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Saiba tudo o que rolou na 19º edição do Viva Las Vegas Rockabilly Weekend

25 de abril de 2016, por Cherry Rat
Eventos

Na última semana, entre os dias 14 e 17 de abril aconteceu o Viva Las Vegas Rockabilly Weekend, evento mais esperado pelos amantes da cultura fifties, que acontece todo ano em Nevada, Estados Unidos. Estive lá fazendo a cobertura oficial para o Universo Retrô e vou contar como foi essa experiência para vocês.

Antes de começar, preciso dizer que quem tem o aplicativo do evento ou a programação, sabe que rola uma infinidade de outras atividades e shows no mesmo dia, mas explico desde já que muitas das atrações ocorrem ao mesmo tempo e, infelizmente, não dá pra ver ou fazer tudo o que o evento oferece. Sendo assim, vou falar somente sobre o que tive a oportunidade de ver.

Quarta-feira (13.04)

O evento começa no dia anterior ao festival, na tradicional pré-festa no rancho do Ronny Weiser, produtor e fundador da Rollin’ Rock Records – basicamente o cara que ajudou a popularizar o termo “rockabilly”. Lá estavam muitas dos artistas que iriam tocar no evento e público em geral. Nesse evento acontecem várias jams sessions.

Há uma lista com o nome das pessoas que querem tocar, e assim o evento procede. E pra aquecer os tambores pro Viva Las Vegas tocaram por lá Mack Stevens, TJ Mayes, The Lovers e a banda brasileira Old Stuff Trio, entre outros dos muitos músicos que ali estavam, inclusive, nós da Cherry Rat & Os Gatunos.

Cherry Rat

Cherry Rat em jam no Rancho do Ronnie (Foto: Arquivo Carlos Rotondaro Charlie Callthrop)

Quinta-feira (14.04)

Na quinta feira, seguindo a programação, chegamos às 10h da manhã no The Orleans, hotel em que acontece o evento, pra pegarmos as pulseiras para o festival. Ganhamos uma sacolinha do VLV com um livrinho e a programação toda, dado em nossas mãos por ninguém mais ninguém menos do que Miss Ruby Ann (cantora de rockabilly). Ficamos por ali um tempo aproveitando um dos magníficos bares de dentro do hotel, esperando pelo início dos shows.

Cherry Rat e Miss Ruby Ann

Cherry Rat entregando o Calendário do Universo Retrô para Miss Ruby Ann (Foto: Arquivo – Cherry Rat)

A primeira festa foi a Sweetpea’s Hoochand Smooch, um mini evento dentro do VLV que é realizado para as pessoas se conhecerem, fazerem amizade enquanto rolam pocket shows das bandas que ainda vão se apresentar durante os 4 dias de evento. O primeiro show começou por volta das 13h com a banda brasileira Old Stuff Trio, que fez bonito abrindo o festival com muito estilo, qualidade musical, um show impecável e, claro, emocionante.

Tocaram por lá outras bandas como Marshall Scott Warner, na qual o vocalista e o baterista, que toca de pé, são a mesma pessoa. Também teve a participação da banda Starjays com uma vocalista maravilhosa e um show impecável. No mesmo evento ainda tiveram as apresentações das bandas The Buzzards e a banda mais querida de Las Vegas: Delta Bombers (da qual falarei daqui a pouco).

Old Stuff no VLV19

Old Stuff Trio tocando no Viva Las Vegas 2016 (Foto: Arquivo – Billy Joe)

Ainda na quinta-feira, um pouco mais tarde, pude assistir ao maravilhoso show da banda Silvertooth Loos and the Witch, que, pra mim foi uma surpresa, é uma banda que poderia facilmente tocar no Psycho Carnival no Brasil. Eles têm muita energia, um vocal agressivo, e os músicos mascarados, e, além de tocarem muito bem, são muito estilosos.

Corremos para o outro palco para assistir a Jimmy Dale e depois, de volta ao outro salão, pegamos o show de um grupo de doo wop apaixonante chamado The Extraordinaries. Harmonia de vozes impecável, sem mais. Logo depois pude ver o maravilhoso TJ Mayes, um guitarrista de mão cheia e excelente vocalista.

Sexta-feira (15.04)

Na sexta-feira, os shows começaram um pouco mais tarde. No período da manhã ocorreu o Fashion Show e aulas de jive, mas como minha motivação foi a música, não chegamos a tempo de acompanhar essas atrações. O concurso de trajes de banho masculino na piscina do hotel foi cancelado pelo mal tempo. Pois é, Las Vegas não é só feita de sol e calor. Nesse dia, o vento estava terrivelmente forte e algumas nuvens ameaçaram uma chuva, então, aproveitamos para conhecer a pista de boliche e o Sailor Jerry Tattoo Lounge.

