante a pandemia, sem a possibilidade de nos reunirmos em estúdio para trabalhar nas músicas.
Na época eu comecei a gravar algumas ideias de melodias e estruturas e fui mandando pro Américo. Nisso ele foi lapidando as coisas, filtrando e montando melhor os ‘esqueletos’ das canções. Nesse ponto, a gente entendeu que tinha realmente a semente de um trabalho novo, que trazia coisas que a banda nunca tinha feito. Então eu fazia uma mix simples dessas gravações pelo celular, com a melodia de violão e os vocais e mandava no grupo da banda pra cada um contribuir com suas ideias também.
Acho que, apesar da pandemia, construir um disco desse jeito trouxe a oportunidade de amadurecer melhor as ideias e de trazer novidades pro som da banda e de cada um agregar novidades a essas ideias.”
A mensagem por trás de “God Said Yes, But Satan Said no”
Vini Ferreira – “Bom, eu sempre tive o hábito de compor, desde a infância. Gravar em casa, como hobbie ou como treino, me fez ter agilidade na hora de testar possibilidades para as músicas. No caso do novo disco, eu busquei trazer coisas diferentes, de influências fora das características da Red Lights Gang, tanto nas letras em que contribui, quanto nos sons. Essa referência mais pesada no som complementa bastante o tema deste nosso trabalho.
O disco fala sobre religião, sobre o bem e o mal e sobre onde esses caminhos se encontram e se misturam. Como se fosse a história do começo e o fim de tudo, recontados de uma forma mais crua e em um ponto de vista diferente, talvez não muito “divino” ou “profético”, mas humano, imperfeito ou até mundano.
É uma reflexão complexa de puro questionamento e afirmação e foi uma jornada muito legal contribuir com o tema e atmosfera desse trabalho.”
Adaptação das músicas de violão para uma só guitarra
Vini Ferreira – “O disco é diferente do resto do repertório da banda, mesmo ainda com o violão. Ao vivo, as coisas hoje soam ainda mais diferentes. Trabalhei muito na adaptação das frases, tentando mesclar o trabalho de violão com as linhas de guitarra. Eu também trago referências diferentes, outro jeito de tocar, e mesmo respeitando a característica e essência da banda, o som fica diferente. Talvez mais agressivo? Pesado? [risos]. Não sei dizer, mas realmente soa diferente e as músicas vão ficar diferentes de como foram gravadas no disco.”
Processo artístico da capa do álbum
Vini Ferreira – “A capa do disco talvez tenha sido mais trabalhosa do que desenvolver as ideias das músicas. Tive muita ajuda do Adriano e do Américo para finalizar essa arte e a visão e opinião deles foi fundamental pro resultado final. Em conceito, ela traduz o tema e a aura do disco: é densa, obscura, contrastante. E mais importante, ela mostra o quanto o bem e o mal são parecidos, se confundem e misturam, mesmo em lados opostos.
Foram várias versões feitas até chegar na versão final e o processo criativo foi muito interessante. Pra mim, ela traduz visualmente o que o álbum é.”
Nova era da RLG com Vini Ferreira
Vini Ferreira – “Essa é uma pergunta difícil de responder, mas em resumo, é um álbum pessoal pra mim. De longe é o álbum em que eu mais participei do processo como um todo. E eu coloquei nele algumas das coisas mais bonitas que eu já fiz na minha vida musical (pelo menos na minha opinião), daquelas de dar um nó na garganta na hora da gravação ou do ao vivo, e isso realmente já aconteceu.
Eu coloquei tudo de melhor que eu pude nesse disco, desde ideias até a execução. E não foi fácil trazer referências diferentes para a banda naquele momento, mesmo respeitando o que a banda é e foi. Só sei que eu não podia deixar a minha inspiração de lado. Criar é o ápice de um músico, e eu tive a sorte de fazer parte da banda já tendo essa noção.
Destaco que foi incrível dividir a criação das letras com o Américo, porque além de ser um método diferente do que a banda sempre fez, alcançamos um resultado mais bem trabalhado e diferente de tudo que já foi feito na banda. Pra mim, foi e é um aprendizado criativo e intelectual compor em conjunto com alguém que tem tanta sensibilidade para comunicar através de uma letra, de uma melodia vocal ou da abordagem a um conceito. Foi incrível dividir esse processo todo com quem realmente abraçou as ideias e novidades, e eu mal posso esperar pra todos ouvirem o disco novo!”