Para se descabelar, chorar, morrer de amor. Música de fossa, dor de cotovelo ou, apenas, samba canção. São muitos os nomes para essas canções que falavam, de peito aberto, do sofrimento de um amor impossível, da solidão, traição, saudade, um amor não correspondido. Os títulos já diziam tudo: “Fracasso”, “De Cigarro em Cigarro”, “Tudo Acabado”, “Me Deixe em Paz”.
Tivemos inúmeros cantores da era do rádio que entoavam suas dores, afinal, algumas das letras falavam, exatamente, do que eles estavam sentindo, diga-se de passagem uma das duplas mais famosas do rádio Dalva e Herivelto.
O samba canção é um subgênero do samba. Teve seu início ainda na década de 1920, mas seu auge se deu entre 1940 e 1950. Uma das primeiras músicas do gênero foi “Ai, Ioiô – Linda Flor”, interpretada por Araci Cortes e outras cantoras. O estilo era bastante abordado no Teatro de Revista e reunia muitos intérpretes como Maysa, Jamelão, Lupicínio Rodrigues, as irmãs Linda e Dircinha Batista, Ângela Maria, Nora Ney, e muitos outros.
O que chama bastante atenção nesse estilo não é só a delicadeza de cada composição, afinal, muitos autores se referiam a prostitutas, por exemplo, como flor da noite, dama. Existia delicadeza em abordar a figura feminina, mesmo que sua profissão não fosse benquista pela sociedade da época. Aliás, o arranjo de cada música era único e, praticamente, todas as músicas do gênero contavam com uma grande orquestra.
O samba canção de Maysa lhe rendeu milhões com a venda de discos e foi cantando o sofrimento que ela se tornou a rainha da fossa. Ela deu seu adeus a André Matarazzo com o samba canção “Ouça”, uma das músicas de maior sucesso do gênero. Jayme foi o maior amor da vida de Maysa tanto que, quando ele faleceu, ela cantou “Hino ao Amor”, outra letra maravilhosa.
Essa dramatização das canções traz toda uma nostalgia e, mais que isso, remete a ideia da Diva desprezada, fumando seu cigarro, tomando uma dose de anizete, debruçada em sua cama. Um sofrimento glamuroso, digamos assim.
Caso você queira se aprofundar mais neste assunto, vale a pena ler o livro “A noite do meu bem”, de Ruy Castro, que aborda o universo do samba-canção e das boates cariocas dos anos 1940, 1950 e 1960. Para você, que adora uma sofrência, vale a pena ouvir a playlist. Uma dica: para ouvir esse estilo musical, esteja sempre acompanhado de um bom vinho! Vamos lá?