Anos atrás, a professora da UCLA, Maite Zubiaurre, visitou uma loja de antiguidades em Madrid, na Espanha, e se deparou com um álbum de fotos cheio de imagens eróticas e pornográficas do início de 1900. Depois de muitos anos de ensino da história e cultura espanhola do século 20, mesmo ela teria ficado surpresa com o material, pois, o álbum apontava a rica cultura erótica do período, que foi posteriormente anulada sob o domínio fascista de Franco e, por isso, quase não ganhou notoriedade histórica.
Curiosa, deu início à busca por mais exemplos de erotismo daquela época e local. Segundo a pesquisadora, foram necessários pelo menos dez anos de trabalho meticuloso e visitas a arquivos privados, bibliotecas provincianas empoeiradas, antiquários discretos e livrarias de segunda mão. Em entrevista recente ao site Creators Project, Maite explicou que “os materiais eram difíceis de encontrar, porque a censura era brutal e muitas vezes bastante eficiente durante a ditadura franquista”.
“Os materiais não só foram fortemente censurados, mas também proibidos de permanecerem em bibliotecas e arquivos públicos, sendo destruídos não só pelas autoridades, mas pelos proprietários privados que temiam serem presos”, conta Zubiaurre, que conseguiu resgatar revistas eróticas, fotografias, ilustrações, cartões postais, curtas-metragens e novelas, bem como textos sobre o nudismo e sexologia daquela época.
“A cultura erótica espanhola não só é extremamente rica e multifacetada, mas também desinibida em suas tramas e representações visuais, muitas vezes de forma aberta e grosseiramente anticlerical, além de representar abertamente todas as formas de amor não-reprodutivo, a partir de práticas masturbatórias, homossexuais e fetichistas”, explica a pesquisadora.
Alguns desses materiais podem ser encontrados em seu livro Cultures of the Erotic in Spain, 1898-1939 e em seu website. Confira a seguir algumas imagens que selecionamos a partir do acervo de Maite Zubiaurre.