Leila Benedetti é redatora do Universo Retrô e uma apaixonada pela década de 1960. O que justifica seu primeiro ensaio profissional ser inspirado nas modelos e estética da época. Como uma aficionada pela subcultura mod, o novo trabalho do Universo Retrô Produções em parceria com Taína Medeiros da Mansão Eventual Estúdio, traz diversos elementos da época, como: explosão de cores, vestido curto com estampa de cogumelo, bota branca, óculos koko e um sutil beehive hair.
Além disso, outros elementos como máquina de escrever, câmera fotográfica e telefone, compuseram as imagens, reforçando não só o tema da proposta, quanto a própria personalidade da nossa musa do mês, que além de redatora do portal é formada eu audiovisual e também se dedica ao teatro.
Diferente dos ensaios clássicos de pin-up com boca bem marcada, delineado gatinho e poses bem curvilíneas, a estética dos anos 60 tinha muita influência jovem com poses mais dinâmicas, leves e descontraídas e Leila nos transporta para essa época com muita maestria.
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Universo Retrô – Dentro da estética retrô, você se identifica mais com a subcultura mod dos anos 60. O que te atrai nessa década?
Leila Benedetti: Acho que mais a rebeldia e o conceito de juventude que estava chegando, o empoderamento feminino, que estava voltando e de forma repaginada, também me atraiu muito. Consequentemente essas coisas interferiram na moda, música e o comportamento das pessoas da época, que ficaram mais descontraídas, animadas, mais “à vontade”, digamos assim.
Cores vibrantes, estampas geométricas, roupas mais confortáveis em relação às das décadas anteriores, músicas mais agitadas… me identifico muito com esses elementos também, pois já tenho personalidade um tanto forte e sou meio agitada (risos)!
Universo Retrô – Quais são suas inspirações nesse estilo, seja na moda, música e/ou cinema?
Leila Benedetti: Pattie Boyd, Nancy Sinatra, Twiggy, Rita Lee na fase dos Mutantes (apesar de ser uma rainha mesmo depois dessa fase), o iê iê iê no geral, programas de TV, como o britânico Ready, Steady, Go! e a nossa Jovem Guarda.
E, apesar de ser voltado para um público mais infanto-juvenil, a série dos Monkees, pois tem cenas em que os personagens estão tocando em festas típicas da época e aquilo lá já nos dá muitas referências. Ah sim, o filme Rio, Verão e Amor (1966), apesar de ter quase nenhum enredo, também nos traz ótimas referências sobre a estética da década.
Universo Retrô – Esse é seu primeiro ensaio fotográfico profissional? Se sim, o que achou da experiência?
Leila Benedetti: Profissional sim, antes disso, já brinquei muito sozinha aqui em casa (nota-se pelo meu Instagram, haha) e alguns anos atrás já treinava com as colegas de faculdade durante as aulas de fotografia. Achei muito divertido, de forma muito curiosa, me senti 100% eu mesma logo quando pisei no fundo infinito do estúdio, esqueci as vergonhas lá no camarim. Dei uma desinibida que nem eu imaginava que podia dar.
Universo Retrô – Por ser seu primeiro ensaio, você foi bem leve e solta na sessão. Acredita que a experiência com teatro contribuiu para sua desenvoltura em frente as câmeras?
Leila Benedetti: Nossa, super! Lá no teatro a gente aprende muito a lidar com a postura, a escolher poses e expressões faciais de acordo com o contexto da cena e escolher um ou mais personagens já existentes (que pode ser tanto da mídia, como alguém da família ou uma pessoa que você só viu uma vez na rua, ou até mesmo um objeto) para estudar e se basear.
Com fotografia não é diferente, apesar das imagens serem estáticas, as fotos também possuem enredo, contam histórias. Portanto, temos que pensar em personagens para se inspirar, montar o seu próprio e se incorporar nele. O cuidado em passar veracidade para o público, ou seja, mostrar os sentimentos do seu personagem sem parecer fingimento, também é algo que a gente aprende no teatro e vai ganhando prática com o tempo.
Universo Retrô – Quais foram suas principais referências para esse ensaio? Por mais que a gente tenha feito um moodboard, você já parecia ter tudo mentalizado sobre o que queria.
