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Billy Harlan, o músico de rockabilly que passou mais de 50 anos sem saber que era famoso

1 de julho de 2015, por Mirella Fonzar
Música
Billy Harlan

Billy Harlan nunca usufruiu da sua fama. Isso por que o baixista de 78 anos não fazia ideia de que as músicas que gravou nos anos 1950 haviam ficado famosas durante o revival rockabilly nos anos 1970. Até ser recentemente descoberto pela organização do Viva Las Vegas Rockabilly Weekend, o músico americano nem sonhava que era conhecido por alguém além de sua família e amigos do Kentucky.

Quando recebeu o convite da produção do evento, em 2010, Billy não sabia nem por onde começar, afinal, não cantava aquelas canções há quase 50 anos. Ele recusou a oferta algumas vezes, mas, finalmente, concordou em se apresentar no festival que mudaria sua vida. Chegando lá, uma surpresa ainda maior: ele tinha fãs do mundo inteiro, que cantavam em coro suas músicas do fundo do baú!

Billy Harlan foi baixista da estrela country Jim Reeves por três anos e, em 1958, gravou seu primeiro LP pela Brunswick Records, com as músicas I Wanna Bop e Schoolhouse Rock, um trocadilho com a música Jailhouse Rock de Elvis Presley. Seus sons tocaram algumas vezes na rádio, mas não emplacaram. Então, ele continuou tocando baixo para artistas de country, como George Jones e Ray Price. Até a RCA resolver produzir um LP com as músicas This Lonely Man e Teen Jean Jive e seu sonho começar a desmoronar.

Alguns meses depois de gravar, ele recebeu uma ligação do guitarrista e produtor Chet Atkins, que dizia que não lançaria o material, pois não acreditava que aquilo venderia. Assim, desolado, Billy entrou num trem em direção ao oeste, em 1959, e não voltou mais ao Kentucky nos próximos 10 anos. “Isso partiu meu coração […] Foi assim que desisti da música”, contou o músico em entrevista recente ao The Courier Journal.

Billy Harlen e Everly Brothers na infância (Foto: Reprodução)

Billy Harlen e Everly Brothers na infância (Foto: Reprodução)

Em 1968, ele se mudou para Louisville e voltou para o estado do Kentucky, onde também começou a se reaproximar timidamente da música. Enquanto trabalhava com computadores, o baixista tocou durante um tempo na banda Sunny Watson and the Tradesmen, na qual se apresentava em festas de casamentos, bailes, igrejas, etc. Ele até compôs uma canção que foi parar no lado B do álbum de Johnny Russell, Rednecks White Socks and Blue Ribbon Beer, mas, nessa altura do campeonato, já havia desistido do sonho de ser um músico famoso.

A apresentação do Viva Las Vegas 2010 foi a primeira vez, desde 1959 – quando tocou baixo para Jim Reeves – que ele enfrentaria um público tão grande. A diferença é que, desta vez, as pessoas estavam lá para vê-lo. Aos 75 anos, Billy vivenciou seus fãs cantando em coro o sucesso I Wanna Bop e outras músicas nunca liberadas pela RCA, pela primeira vez. Depois disso, se apresentou também no Rockabilly Rave de 2013. “Fico maravilhado com isso […] Eu tenho amigos do mundo todo no Facebook”, completa o músico que gerencia sua própria fan page.

A responsável pela popularização de canções obscuras de Billy Harlan é a Bear Family Records, uma gravadora alemã, que comprou os direitos de Teen Jean Jive e This Lonely Man e incluiu as canções numa coletânea de rockabilly europeia. Segundo Billy, os royalties já não importam mais. Para ele, saber que tanto um canadense, como um francês e um australiano conhecem sua música é o que mais importa.

Seus sonhos não aconteceram exatamente como planejados, mas não dá pra dizer que nunca se realizaram. Hoje, ele toca baixo elétrico na banda Benny Pryor toda terça, sexta-feira e sábado à noite. É pago, mas a grana cobre apenas a gasolina e sobra uns troquinhos. Para ele, a diversão que a música proporciona é o que realmente vale a pena no final.

Quando questionado se ele se arrepende de não ter ficado sabendo sobre sua fama antes, o músico diz que não tem o que se lamentar. Afinal, de qualquer maneira, viveu uma vida de rock star: sempre fez música, teve três esposas, dirige um Cadillac e ainda usa brilhantina para levantar seu cabelo grisalho, embora hoje em dia seu topete ja não pare mais em pé como antes.

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3 Responses

  1. Desiree

    UOWW! Que sensacional a matéria.
    Será que tem algum documentário ou algo assim?
    Não sei se você sabe, mas o Joe Clay tb era outro que não sabia q era famoso kkkk, tem um documentário gravado na casa dele.. onde ele fala que quando recebeu as primeiras ligações achava que era trote, ate que o pessoal foi la pessoalmente chamar ele pra tocar. Kkkk

    Parabéns pela matéria e parabéns pelo portal !!!!

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