Uma das maiores tradições do Natal é a troca de presentes, de início era por conta daquela história bíblica, em que Jesus nasceu no dia 25 de dezembro (embora os historiadores afirmam que não há uma data de nascimento exata) e os três reis magos resolveram presenteá-lo. Mas, como o ato de dar presente envolve o ato de fazer compras, esse feriado acabou sendo algo completamente consumista e tomado pela publicidade, sobretudo pela a da Coca-Cola.
Por quê a Coca-Cola, afinal? Para começar, a marca é muito conhecida por estar presente em festas e reuniões familiares, incluindo, claro, o Natal. Com isso, ela acaba reforçando seu marketing sempre quando o mês de dezembro chega, aumentando a frequência e a qualidade de seus anúncios, além de criar (e repetir) uma vez ou outra elementos que nos fazem associar o refrigerante com o feriado, como o urso polar, o caminhão decorado e a versão mais popular do Papai Noel.
Versão mais popular do Papai Noel?
Sim, o Papai Noel que conhecemos não foi sempre aquele bom e mágico velhinho de roupa vermelha que mora no polo-norte, dirige um trenó voador e dá presente para TODAS as crianças do mundo em uma única noite. Antes da Coca-Cola nos apresentar essa imagem dele nos anos 30, ele tinha um outro nome e sua história não tinha aquela magia toda, mas já mantinha o hábito de presentear pessoas.
Seu muso inspirador foi um bispo turco chamado Nicolau, que costumava ajudar os mais pobres deixando saquinhos de moedas próximas às chaminés das casas. Na Alemanha, este bispo foi transformado em santo, o São Nicolau, e essa então nova imagem foi logo espalhada pelo resto do mundo, chegando a ser chamado de Sinterklass na Holanda. Até o século XIX, este usava uma túnica ao invés de uma roupa de inverno, mas o vermelho já estava presente em seus trajes. Além disso, ele não era retratado apenas como santo como também era, às vezes, como um elfo, duende, espírito, entre outros.
A ligação de São Nicolau com as tradições natalinas e a versão da Coca-Cola
Mas sua ligação com o Natal se deu em 1823 quando o professor americano Clement Clarke Moore publicou o poema The Night Before Christmas, que fez muito sucesso e é bem popular até hoje, principalmente nos EUA. Nesta obra, o São Nicolau passou a ser descrito como um “bom velhinho gordo e bochechudo” que decidiu ir mais além dos rotineiros saquinhos de moedas e presentear as crianças com brinquedos na madrugada da véspera para o dia de Natal.
A partir daí, vários cartunistas foram imaginando e ilustrando o personagem ao longo das décadas, sendo retratados em versões diferentes, inclusive com roupas em cores diferentes algumas vezes. A versão mais próxima do Papai Noel que conhecemos é a desenhada pelo americano Thomas Nast, de 1863, que teve o seu nome São Nicolau substituído por Santa Claus pelos imigrantes holandeses.
Aproveitando a popularidade desta versão, a Coca-Cola, no Natal de 1931, lançou uma propaganda em que Santa Claus presenteava uma garotinha com um refrigerante. No anúncio, o personagem tinha passado por algumas modificações, como o casaco mais curto e um gorro vermelho, que antes dava lugar a um mintra (ornamento de cabeça tradicionalmente usado pelos bispos). E foi essa, a versão da Coca-Cola, que se tornou a oficial do Papai Noel.
A cor vermelha
O vermelho já era considerado uma das cores oficiais do Natal antes da Coca-Cola usar o seu marketing por cima da data. Como representa o nascimento de Jesus, aquele que pregava fortemente o amor ao próximo, os festejos são, em tese, para comemorar o amor pela família e amigos, e vermelho sempre representou muito bem esse sentimento. Também junto com o dourado, outra cor oficial do Natal, ele representa o calor das lareiras acesas durante as festas, isso no caso dos países onde o inverno chega no fim do ano.
Já o motivo da Coca-Cola ter o vermelho como sua cor-identidade não tem relação nenhuma com o Natal, a cor já estava presente na marca desde a sua fundação na década de 1890. Naquela época, a empresa pintava de vermelho os barris que carregavam o xarope usado na fabricação do refrigerante para os fiscais não confundirem com os barris de bebidas alcoólicas e, portanto, a cor acabou se tornando uma forte referência da marca.
Muitos pensam que o Natal tem a cor vermelha por conta do marketing feito pela Coca-Cola ou vice-versa, até o Papai Noel é julgado, pois o senso comum acredita que ele foi criado originalmente pela empresa e o vermelho de sua roupa é por conta de sua logomarca. A verdade é que a marca só aproveitou a coincidência dela e da data terem o vermelho como cor oficial para ajudar a reforçar o seu marketing nessa época do ano.