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Henrique San: Ilustrador brasileiro explora a estética dos anos 50 e 60 e ganha destaque no Brasil e no exterior

5 de outubro de 2016, por Daise Alves
Design

Muito se fala sobre o crescimento da cultura retrô; seja na moda, cinema, estilo de vida, lugares para visitar ou fotografia pin-up, a cultura tem ganhado cada vez mais adeptos. Entre as ramificações desse estilo, também podemos citar as ilustrações como parte importante da cultura. Os desenhos, não só de pin-ups, como estamos acostumados a ver, dão cada vez mais vida para a estética retrô.

Entre os artistas contemporâneosque produzem suas obras com estética retrô, como os famosos ilustradores José Cano, Ted Hammond e a norte-americana Olivia de Bernardinis, podemos citar também o brasileiro de Porto Alegre, Henrique Santini. Mais conhecido como Henrique San, ele tem ganhado destaque tanto no Brasil, quanto no exterior, por produzir obras com características voltadas principalmente para os anos 50 e 60, mas sempre com toques modernos.

Desenho Tiki

Desenho de Henrique San com referências tiki para a marca especializada Aloha Cafe Surf

Apaixonado por tudo que envolva o underground, desenhista desde criança e fãs de artistas como Mary Blair, Tom Oreb e inclusive Pablo Picasso, os traços cinquentistas e sessentistas do artista são notáveis, principalmente nos detalhes, em que somos levados para um passado colorido, cheio de drinks, praias, flores e bares, como se estivéssemos em um filme havaiano de Elvis Presley ou nos misteriosos filmes de James Bond.

Henrique, que começou a desenhar por hobby, nos últimos anos, tem se envolvido em projetos para desenvolver peças com fins artísticos, editoriais e pessoais, sempre com esse toque de passado. Com traços inconfundíveis, as referências são principalmente o estilo rockabilly, com todo o charme rocker e a magia dos anos 50, hot rods e o estilo tiki, com personagens marcantes e paisagens exóticas.

Pin-Up de Henrique San

Obra com inspiração em um pin-up com tatuagem de lagartixa de foto feita por Henrique San.

No Brasil, seus trabalhos podem ser vistos na capa do CD da banda Mystery Trio, que se apresentou no VLV em 2014; no logo do programa Tiki Nervioso da rádio 89, apresentando por João Gordo, vocalista da lendária banda de punk rock Ratos de Porão e Marinho “Otra Vida”; nos adesivos do Aloha Café, marca especializada em cultura Tiki no Brasil; nos cartazes do Big River Festival, evento dos anos 50 que acontece no Rio Grande do Sul; entre outros trabalhos.

Já no exterior, suas obras estão em projetos de capas (LPs, CDs e EPs) para selos como El Toro Records (Espanha), Rhythm Bomb Records (Inglaterra), Stag-O-Lee (Alemanha) e Cat Town Records (Irlanda), além de material de divulgação para festivais, como o Nashville Boogie, que acontece em 2017.

Beat from Badsville

Capa do álbum Beat from Badsville produzido por Henrique San.

“Tenho tido uma enorme satisfação em perceber que meu trabalho é bem recebido no exterior, principalmente entre os selos e bandas de rockabilly, surf, rhythm and blues e outros estilos musicais retrô. Hoje são já 14 países atendidos entre capas de discos, cartazes, embalagens e outros produtos que desenvolvo. No Brasil, o mercado ainda está se desenvolvendo, mas já noto um interesse maior de uns tempos pra cá.”, afirma o artista sobre a valorização do seu trabalho dentro da cena retrô.

“Recentemente fiz a arte do box anual de lançamentos do selo inglês Rhythm Bomb, um dos principais com foco nos anos 50. Também estou trabalhando nos materiais do festival Nashville Boogie, que acontece no Tennessee. São projetos que trazem muita alegria em participar, já que são lançados nos países onde a cultura retrô é bastante valorizada.”, completa.

Henrique San

Cartaz para o festival Nashiville Boogie nos EUA feito por Henrique San.

E o estilo não tem se limitado à subcultura. Grandes marcas têm investido cada vez mais no marketing de nostalgia e se apropriam de sua bagagem histórica e dos sentimentos dos consumidores para lançar produtos com apelo emotivo. É nesse momento que o design retrô entre cena e artistas dessa linha ganham oportunidades.

“Grandes marcas têm aproveitado a tendência retrô pra lançar produtos já faz alguns anos, e a demanda parece apenas aumentar – são eletrodomésticos, veículos, móveis, roupas – enfim, o consumo baseado em nostalgia está em toda parte. Mas comunicar com coerência é fundamental, para não passar a ideia de que as marcas estão se aproveitando dessas culturas, sem conhecimento real do que representam. Então, uma forma de utilizar ilustração é nos materiais promocionais. Existem, também, inúmeras possibilidades de padronagens, texturas, produtos mesmo, baseados em design retrô.”, é o que acredita Henrique San sobre o envolvimento do mercado com a ilustração retrô para emplacar seus produtos.

Logo do programa Tiki Nervoso

Logo do programa Tiki Nervioso apresentando por João Gordo e Marinho Otra Vida na 89 a rádio Rock produzido por Henrique San.

Não é de hoje que os trabalhos de Henrique tem ganhado destaque. A qualidade do seus desenhos é tanta que em 2013 seu projeto Tribos, que reúne tipos de diferentes origens e culturas para uma improvável conversa, envolta pela atmosfera de um coquetel, ganhou uma exposição na Usina do Gasômetro por meio de um edital da Prefeitura de Porto Alegre.

No projeto cada imagem tem um representante de uma tribo étnica (Maasai, Yanomami, etc.), dividindo espaço com um personagem de uma tribo urbana (Rockabilly, Punk, por exemplo). As peças sugerem um diálogo global onde as diferenças, antes de distanciar, aproximam.

Exposição Tribos

Exposição “Tribos” (Foto: Reprodução)

O artista, também publicitário e baixista da banda Quentin Brothers, que tem influências no surf e rock and roll, trabalha muito com o meio digital e acredita na arte da ilustração como algo que possa legitimar a cultura retrô. “As ilustrações e o design gráfico inspirados em décadas passadas ajudam compor um cenário que se favorece de música, moda, decoração, entre outras manifestações. Embora a inspiração seja buscada no passado, existe muita produção atual nesse estilo, o que é também uma renovação necessária – temos visto muitos materiais simplesmente pirateados de artes consagradas. Visualmente, ilustração tem tudo a ver e ajuda a legitimar a cultura retrô.”

Apesar dos Estados Unidos estar envolvido com a cultura retrô de forma mais sólida, inclusive com a ilustração, onde há artistas já consagrados, o Brasil é o um mercado em expansão e profissionais como Henrique San, que fazem um trabalho de qualidade e com muita dedicação, são sempre bem-vindos para fortalecer e profissionalizar a cultura retrô.

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