Quem ama a estética retrô e a arquitetura, naturalmente, tem uma grande curiosidade em saber a evolução dos apartamentos ao longo das décadas. É incrível notar como esses imóveis foram ficando cada vez menores dos anos 70 para cá e foram perdendo, ganhando ou modificando alguns elementos para se adaptar às necessidades de cada geração.
E isso vale para qualquer tipo de bairro e cidade, desde os mais simples até os mais nobres. No caso das regiões de classe média e baixa, a diminuição dos apartamentos foi para caber no bolso dos compradores, já nas de classes mais altas, foi por conta da grande procura por essas regiões, que sofrem com a escassez de terrenos. Tudo isso aliado ao fato das construtoras estarem aproveitando cada vez mais as áreas comuns do térreo do prédio para ampliar os espaços de lazer.
Um pouco de história
O prédio residencial, com mais de dois andares e abrigando mais de uma família, foi construído pela primeira vez no século 2 a.C. Mas adiantando tudo isso para muitos séculos depois, muitas cidades do mundo foram crescendo deliberadamente devido à Revolução Industrial e, por consequência, houve o processo de verticalização, que eram as inúmeras construções de prédios não apenas residenciais, como também comerciais e empresariais.
Aqui no Brasil, mais especificamente São Paulo e Rio de Janeiro, a Revolução Industrial foi um processo tardio, se comparado aos países da Europa. Enquanto lá fora as manufaturas estavam à todo vapor desde o século XVIII, o país só foi abrir as suas primeiras no século XIX e a crescer entre os anos 20 e 30.
Os primeiros prédios residenciais no país
Como a verticalização urbana só veio para o Brasil no final dos anos 20, os primeiros prédios residenciais do Brasil adotavam os designs art deco e modernista, e, assim como os empresariais, ficavam no centro das cidades e tinham seus térreos tomados por lojas. Estes variavam na quantidade de andares e tinham aqueles equipados com varanda e elevador.
Já entre os anos 50 e 60, quando São Paulo e Rio de Janeiro já eram taxadas como “cidade grande e perigosa”, surgiram os condomínios com portaria, que se tornaram febre entre a classe média e alta. Estes contavam com vários andares e eram munidos de, no mínimo, dois elevadores, portaria e garagem com uma ou duas vagas para cada família. As varandas perderam um pouco sua popularidade com a tendência dos janelões que iam do chão ao teto e os apartamentos tinham um aspecto mais de uma casa térrea, com cômodos bem amplos e a dependência de empregada como item essencial.
Anos 70 – o início da evolução
Nos anos 70, os cômodos dos apartamentos começaram a diminuir de tamanho, mas ainda eram bem amplos se comparados aos dos dias de hoje. As janelas também diminuíram e as varandas ainda eram raras. Ainda havia apartamentos com dois quartos, sendo uma suíte. Em alguns prédios, as áreas comuns passaram a ter algo voltado para o lazer, como quadras de esportes e parquinhos. Outra novidade para época, que era um símbolo de status e hoje soa bem inusitado – os banheiros desses apartamentos tinham bidê!
Anos 80
Os cômodos diminuíram ainda mais nos anos 80 e teve prédios que ganharam apartamentos com três quartos, sendo uma suíte. As varandas resgataram sua popularidade e, desta vez inseridas nos quartos em alguns casos. Ainda, houve melhorias nas áreas comuns dos prédios, como espaço para festas, piscina e salão de jogos.
Anos 90
Os apartamentos nos anos 90 reduziram radicalmente de tamanho e a dependência de empregada entrou em extinção, dando lugar aos cômodos home office, já que os computadores domésticos se tornaram populares. Apesar do tamanho reduzido dos cômodos, as varandas ganharam mais espaço e uma função mais social, podendo receber os amigos e a família.
Anos 2000
Com a varanda voltada para as reuniões sociais, estas ganharam o conceito de “varanda gourmet” nos anos 2000, sendo equipadas com churrasqueiras. Além das varandas, a cozinha também migrou da área de serviço para a área social, sendo integrada com a sala. Quanto ao tamanho dos cômodos, este também passou por uma redução, porém quase que imperceptível.
De 2010 para cá
Com as famílias cada vez menores, com nenhum ou apenas um filho, além dos eletrônicos e eletrodomésticos cada vez menores e mais tecnológicos, os tamanhos dos apartamentos reduziram de forma drástica, a ponto da sala de jantar ser substituída por bancadas. Em 2010 ainda havia cômodos separados e bem distribuídos, mas os chamados studios dos dias de hoje são como se fossem quartos de hotéis maiores, com banheiro e um quarto que integra uma pequena cozinha e uma pequena sala. Áreas de serviço e o home office se tornaram parte das áreas comuns do prédio.