Eu era retrô desde criança. Enquanto meus amiguinhos acompanhavam os desenhos que estavam na moda no começo dos anos 2000, eu sintonizava no finado canal Boomerang para ver desenhos animados dos anos 60 e 70. E estas duas décadas foram dominadas por uma dupla: William Hanna e Joseph Barbera.
Pense em qualquer desenho de sucesso do período: a chance dele ter sido criado no estúdio Hanna-Barbera é muito grande. Os Flintstones; Os Jetsons; Scooby Doo; Josie e as Gatinhas; Corrida Maluca; Manda-Chuva; Carneirinho e Lobo Bobo; Zé Colmeia; A Formiga Atômica… Todos frutos da imaginação da dupla que reinava em Hollywood.
Hoje os fãs vão à loucura quando séries e filmes, em especial dos universos DC e Marvel, fazem crossovers e misturam os personagens em algum especial. Mas isso não é ideia nova: embora mais comum hoje, Hanna e Barbera já pensaram, lá nos anos 70, “como nossos personagens interagiriam entre si?”. E tomaram os Jogos Olímpicos como mote para reunir todos os habitantes do universo encantado Hanna-Barbera, numa experiência única e inesquecível.
Os personagens clássicos foram divididos em três times: os Assombrados (Scooby Doobies), os Abelhudos (Yogi Yahooeys) e os Rabugentos (Really Rottens), sendo este último um time só de vilões. Cada episódio do desenho tinha meia hora de duração, e o programa estreou nas manhãs de sábado em setembro de 1977 nos Estados Unidos, chegando ao Brasil no ano seguinte.
Tendo como inspiração os recém-terminados Jogos Olímpicos de Montreal, de 1976, o desenho consistia em diversas competições, não necessariamente esportivas, entre os times. Era um sistema de pontos, sendo que no final de cada episódio os pontos eram somados e uma equipe era declarada vencedora.
E é aí que entra o que mais me chamava a atenção no desenho: os vilões também ganhavam. Sim, eles trapaceavam, mas ganhavam de vez em quando. Igualzinho acontece no mundo real. Também podia acontecer de ser declarado um empate: ninguém ganhava. Ou todos ganhavam. Igualzinho na vida real.
Além do narrador não identificado em todos os episódios, havia o Leão da Montanha como apresentador e o Lobo Bobo como comentarista. As competições, assim como as Olimpíadas, aconteciam em cidades diferentes a cada episódio – e teve até um episódio que se passou na Lua!
Os Ho-Ho-Límpicos duraram dois anos, totalizando 24 episódios, reprisados constantemente, e hoje exibidos no canal a cabo Tooncast. Além de ser um exercício na nostalgia (quantos personagens você consegue nomear?), o desenho é adorável, muito divertido e até capaz de ensinar uma ou duas lições sobre a vida.