A Netflix a cada dia mais se especializa em atingir em cheio nossa nostalgia. Na sexta-feira (16), o serviço de streaming lançou sua nova série: Everything Sucks!, criada por Ben York Jones (Loucamente Apaixonado), e Michael Mohan (Save the Date). A trama que se passa nos anos 90 começa especificamente em 1996, e acompanha um grupo de amigos durante os anos no colegial.
Devemos lembrar que as escolas americanas são muito diferentes das brasileiras, por isso, nós não vamos nos identificar com o dia a dia dentro do colégio. A questão dos clubes de atividades extracurriculares, por exemplo, não fez parte da nossa rotina, porém, o comportamento dos personagens, que lidam com a puberdade durante o início da internet, quando ainda não existia uma vida online da maneira que conhecemos hoje, vai fazer você se sentir adolescente de novo. E, se você está próximo dos 30 anos, com certeza vai sorrir ao escutar o barulho do discador!
A trilha sonora acerta em cheio ao encaixar as músicas com as cenas, mesmo sendo um pouco óbvia demais, pois fez parte das festinhas, e dos primeiros namoros de muita gente que cresceu durante a década de 90.
Provavelmente devido ao sucesso de Stranger Things, a expectativa das pessoas em torno de Everything Sucks! ficou muito alta. Entretanto, apesar das duas séries terem propostas totalmente diferentes, vale lembrar que as únicas coisas que as duas produções têm em comum são o fato de serem protagonizadas por adolescentes, e dependerem de nostalgia para funcionar.
As atuações das crianças deixa um pouco a desejar, e em alguns momentos chega a ser exagerado. Muitas vezes ficamos mais interessados em saber o que está acontecendo com Sherry O’Neil (Claudine Mboligikpelani Nako) e Ken Messiner (Patch Darragh), os coadjuvantes adultos.
A narrativa de Everything Sucks! faz com que o espectador se sinta assistindo a um filme previsível da Sessão da Tarde, o que não é necessariamente um problema, além do bônus de que hoje em dia os criadores têm mais liberdade para tratar de temas complexos que antes eram considerados tabus, como sexualidade, saúde mental, e outras questões que são abordadas mais abertamente hoje em dia.
O problema é que essas tramas não são desenvolvidas, o que faz com que o espectador não se prenda a história principal, e não se apegue aos personagens, que às vezes cumprem um papel preestabelecido e simplesmente saem de cena com uma desculpa esfarrapada, ou são alterados, como Emaline (Sydney Sweeney), que muda completamente de personalidade no final da primeira temporada.
Everything Sucks!, apesar de divertido, acaba sofrendo com a falta de originalidade e com o inexperiência dos criadores. Tem um roteiro que demora a engatar e só mostra realmente ao que veio nos últimos episódios, mas os acertos são o suficiente para nos dar a esperança de uma segunda temporada promissora.