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Ainda Estou Aqui: a vitória e a revolta (ambas históricas) que enfrentamos no Oscar 2025

6 de março de 2025, por Leila Benedetti
Cinema & TV
Walter Salles e Fernanda Torres.

Foto da capa: Arturo Holmes/WireImage

O aclamado Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, segue nos cinemas até abril e já virou um marco histórico brasileiro por nos render o primeiro Oscar do nosso país, no caso o de Melhor Filme Internacional. O Brasil inteiro, que já estava fervoroso com as festas de carnaval, se ferveu ainda mais com a tal conquista, mas também se viu numa grande revolta e sentimento de descaso por parte da Academia.

O filme estava concorrendo a três categorias – Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz e Melhor Filme. Muitos esperavam que Fernanda Torres levaria a estatueta de Melhor Atriz, já que a mesma venceu o Globo de Ouro pelo mesmo filme em janeiro. Enquanto isso, alguns mais desconfiados com a honestidade da Academia torciam por Fernanda, mas apostavam na Demi Moore (A Substância), caso a atriz brasileira perdesse. 

Oscar 99 e Oscar 2025.
(Os mesmos erros se repetiram nos Oscar de 99 e 2025. | Foto: Reprodução)

Para a surpresa de todos os brasileiros, quem levou a estatueta de Melhor Atriz para casa foi Mikey Madison. Até então, a atriz californiana de 25 anos e estética “padrão” era um tanto desconhecida, e foi premiada por interpretar uma stripper hipersexualizada em Anora, cujo enredo também é machista. A revolta se instaurou no país, a ponto da Academia ocultar alguns posts no Instagram para o Brasil a fim de fugir dos ataques. 

A suposta vitória de Mikey sobre Fernanda Torres mostra que nada mudou na administração da Academia. O mesmo aconteceu com sua mãe, a atriz Fernanda Montenegro. Aos 69 anos, ela concorria à estatueta de Melhor Atriz pela sua atuação em Central do Brasil no Oscar 99 e perdeu para Gwyneth Paltrow. Curiosamente, Gwyneth também era uma jovem “padrão” californiana de 25 anos e, por uma estranha coincidência, usava um vestido rosa parecido com de Mikey. A única diferença estava nos filmes estrelados pelas jovens, pois Shakespeare Apaixonado criticava o machismo no teatro e o papel de Gwyneth não era hipersexualizado. 

A revolta não parou por aí!

Outro episódio revoltante envolvendo o Oscar 2025 e o filme Ainda Estou Aqui foi uma “piada” solta pelo host do evento, Conan O’Brien. Em pleno século 21 o Oscar ainda conta com anfitriões (geralmente homens) fazendo piadas ao estilo do “tio do pavê” entre uma premiação e outra. Nesta última edição, Conan, ao fazer piada sobre o filme de Walter Salles, disse o seguinte: “O filme conta a história de uma mulher seguindo adiante após o desaparecimento do seu marido. A minha esposa viu Ainda Estou Aqui e o descreveu como a ‘história otimista do ano’”

Pela frase citada por Conan, presume-se que o host sequer assistiu o filme, ou não entendeu que o enredo se tratava de um caso verídico de tortura e assassinato promovido pelo regime militar que governava o Brasil, onde a mulher não “seguiu em frente”, mas sim lutou contra a ditadura e pelos direitos humanos das vítimas do Estado e suas famílias. Sem perceber, Conan basicamente disse que a mulher dele comemoraria se ele fosse sequestrado, torturado e morto por militares sem se preocupar que ela e seus filhos correriam o risco de serem perseguidos também. 

Conclusão

Passamos por situações revoltantes nas duas vezes em que o Brasil concorreu ao Oscar, mas parando para pensar, estamos avançando, a passos lentos, mas avançando. Nos revoltamos com a perda da estatueta de Melhor Atriz para Mikey Madison nesta edição, mas ganhamos o nosso primeiro como Melhor Filme Internacional, o que torna esta experiência melhor que a anterior, onde não ganhamos em nenhuma categoria. Sobre a “piada” de Conan O’Brien, não temos outra coisa a fazer a não ser ignorar, pois, mesmo sendo negativa, nossa manifestação vai dar ibope para o apresentador e para a polêmica. É como se estivéssemos alimentando os trolls na internet

Segundo a Globo durante as transmissões do Oscar 2025, Ainda Estou Aqui segue em cartaz nos cinemas até o dia 2 de abril. No dia 6 do mesmo mês, o filme vai para o catálogo da Globoplay. 

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