Parei no stand do documentário “Bombshells and Dollies”, no qual estavam expostas as fotos das concorrentes ao Miss Pin-Up VLV do ano anterior. Não hesitei e peguei as fotos das maravilhosas Marília Skraba e Angie Honeyburst, as duas brasileiras que nos representaram com muita classe, ganhando os prêmios de segunda colocada e melhor figurino, respectivamente. Aproveitei pra dar minha contribuição pra que o documentário seja finalizado e de quebra ainda ganhei um ticket para concorrer ao sorteio de uma guitarra Gretsch (que eu não ganhei).

Então, fomos para o salão assistir a uma banda muito fofa do Japão chamada The Pringles. Duas vocalistas cantando em harmonia, um guitarrista perfeccionista, muita energia e paixão no que estavam fazendo. Houve uma música que uma das vocalistas começou errado, então todos eles começaram a rir, pararam a música, fizeram piadas sobre a situação e, por incrível que pareça, isso deixou o show ainda melhor. Infelizmente eles tocaram muitas músicas cover e deixaram o trabalho autoral um pouco abafado, mas ainda assim conquistaram o público.

No mesmo dia pude ver The Downbeats, The Starjays, desta vez com o show completo, Ezra Lee (Austrália), Jack Scott, The Space Cadets, Dave Phillips e, então veio ela, a poderosa Jai Malano (que já se apresentou no Brasil), com a voz mais perfeitamente afinada e afiada da noite. Seguimos com o show do LilMo & The Dynaflos, doo wop muito bem feito e um show bem divertido.

Sábado (16.04)

Ele chegou, o dia mais esperado da vida de muitas pessoas que ali estavam, pois esse seria o dia em que veríamos o mestre. Ele, que já esteve até em episódio de Os Simpsons, mister Brian Setzer. Mas calma que eu já chego lá.

Sábado é dia de Car Show e é dia de Pin Up Contest. Chegando lá já estavam três beldades recepcionando o público; a ruiva poderosa Doris Mayday (@dorismayday), a barbie negra Angelique Noire (@theblackpinup) e ele, o cabeleireiro das pin-ups, o mago dos penteados Tony Medina (@hisvintagetouch).

Logo adiante estava a diva maior do planeta terra Dita Von Tease, lançando seu livro e com uma fila “quilométrica” de fãs esperando por um segundo e um clique ao lado dela, praticamente impossível se aproximar se você quisesse ver as outras atrações.

VLV

Angelique Noire, Doris May Day, Tone Medina e Cherry Rat (Foto: Arquivo – Cherry Rat)

Então, fui para o palco e lá estavam se apresentando a banda The Jets, que muitos de vocês tiveram a oportunidade de assistir no Brasil. O show deles é mesmo muito bom e quando eles cantam à capela é de arrepiar. Após o show do Jets começou o concurso de Miss Pin-up VLV.

Todas as candidatas eram maravilhosas, claro. A vencedora desse ano foi a Pinup Little Bit, também chamada de “La Morenita”, uma morena linda que vale a pena seguir no Instagram @pinuplittlebit (logo mais volto a falar dela). Aproveitei esse intervalo antes do próximo show pra ver os carros maravilhosos, afinal era o Car Show. Passei vontade e preferi voltar pra ver os shows que já iam recomeçar.

Ganhadoras do Concurso

Ganhadoras do Concurso de Pin-Up (Foto: Arquivo – @pinuplittlebit)

Em seguida subiu ao palco a banda mais agitada do evento, Polecats (veja entrevista para o UR aqui). Uma mistura de rockabilly com punk muito divertida. O vocalista Tim Polecat tem muita energia no palco e os músicos, um pouco mais contidos, são impecáveis. O melhor momento foi quando começaram a tocar Little Pig junto com o público, foi marcante.

E emoção começou a rolar quando foi anunciado o show do Senhor da Surfmusic, a lenda viva Dick Dale, pela sua mulher Lana Dale, que vestia uma camiseta com o nome do marido e estava notavelmente emocionada ao apresentá-lo. Ele deixou muita gente para trás no quesito animação.

Claro que, aos 78 anos, muitas notas ficam perdidas no meio das músicas e a perfeição passa longe, mas isso é completamente insignificante diante da genialidade desse músico. Aplausos também para os músicos que o acompanham, pois essa não é uma tarefa fácil. O show ainda contou com Dick Dale tocando bateria e tocando baixo com baquetas. Impressionante.

Nesse momento eu já não sentia meus pés, estava em pé ali há horas, tentando me aproximar da grade e finalmente consegui. Foram entrando instrumento por instrumento, guitarra por guitarra e o coração ficava cada vez mais apertado, então a música ficou mais alta, começou a tocar Viva Las Vegas e logo em seguida surge no palco a atração mais esperada do dia, ou melhor, do evento: Brian Setzer.

