Moderna, escandalosa e, logo, condizente com o movimento jovem que explodia nos anos 60, Peggy Moffitt se tornou um ícone da moda nos mesmos patamares que a Twiggy, com a diferença de que uma é americana, enquanto que a outra é britânica. Não à toa, visto que a it-girl e modelo oficial de Rudy Gernreich foi quem fez a graça de popularizar a estética geométrica, aderindo aos cortes de Vidal Sassoon e se automaquiando de forma mais artística, além de alavancar sua carreira como a primeira modelo a escandalizar posando de monoquini.
Peggy esteve na ativa até sua saúde dizer “chega!”, seja modelando e atuando em filmes cult nos anos 60, ou recebendo homenagens de estilistas famosos e lançando grifes e coleções com direito a parcerias recentemente. A modelo nos deixou aos 87 anos devido a complicações de demência neste dia 10, mas a notícia só veio a público no dia 13.
Início e a popularização do monoquini
Margaret Moffitt, como foi batizada, nasceu em Los Angeles em 1937 e, depois de terminar o ensino médio, foi para Nova York para estudar na Neighborhood Playhouse School of the Theatre. Quando se formou, voltou para sua cidade natal para começar sua carreira de atriz fazendo pontas não-creditadas em filmes que hoje são considerados cults.
Sua carreira de modelo começou na mesma década, mas só foi deslanchar em 1964 ao aceitar posar com o então novo invento do estilista Rudi Gernreich, o monoquini. A peça era muito polêmica para a época por apresentar o mesmo conceito do topless, e, depois de cinco recusas vindas de outras modelos contratadas, Peggy aceitou a proposta, apesar da resistência e do medo inicial de sua carreira sair fora do controle. Aliás, o receio foi tão grande que quem clicou as fotos foi o marido da modelo, que também era fotógrafo profissional, William Claxton, para evitar possíveis assédios.
Auge e novo visual
Com a repercussão chocante e, ao mesmo tempo, positiva dos cliques com o monoquini, a imagem de Peggy se tornou revolucionária. Portanto, ela acabou repaginando seu visual para algo mais ousado e moderno para a época, como um corte bem curto assinado por Vidal Sassoon, makes mais elaboradas (sendo a inspirada no Arlequim a mais icônica) e roupas mais de acordo com a era da Swinging Sixties.
Ao contrário do que ela temia no início, Peggy se consagrou na carreira e passou a desfilar para várias marcas famosas, não apenas em Nova York, como também em Londres e Paris. Além disso, ela se tornou um símbolo feminista, principalmente na luta pelo uso de tecidos mais fluídos, que trazem mais conforto para o corpo feminino. Ela continuou sendo chamada para atuar em filmes com a temática de moda entre os anos de 1966 e 1967, como Blow-up e Who Are You, Polly Maggoo?, mas ainda recebendo papeis não-creditados.
Pós Sixties
Sua carreira de modelo permanecia a mesma até Rudi falecer em 1985, lhe dando como herança os direitos da marca do estilista e um guarda-roupa com mais de 300 de suas criações, nas quais ela usou para montar a exposição The Total Look: The Creative Collaboration Between Rudi Gernreich, Peggy Moffitt and William Claxton, exibido no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles.
Após isso, ela passou a servir como referência para desfiles e campanhas, destacando a homenagem de Marc Jacobs. Em 2003, Peggy assinou uma coleção de camisetas para a grife japonesa Comme des Garçons, enquanto que em 2016 fundou sua própria marca de roupas casuais em parceria com a designer americana Evelina Galli.