A banda Cenobites volta ao Brasil este ano para uma pequena turnê pelo sul e sudeste do país. Direto de Rotterdam, na Holanda, o grupo de Psychobilly há 25 anos na estrada se apresenta no próximo domingo (23) no festival Psycho Carnival, que acontece no Jockers Pub, em Curitiba; na quinta-feira (27), no Cativeiro Bar, em Londrina, e na sexta (28), na Trackers, em São Paulo.
Com seu pesado power-psycho, os holandeses do Cenobites não vem ao Brasil desde 2016, quando se apresentaram no Psycho Carnival, porém sua história com o nosso país não é de agora. Eles foram a segunda banda psychobilly internacional a se apresentar por aqui, isso no já distante ano de 2001, após um jejum de 12 anos depois do Guana Batz pisar em solo brasileiro, em 1989.
Cenobites tocando no Psycho Carnival em Curitiba, em 2001 (Foto: Nei Rodrigues / Reprodução)
Eles são a prova viva de que a música atravessa fronteiras e rompe barreiras de idioma e cultura. E quando falamos da cena e música psychobilly, isso é ainda mais incrível. Como bandas de um meio tão pequeno, constituído principalmente por pessoas que sequer vivem de sua música, conseguem marcar gerações de fãs, serem símbolos de uma época?
Exemplo disso são Os Catalépticos de Curitiba; a banda brasileira que, além de ter revolucionado a pequena cena psychobilly local no meio dos anos 90, fez algo muito maior na enorme cena da Califórnia. Os Catalépticos são uma banda gigantesca nessa região, equiparados a gigantes de calibre como Nekromantix, Mad Sin, e até mesmo Demented Are Go.
Talvez não tão grandes em comparação a Os Catalépticos em popularidade, porém importantíssima, historicamente falando, os Cenobites são uma banda muito querida pela cena psychobilly brasileira, combinando sua primeira vinda praticamente com o nascimento do Psycho Carnival, no qual eles tocaram em sua 2ª edição este ano. Foi uma banda que abriu muitas portas para outras bandas de fora do país tocarem aqui.
Conversamos com o baixista Randy a respeito de sua vinda ao Brasil, sobre Cenobites, cena e música psychobilly, suas bandas, discos e afins. Confira a seguir!
Universo Retrô – Olá, Randy! Você está vindo para o Brasil pela primeira vez como baixista do Cenobites, o que esperar do Psycho Carnival e dos outros shows no Brasil? O que seus companheiros de banda contaram sobre o público brasileiro?
Randy – Sim senhor! Eu entrei para a banda 2 anos atrás e escutei muitas histórias sobres as vezes que eles foram para o Brasil, e eu sempre esperava poder ir para o Brasil em um futuro próximo. E parece que o futuro é agora! Eu espero me divertir bastante, e que o público aproveite nosso show tanto quanto nós, é tudo que importa para mim!
Cenobites versão 2020, já com Randy no baixo (Foto: Divulgação)
Universo Retrô – O Cenobites acabou de lançar um disco comemorativo de 25 anos, conte-nos mais a respeito. A capa é de sua autoria, não?
Randy – Isso mesmo, nós gravamos um EP com dois lados. O lado antigo, onde nós regravamos três sons clássicos, juntamente com “Curitiba Rotterdam Psycho”. E o lado novo, com três novos sons. Juntando tudo, nós queríamos fazer um disco com uma boa mistura de estilos e sons diferentes.
E sim, eu desenhei a arte de capa! Eu esbocei uma pequena ideia com caneta esferográfica, que saiu um pouco fora de controle, e acabou sendo a capa do álbum. Depois disso, tive a ideia de fazer umas artes estilo quadrinhos para cada música do EP no encarte do disco.
Universo Retrô – Falando um pouco sobre a cena, Holanda teve uma das maiores cenas psychobillies dos anos 80, revelando bandas de renome como Batmobile, Archie, Es-Feiv, Scam… Cenobites apareceu com uma proposta diferente de som, mais pesado e rápido, no que podemos chamar de uma segunda onda do psychobilly holandês. Como você vê a cena psychobilly holandesa hoje em dia? E européia no geral? Sei que você tocou na Ucrânia recentemente e eles estão começando uma cena lá, com um festival grande.