Leila Benedetti: As garotas ícones da Swinging London, principalmente a Twiggy e a Pattie Boyd, e as modelos que apareciam nos catálogos de moda das revistas antigas dos anos 60. Me inspirei no moodboard de vocês também, mas, automaticamente, acabei misturando com essas primeiras referências, pois consumo isso com uma certa frequência nas redes sociais e pelos demais cantos da internet. Curto muito, fora que pesquisar e acompanhar esse tipo de conteúdo faz parte do meu trabalho, então acabou virando uma rotina.
Universo Retrô – Você está com o Universo Retrô, praticamente, desde que o portal foi lançado. Começou como colaboradora e devido seu destaque ao lado de mais de outros 80 colaboradores se tornou a redatora oficial do portal. Como tem sido colaborar com o site todos esses anos?
Leila Benedetti: Trabalhar com vocês, tanto como colaboradora quanto redatora fixa, é algo terapêutico para mim. Primeiro que vocês me chamaram num momento de dificuldades, tanto em termos de emprego, quanto de saúde mental, pois a ansiedade estava a mil.
Segundo que, com o portal, consegui achar a minha tribo, antes de conhecer o site e a galera rocker, achava que eu era uma pessoa estranha por acreditar ser a única da minha geração a não se adequar muito às tendências contemporâneas, até que aprendi que isso é bem comum e tá tudo bem!
A subcultura mod (que até então, para mim, era só “estilo sixties” e não uma subcultura com símbolo e tudo mais) não descobri diretamente com vocês, mas foi com alguém que conheci através do perfil de vocês no Instagram e sou grata por isso também.
E, por fim, mas não menos importante, trabalhar no UR me fez ficar mais antenada com a cultura e as tendências no geral. Nossa, como tem tanta tendência bacana do passado voltando para o mainstream contemporâneo, assim me sinto cada vez mais à vontade nesse mundo, haha!
Universo Retrô – Como você enxerga a estética dos anos 60 dentro da moda mainstream?
Leila Benedetti: Enxergo isso com muito orgulho, pois essa mistura de passado e presente na moda indica que os estilistas de hoje estão muito antenados com a história e carregam uma ampla bagagem cultural. Admiro isso não apenas nos profissionais de moda, como também em qualquer pessoa, independente de sua profissão.
História e cultura é algo que todos precisam consumir, embora muitos dizem ao contrário, é tão importante quanto comer, beber e dormir. E agora falando de forma mais individualista, a estética dos anos 60 na moda mainstream me deu mais praticidade em comprar roupas. Obrigada, mídia mainstream atual por lançar essa onda de misturar décadas!
Universo Retrô – Como uma admiradora da década, o que mais sente falta nos dias de hoje relacionada a esse período?
Leila Benedetti: Não muita coisa. Os discos de vinil já voltaram, tem muita banda alternativa por aí com sonoridade sixties, a moda atual tem muita coisa da década, cabelo também ganha a vibe da época de vez em quando, até jovens antenados com política e lutando em prol de uma sociedade menos conservadora e mais igualitária voltamos a ter ultimamente…acho que talvez uma paleta com cores mais variadas no design.
Já existem eletrodomésticos e vitrolas com cores vivas e diversas circulando por aí no mercado, além de alguns móveis, inclusive com a estética da época, como traços mais arredondados e pés palito, por exemplo. Mas a escala de cinza e todo aquele espírito frio do “high tech” ainda predomina, principalmente nos carros, que, além de acinzentar ainda mais a cidade, estão cada vez mais monstruosos com aquela lataria robusta e toda pontuda e faróis que dão aquele olhar “furioso” para os automóveis. Tem até meme refletindo sobre isso circulando nas redes, não sou a única que sente falta de carrinhos mais coloridos e simpáticos, aliás.
Ficha Técnica
Modelo: @leilabenedetti
Foto: @tainamedeirosfotografa
Estúdio: @mansãoeventualestudio
Idealização: @menteflutuante e @miss_delovely
Produção: @producoesuniversoretro
Conteúdo: Site Universo Retrô
Beleza: @miss_delovely