Em 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas libertavam, na Polônia, Auschwitz-Birkenau, o maior dos campos de extermínio criados pelos nazistas. Em 2005, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), reafirmando os princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, instituía essa data como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Além de ser uma homenagem às vítimas e sobreviventes dos campos de concentração, é uma oportunidade para promover a lembrança dos horrores perpetrados pela barbárie nazista de modo que esta não mais se repita. Isso significa, em grande parte, rejeitar qualquer tentativa de negar o Holocausto como um evento histórico, incentivar a preservação dos lugares onde esses horrores aconteceram, condenar toda manifestação de intolerância ou incitação de violência baseados em religião ou origem étnica.
É ainda uma oportunidade para tentar entender o Holocausto em si, mesmo que esta seja uma tarefa além da racionalidade humana, dada a proporção do que aconteceu. É o que vários títulos da Editora Unesp abordam direta ou indiretamente. Confira nossas dicas de livros sobre o assunto:
Depois de 1945: Latência como origem do presente
Autor: Ulrich Gumbrecht
Muito mais destrutiva do que a Primeira, a Segunda Guerra Mundial teria deixado cicatrizes menos profundas? Sem possiblidade de deixar para trás aquele passado trágico, as gerações nascidas posteriormente à guerra, em especial na Alemanha, teriam se confinado em um estado de latência, frustradas com as promessas não cumpridas de uma refundação do mundo.
Neste livro, Hans Ulrich Gumbrecht refuta a tese de reclusão que as manifestações culturais, principalmente a literatura, das duas décadas seguintes à guerra refletiram e estimularam, repelindo ainda a disseminada crença de que a humanidade nada aprendeu com o Holocausto e de que o mundo apenas repaginou o drama humano enquanto continuou legitimando flagelos, violência, opressão, massacres. Gumbrecht transita em sentido contrário, lançando conjecturas de longo alcance que evidenciam a pujança criativa e a originalidade dos caminhos no pós-guerra.
O Crime Ocidental
Autor: Viviane Forrester
A autora analisa o anti-semitismo deflagrado na II Guerra Mundial, esmiuçando seus agentes, motivos e desdobramentos, como o surgimento do sionismo e a criação do Estado de Israel, dando ênfase aos conflitos árabe-israelenses e ao colonialismo judeu na Palestina.
O tempo da história
Autor: Philippe Aries
O tempo da história Philippe Ariès (1914-1984) produziu os oito ensaios que compõem esta obra entre 1946 e 1951, sob o impacto da Segunda Guerra Mundial. No livro, ele reflete sobre a História a partir de experiências pessoais, autobiográficas, e analisa as diversas concepções da História então existentes – conservadoras, marxistas, científicas e existenciais.
Os anos de chumbo: Economia e política internacional no entreguerras
Autor: Frederico Mazzucchelli
Este livro reúne nove ensaios sobre a economia e a política internacional durante o período que se estende da hegemonia inglesa no século XIX até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. A Primeira Guerra Mundial, a emergência dos EUA como nação líder, a ressurreição e a falência do padrão-ouro, a emergência do comunismo no plano internacional, a incorporação das massas ao cenário político, os desencontros que se sucederam ao Tratado de Versailles.
Os percalços e contradições que conduziram à emergência do nazismo, as contínuas mudanças de rota da França no entreguerras, o triunfal regresso e o súbito abandono da Inglaterra aos cânones da ortodoxia, a prosperidade americana dos roaring twenties, a Grande Depressão, as políticas de recuperação de Roosevelt e Hitler e os caminhos que levaram à eclosão do segundo conflito mundial, são alguns dos temas tratados no livro.
Correspondência 1928-1940 Adorno – Benjamin
Autores: Theodor Adorno e Walter Benjamin
As cartas revelam a amizade, a parceria e a afinidade intelectual ímpar que Walter Benjamin e Theodor Adorno cultivaram por quase 20 anos. Único acadêmico que logrou manter um relacionamento verdadeiramente próximo e prolongado com Benjamin, Adorno, que era 11 anos mais jovem, chegou a exercer certa influência sobre sua obra. E foi fortemente influenciado por suas ideias.
A maior parte destas 121 cartas – e também as mais longas – foram escritas por Adorno. São comentários e críticas aos ensaios de Benjamin, dos quais ele foi, provavelmente, o leitor mais arguto. Assim, esta correspondência é de grande importância para a compreensão, em especial, do pensamento benjaminiano.