Tham Garcia, de codinome pin-up Margot May é a Pin-Up do Mês de setembro no Universo Retrô. Ela, que foi ganhadora do concurso de Pin-Ups do Santa Catarina Custom Show, em uma das premiações mais memoráveis entre os concursos já realizados no Brasil! Em sua apresentação, que fazia uma referência a boneca Barbie, lançada em 1959, ela emocionou o público com uma performance que fazia uma crítica às pressões estéticas femininas e aos padrões de beleza atuais, o que a fez conquistar o primeiro lugar no pódio.
Agora, como Pin-Up do Mês do Universo Retrô, Margot nos traz mais uma crítica, inspirada no icônico ensaio de Marilyn Monroe, vestida com um saco de batatas. Segundo versões, na época, Marilyn tinha recebido uma crítica, falando que ficaria melhor se estivesse vestida em um saco de batatas, como ironia, ela fez um ensaio com esse tema. Nos dias atuais, com o vestido de saco de batatas feito pela marca Tia Retrô, Margot nos traz uma reflexão sobre o que é ser pin-up hoje em dia.
Quer saber o que ela acha? Confira a leitura abaixo com os cliques feitos por Lara Feijó.
Universo Retrô: Como iniciou sua identificação com o estilo pin-up?
Margot May: Minha identificação começou na infância. Meu pai tinha revistas da década de 50 e eu folheava sempre. Ficava comparando as roupas, penteados e escolhendo qual eu usaria. Lembro de marcar em uma delas até qual vestido queria usar nos meus 15 anos.
Minha mãe tinha um LP da novela Estupido Cupido também. Eu ouvia muito ele. Mas, quando comecei a assistir produções cinematográficas da época, me apaixonei.
Universo Retrô: Como a cultura retrô está inserida no seu dia a dia?
Margot May: Eu não vivo 100% o retrô no dia a dia, mas, sempre tento trazer algum elemento que represente ele, seja nas vestimentas, no cabelo ou nas músicas e produções audiovisuais.
Universo Retrô: Quais são suas principais referências e influências nesse estilo?
Margot May: Minha primeira grande inspiração foi a Marilyn e a Grace Kelly, porém, também me inspiro muito na Imelda May, Lucille Ball e na drag queen Jinkx Monsoon.
Universo Retrô: Como foi participar do Concurso Pin-Up do SCCS? Foi sua primeira participação? Nos fale sobre essa experiência de ter participado e ganhado.
Margot May: Minha primeira vez no evento e foi uma experiência incrível. Me senti tão em casa que é até difícil descrever em palavras. Foi meu segundo concurso, já havia participado de um em Porto Alegre, em 2019. Sabe, que às vezes, nem acredito que eu ganhei o título (risos). É surreal pra mim que eu tenha chego onde eu cheguei. Sou extremamente grata por terem acreditado em mim e na minha mensagem.
Universo Retrô: Além de ter participado do concurso, você foi a ganhadora com uma apresentação icônica e inesquecível. O que te levou a fazer aquela apresentação que agitou tanto o público e porque acha que fez tanto sucesso?
Margot May: Eu acredito que tenha sido por ser um tema vivido por muitas pessoas. Infelizmente nós crescemos nos auto criticando, porque a sociedade normalizou isso.
Nós somos cruéis com nós mesmos em busca de um padrão estético que ignora muitos fatores e é totalmente desnecessário. Acreditei que esse era o momento propício de trazer essa discussão em um concurso, onde se tem aquele estigma de sermos avaliadas apenas pela beleza dentro do padrão. Hoje, sou a primeira GORDA que é Miss SCCS.
Devemos nos olhar com mais carinho, com orgulho e sermos gentis com o nosso processo de autoconhecimento e de amor próprio. É recompensador.
Universo Retrô: Nos fale sobre a inspiração do seu ensaio para o Universo Retrô.
Margot May: Minha inspiração do ensaio foi a fofoca sobre um jornalista ter falado que a Marilyn Monroe “só parecia bonita devido às roupas luxuosas que ela vestia“. Em resposta, ela fez um ensaio maravilhoso vestindo um saco de batatas.
Desde o dia da seleção do SCCS, minha ideia era levar simplicidade tanto nas minhas roupas quanto acessórios e cabelo. Queria mostrar que ser pin-up não é sobre ser apenas glamurosa, usar saltos, ter os vestidos mais caros, ou até mesmo usar um vestido. É sobre ter amor por aquilo que faz, é ter conhecimento e referências sobre o assunto, é gostar de absorver toda a cultura que esse meio carrega.
Não somos mais apenas ilustrações penduradas numa parede de soldados ou meninas propagandas de marcas. Nós somos resistência, somos feminilidade e somos a liberdade que tanto aquelas mulheres batalharam para termos. A Marilyn sempre foi uma inspiração pra mim, e esse ensaio dela conversa muito com essa minha proposta. Então, achei que seria um tema muito divertido e a minha cara para fazer.
Universo Retrô: Depois dessa experiência você pretende participar de outros concursos ou tem algum outro projeto que queira desenvolver dentro desse movimento?
Margot May: Ainda pretendo participar de outros concursos. Quero conhecer muitos lugares, muitas pessoas e ficaria muito orgulhosa se eu pudesse inspirar mais “menines fora do padrão” a irem em busca do seu espaço e da sua felicidade. Gostaria que tivesse mais eventos no Rio Grande do Sul. Já teve uma cena bem legal antigamente, e hoje em dia, não tem mais. Sinto tanta falta que penso em futuramente produzir um evento aqui.
Ficha Técnica
Foto: Lara Feijó
Modelo: Margot May/ Thamela Garcia
Produção: Margot May e Tia Retrô