Randy – Sim, a primeira onda foi bem grande nos anos 80, a segunda onda veio nos anos 90 com bandas como Asmodeus, Dr. Jopo, Cenobites, etc. a maioria das bandas mais rápidas e pesadas do que o psychobilly clássico dos anos 80; nada muito diferente do que rolava por toda a Europa naquela época.
A cena não é tão grande como costumava ser aqui, a maioria do público está perto ou acima dos 40 agora, e não há muitos garotos novos. A cena punk em nossa área é um pouco maior, mas novamente acho que isso vale para o resto da Europa.
A Ucrânia é brilhante, vale a pena viajar para mostrar para as pessoas algo novo. Sobre os festivais lá, há o Blaxie Rumble no verão, na praia, e o Ukrabilly Bang, que é em maio.
O novo EP de comemoração de 25 anos de banda com arte de Randy (Imagem: Divulgação)
Universo Retrô – Como e quando foi seu primeiro contato com música psychobilly?
Randy – Bom, meu pai tocou em diversas bandas rockabillies no começo dos anos 90, até mais ou menos 2007, mas ele e minha mãe sempre foram mais fãs de psychobilly mais 80’s. Então eu cresci ouvindo bandas como Batmobile, Guana Batz, Demented Are Go, Krewmen e por aí vai.
Universo Retrô – Além disso, sei que você é um grande colecionador de discos de psycho e neo-rockabilly. Você tem ideia de quantos discos tem? Conseguiria eleger 5 discos favoritos da sua coleção?
Randy – Eu tenho mais ou menos uns 1.100 discos, mais da metade são de psycho e neo-rockabilly, o resto é garage, punk, trash, new wave, blues, bluegrass, ska e qualquer outro tipo de porcaria que eu gosto (risos).
Um top 5 é difícil, mas dos últimos discos que toquei foram:
1. The Monsters – Youth against nature
2. Krewmen – Into the Tomb
3. Tankard – Zombie attack
4. Devil Makes Three – Longjohns, boots and a belt
5. Antidote – Go Pogo
Universo Retrô – Você tem outras bandas além do Cenobites? Conte-nos mais sobre seus outros projetos.
Randy – Também toco baixo com os incríveis Griswalds, Tennessee Alien e agora estou trabalhando em um novo projeto punk com os amigos, algo soando como primórdios do Exploited, GBH, Antidote etc.
Randy também toca com a clássica banda psychobilly inglesa, The Griswalds (Foto: Reprodução)
Universo Retrô – Você conhece algo da cena psychobilly brasileira? Alguma banda favorita daqui?
Randy – Eu acho que minha banda favorita do Brasil no momento seria o Mullet Monster Mafia, eu sou um grande fã do trash-surf frenético que eles fazem, embora eu esteja realmente ansioso para ver as muitas bandas desta edição do Psycho Carnival.
Universo Retrô – Randy, obrigado pelo seu tempo! Gostaria de deixar alguma mensagem para o público brasileiro
Randy – Não, obrigado você meu amigo! Bem … é melhor você estar (pelo menos!) em um de nossos shows! (Se eu te ver em todos os shows, eu te devo uma cerveja, haha).
SERVIÇO
Cenobites no Brasil
Curitiba
Psycho Carnival
Com Ghost Bastards + Jubarte Ataca + Marzela + Skizoyds + Frenetic Trio
Quando? Domingo, 23 de fevereiro
Onde? Jockers Pub – Rua São Francisco, 164, Centro
Quanto? De R$ 70 a R$ 250
Evento no facebook
Londrina
Cenobites em Londrina
Com B-Benders
Quando? Quinta-feira, 27 de fevereiro
Onde? Cativeiro Bar – Av Presidente Castelo Branco, 1537
Quanto? R$ 15 antecipado | R$ 20 na porta
Evento no facebook
São Paulo
CarnaTrackers of the Dead!
Com Frenetic Trio + Davy e os Jones
Quando? Sexta-feira, 28 de fevereiro
Onde? Trackers – Rua dos Pinheiros, 1243 e 1275, Pinheiros
Quanto? Antecipados Limitados: R$ 10 | Antecipados 1º LOTE: R$ 20 | Antecipados 2º LOTE: R$ 30 | Porta: R$ 40
Evento no facebook
