Foto da capa: Coisa Velha/Instagram
Eis que você é uma criança nos anos 90 assistindo a Sessão da Tarde na Globo e, como de costume, vê um comercial onde a Xuxa convidava o espectador para tentar a sorte com o título de capitalização Papa-Tudo. Às vezes sua mãe, sua avó ou sua tia comprava um e começava a torcer para ganhar os prometidos milhões e outros prêmios chamativos.
Até que, um dia, o Papa-Tudo some de repente da televisão, dos pontos de venda e da memória de todo mundo. Aí, trinta e poucos anos depois, você relembra e se pergunta: “surtei?”. Nós do UR afirmamos que não, o Papa-Tudo realmente existiu e, assim como qualquer coisa brasileira dos anos 90, é toda envolta por polêmicas.
História
Em 1991, logo depois que Silvio Santos fundou e começou a bombar com a Tele Sena, a corretora de valores brasileira Interunion Capitalização resolveu fazer concorrência e criou o Papa-Tudo. O então novo título era bastante similar ao do “homem do baú”, do tipo tele-bingo, e prometia prêmios parecidos, como dinheiro, casas e carros.
Ainda, para se tornar uma concorrência forte, o fundador da Interunion, Artur Falk, aproveitou a inescrupulosa disputa pela audiência entre a Globo e o SBT que rolava na época e firmou uma parceria de marketing com a emissora carioca. E, então, a Globo passou a veicular anúncios com suas personalidades famosas, principalmente a Xuxa, e um programa dominical que divulgava os ganhadores dos títulos.
A polêmica por trás de Papa-Tudo
Assim como a Tele Sena, o Papa-Tudo foi um sucesso, tanto nas vendas de seus títulos quanto na audiência do programa Show do Papa-Tudo, comandado por César Filho. Mas, entre 1994 e 1995, a Interunion passou a não entregar os prêmios para os ganhadores e, em 1996, recebeu uma intervenção pela Susep, dando o fim no título de capitalização.
Em 1998, a empresa sofreu uma liquidação extrajudicial, conseguindo pagar seu último credor apenas em 2018, e, em 2000, Artur Falk foi denunciado pelo Ministério Público e condenado à prisão por fraude, condenação esta anulada anos depois por prescrição.