Quem disse que evoluímos tanto ao longo dos milênios? Sim, a tecnologia evoluiu, mas as necessidades continuam muito semelhantes. Basta olhar para baixo e investigar rapidamente a história dos sapatos para perceber que temos muito mais semelhanças com nossos antepassados do que imaginávamos.
A pele dos pés, em especial na juventude, é bastante delicada, e machucar os pés dificulta bastante a mobilidade. Por isso, há milhares de anos, o homem primitivo criou os sapatos, ou ao menos protótipos deles, para a proteção dos pés.
Os primeiros sapatos eram unissex, feitos de couro animal costurado ou folhas grandes amarradas ao redor dos pés. Estima-se que há 40.000 anos tais estratégias já eram usadas para proteger os pés, embora os artefatos encontrados em sítios arqueológicos sejam muito mais recentes, tendo sido feitos há aproximadamente 5.500 anos.
Por serem feitos de materiais encontrados na natureza, pouquíssimos calçados pré-históricos sobreviveram à passagem do tempo. O mesmo aconteceu com diversos sapatos da Antiguidade, mas a taxa de sobrevivência de artefatos começa a aumentar quando entramos na época do Império Romano.
Os sapatos romanos eram bastante diversos em material e estilo. Tanto em Roma quanto antes, no Egito, os sapatos serviam para indicar a classe social de um indivíduo. No Egito, escravos andavam descalços, homens livres tinham sapatos de folhas de papiro e os mais nobres usavam sapatos pontudos, em geral amarelos ou vermelhos. O mesmo acontecia com as classes sociais romanas e as sandálias estilo militar, hoje conhecidas como gladiadoras e que frequentemente voltam às vitrines.
Os sapatos na Idade Média eram como você está acostumado a ver nos filmes: de tecido, levemente pontiagudos, ainda sem distinção entre masculino e feminino… ou direito e esquerdo. Em geral, quanto mais pontiagudo o sapato, maior a classe social de quem o usava, tanto no território europeu quanto no asiático.
E é logo depois do Renascimento que surgem os sapatos de salto alto. Eles eram usados apenas pelos homens da nobreza, enquanto o trabalhador continuava com seu pesado sapato de madeira ou frágil calçado de couro.
As mulheres começaram a usar sapatos de salto procurando igualdade com os homens, e assim uma pequena diferença surgiu: os saltos grossos passaram a ser exclusivos dos homens, e os saltos finos, das mulheres. E, para não perder o status que vinha com o salto, os homens nobres passaram a usar saltos cada vez mais altos. E você já deve imaginar que o salto Luís XV tem este nome exatamente por ter sido o modelo favorito do monarca francês.
A Revolução Francesa representou a rejeição da monarquia e de todos os seus símbolos, inclusive o salto alto. O século XIX teve o protagonismo de sapatos baixos e botas, até que se iniciou a Era Vitoriana, surgiu a fotografia e tudo mudou.