Se você costuma chacoalhar os esqueletos por aí, com um bom swing ou speed jazz (jumping blues), provavelmente já deve ter ouvido falar de Louis Prima. Louis nasceu em New Orleans, Estados Unidos, no ano de 1910, em meio a uma família musical de imigrantes de origem siciliana, caraterística essa que transborda em sua personalidade musical.
No auge de sua infância, absorveu os sons de bandas de rua locais e o espírito da festa Mardi Gras (considerado o “carnaval” de New Orleans), ao mesmo tempo que ouvia opera italiana em sua casa. Ele aprendeu a tocar trompete, logo se tornando trompetista na banda de seu irmão e em outras bandas até formar seu próprio grupo.
Na década de 1930, Louis se mudou para Nova York, trabalhando com alguns amigos e teve sua carreira alavancada. Rapidamente, entrou em estúdio para gravar grandes hits, como a famosíssima Sing Sing Sing, imortalizada na versão de Benny Goodman e com a inconfundível bateria de Gene Krupa, tornando-se um clássico instantâneo da chamada “era do swing”.
Você deve estar se perguntando: Mas, qual o diferencial desse tal Rei do Swing? Ele era selvagem, bem humorado e excêntrico. Tais atributos fizeram de Louis o “Rei Do Swing”, aquele que revolucionou o mundo das Big Bands! Trouxe mais alegria, dinâmica e atuação nos palcos, e “enxugou” as bandas para um formato mais compacto.
É claro que antes de Prima, existiam band leaders fenomenais, como Louis Armstrong, Benny Goodman, Glenn Miller, Cab Calloway, entre outros. Mas, ainda pairava no ar a sensação de jazz como uma música elitizada, sofisticada, com altíssimo tom de seriedade e sobriedade. Além do mais, todo o Rat Pack (grupo musical e teatral formado por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop), com suas piadas de balcão, com certeza não seriam os mesmos sem a influência característica e explosiva da personalidade marcante de Louis.
Louis cria portanto, um novo formato de swing band, com menos integrantes, mais ativos e participativos, flertando com o rock’n roll e se aproximando dos jovens. Com isso, surgem grandes parcerias que marcariam sua trajetória, enriquecendo sua incrível banda.
Dentre estes ícones, temos Sam Butera, saxofonista e grande amigo, e a charmosa e temperamental Keely Smith, que mais tarde se tornaria sua esposa, trazendo um toque feminino e doce aos vocais de suas canções. Juntos conquistam nada mais que o Grammy de melhor performance de grupo ou coral com a canção That Old Black Magic.
Louis quebra todos os parâmetros, transformando seus shows em grandes “stand ups”. Este palhaço musical, reinou com seus shows explosivos na Las Vegas da década de 50, criando sátiras irreverentes com muita agitação no palco, espontaneidade e brincadeiras improvisadas, o que acaba o tornando uma figura amada entre os artistas e frequentadores dos grandes teatros e cassinos.
Seu esteriótipo de brincalhão o traduz na sua imagem pública como piadista musical, rugindo suas canções com vocal rústico e estridente, soprando um trompete ensandecido em meio a uma batida frenética.
Seu álbum de 1956 The Wildest, lançado pela Capitol Records é até hoje considerado inovador, um registro único de uma era onde os estilos estavam ainda se consolidando, mesclando o rock’n roll com jumping blues, jazz e uma grande dose de humor.
Numa época em que rock’n roll e Elvis Presley eram ainda recém surgidos, The Wildest tornou-se um álbum que, quando executado, era garantia certa de animação, danças, pernas pelos ares, penteados desmanchados e saias se esvoaçando.
Outra canção de grande sucesso de Louis foi Just a Gigolo (I A’int got nobody) que também estourou, regravada por várias lendas. Ganhou uma nova roupagem e folego nos anos 80 com David Lee Roth, em um videoclipe épico e maluco, no qual satiriza “produtos da mídia” que estavam em alta na época, como Willie Nelson, Cindy Lauper e Boy George.
Prima também participou de diversos filmes em Hollywood, com destaque para a performance com Bing Crosby em O último romântico, filme de 1936.
Ainda não se apaixonou? Veja então a trilha sonora do filme The Jungle Book (Mogli – O Menino Lobo) dos anos de 1960, onde Prima também atuou dublando o personagem Rei Louie, um orangotango meio jazzeiro e sacana, que capta o melhor de seu estilo. Recentemente a canção The Jungle Book foi regravada por Robbie Williams em um álbum dedicado ao swing com canções de Louis, Frank Sinatra, Cab Calloway entre outros, com parcerias com grandes vozes da musica atual.
Louis seria posteriormente homenageado com outro personagem, Loui em A Princesa e o Sapo (2004). Um jacaré trompetista que tem como sonho tocar em um bar de humanos em New Orleans.
Por fim, entre canções tradicionais italianas, duetos românticos (às vezes nem tanto) e swings enérgicos, Louis Prima se destaca por entre as décadas, recebe o título de King of Swing, e o respeito de artistas do mundo da música, teatro e cinema. O Selvagem que revolucionou e popularizou o Jazz.
Para finalizar, deixamos uma versão da B.S.O. para o hit Jump Jive and Wail, de Louis Prima. Aliás outra banda supimpa que talvez não seria a mesma sem a influência de Louis.
Para saber mais sobre Louis e sua trajetória, acesse o site oficial, ou também assista ao documentário legendado disponível no youtube.
Parabéns pela ótima matéria Roseane!
Beijos
Parabéns … ADOREI sua iniciativa ??????