O sexto álbum de estúdio de The Who, Quadrophenia, completa meio século no próximo mês de outubro. Ícone entre a subcultura mod, o disco é uma das duas operas rock lançada pela banda (a outra é Tommy, de 1969) e tem como tema o transtorno de personalidade múltipla.
No decorrer das 17 faixas, que, aliás, são distribuídas em dois discos, acompanhamos a história de Jimmy, um jovem mod que sofre de personalidade quádrupla. Cada um de seus traços representam um dos quatro integrantes do The Who – Roger Daltrey, o durão; John Entwistle, o romântico; Keith Moon, o lunático e Pete Townshend, o mendigo. Além disso, cada traço é descrito em uma faixa, como podemos perceber em Helpless Dancer, Is it Me?, Bell Boy e Love Reign O’er Me.
Quanto às outras treze, doze delas narram os acontecimentos vivenciados por Jimmy, enquanto que a penúltima é um instrumental que mistura as quatro músicas que descrevem as personalidades do protagonista, The Rock.
A história contada no álbum Quadrophenia
Quadrophenia é ambientado na Londres do início dos anos 60, onde os mods e os rockers estavam não só em alta, como também em guerra. Sua narrativa em primeira pessoa gira em torno de dois dias da vida de Jimmy, mostrando um pouco de sua vida em casa, no trabalho, em seu psicanalista, assim como a sua frustrante vida social. Na metade do disco, durante a faixa I’ve Had Enough, ele é expulso de casa logo após seus pais encontrarem anfetaminas em seu quarto.
Com isso, ele toma algumas doses da droga, pega um trem para Brighton, rouba um bote, rema para uma rocha no meio do oceano e, agarrado nela, é tomado por uma forte chuva. Sem motivos para viver, ele se rende ao estado que ali se encontra. Mas o seu fim, ou seja, se ele saiu vivo dessa ou não, fica por conta da imaginação do ouvinte.
Álbum vs. Filme (atenção: esse tópico tem spoilers!)
Devido ao seu sucesso, o álbum acabou ganhando uma adaptação homônima para o cinema em 1979. O ator que interpretou Jimmy foi Phil Daniels e ainda contava com um personagem que não tinha no disco, o líder idolatrado de sua trupe de mods Ace Face, vivido por Sting, integrante do The Police.
Assim como qualquer adaptação cinematográfica de um livro ou outro tipo de mídia, seu enredo passou por breves mudanças, mas sem interferir no contexto original. Aqui também vemos um Jimmy jovem, mod, usuário de anfetaminas, portador do transtorno de personalidade quádrupla (afinal, é o ponto principal da história) e que se juntava com seu grupo para se encrencar com os rockers, rivalidade esta que deu a deixa para o roteirista colocar o histórico conflito das praias de Brighton no meio da trama.
No disco, a derrota de Jimmy acontece quando seus pais o expulsam de casa por conta da anfetamina encontrada no quarto. Já no filme seu buraco é um pouco mais fundo – ele é expulso da casa dos pais, mas também é traído pela namorada com seu melhor amigo, preso por ter participado do conflito verídico e, ainda, descobre que o líder de seu bando, o qual era visto como o seu último herói, trabalhava como bagageiro de um hotel.
A forma em que ele terminou a trama na água também foi um tanto diferente, ao invés de ir até uma rocha no meio do oceano de barco, ele simplesmente roubou a lambretta de seu líder e saiu correndo com ela por cima de um penhasco. A última cena é da scooter caindo de lá sem o motorista, deixando o fim de Jimmy a cargo da imaginação do espectador.
Mesmo sendo cada vez mais fã deste disco, desconhecia algumas das informações dessa matéria. Muito obrigado.
Opa, magina! ;)