Eu me atrevi a olhar para trás, já que estava colada no canto esquerdo da grade e havia um mar de gente de olhos vidrados. Como já era de se esperar, o show foi simplesmente maravilhoso, fantástico, impecável, magnífico e eu poderia ficar aqui colocando mais um milhão de bons adjetivos. Foi muito emocionante assistir a esse show com todas as suas trocas de guitarras e um repertório com um pouquinho de Stray Cats, mas, em sua maior parte, com músicas do projeto solo do Brian Setzer.

O público foi a loucura quando ele tocou “Let’s Shake” uma das músicas mais recentes do seu projeto. Fizeram parte do repertório “49 Mercury Blues”, “Stray Cat Strut”, “Fishnet Stockings”, “Rumble in Brighton”, “Folsom Prison” cover de Johnny Cash, “Sleepwalk” entre muitas outras e finalizou com “Rock This Town”. Acredito que todos tenham saído de pernas bambas e lágrimas nos olhos.

Mas o evento não acabou por aí, havia muito mais emoção pra acontecer ainda no sábado. Voltamos para dentro do hotel a tempo de assistir mais uma lenda, SleepyLaBeef e, então, já corremos pro outro palco pra assistir Rocky Burnette com Darrel Higham na guitarra. Os shows da noite seguiram assim: assistimos um pouco de cada e a atração da vez era Big Sandy & The Flyrite Boys (veja entrevista aqui). Foi uma verdadeira aula.

Além de ser um músico exemplar, Big Sandy esbanja simpatia, alegria, graça e uma voz muito potente. Adora falar e brincar com público no meio do show e foi assim que ele chamou um amigo, Pachuco Jose, que supostamente faria uma participação especial no show. Nada disso, Pachuco Jose fez o pedido de casamento a sua mulher ali mesmo, na frente de todos e foi realmente emocionante.

Darrel Higham e Cherry Rat

Darrel Higham, ex-marido e ex-guitarrista da cantora Imelda May com Cherry Rat (Foto: Arquivo – Cherry Rat)

Engana-se quem pensa que o sábado parou por aí. Restless (confira entrevista aqui), mais uma banda que já se apresentou no Brasil começou a tocar e o público veio abaixo com o som desses caras. Mais um show memorável dessa edição do VLV.

E então chegou a vez dele, o último que veríamos aquela noite, Darrel Higham. Ele, que tem uma longa carreira no rockabilly, ex-marido e ex-guitarrista da cantora Imelda May e que já tocou com Jeff Beck, estava bem ali na nossa frente com seus solos, riffs e timbre de guitarra inconfundíveis, tocando e cantando músicas de sua carreira solo. Perfeição é a palavra que define o show dele.

Domingo (17.04)

Hora de relaxar e tomar uns drinks na piscina, afinal domingo é dia de Pool Party! Pra nossa sorte, os concursos de trajes de banho (masculino e de casal) que aconteceriam nos dias anteriores foram adiados pro domingo, que veio bem a calhar porque é o dia em que todos querem estar ali curtindo. Mas não se enganem achando que todo mundo vai pra piscina assim, de qualquer jeito, nada disso. A Pool Party é praticamente um desfile de gente bonita com trajes de banho vintage ou retrô e, obviamente, penteados impecáveis.

Pin-up Little Bit (Foto: Reprodução)

Pinup Little Bit (Foto: Reprodução)

Assisti aos concursos e adivinhem só quem ganhou o concurso de traje de banho feminino? Novamente ela, Pin-Up Little Bit, usando um biquíni vintage com desenhos de sapinhos que ela encontrou no Ebay, enquanto procurava por sapos pra comprar para a filhinha dela. Ela também fez uma bolsa de sapinho pra combinar com o modelito e não teve como não ganhar.

Ainda pudemos conferir o show da banda de surf music The Exotics e a apresentação de algumas dançarinas de hula, que deram uma boa animada na festa. Voltando pra dentro do hotel, consegui assistir um trecho da Dave and Deke’s Hillbilly Fest, que contou com a votação para Miss Hillbilly. No palco tinham “bancos” de feno, uma mesa com um forno e um frango sendo assado na hora, uma “casinha” (representando os banheiros das fazendas de antigamente), um microfone com uma capa de espiga de milho entre muitos outros elementos engraçados do mundo Hillbilly.

Um show extremamente divertido e teatral com a presença mais ilustre de todas, o Sr. Dom Maddox, dos Maddox Brothers. Saí de lá e fui assistir o show da banda Jittery Jack que conta com uma guitarrista fenomenal. Ela realmente deixa qualquer um babando, mas mesmo assim não apaga a estrela do vocalista que tem uma presença de palco e uma voz magníficas.

Descemos as escadas pra não perder nenhum momento do show da Old Stuff Trio, esse sim foi o show completo e oficial deles. Lá ficamos sabendo que o idealizador da banda, que também é o idealizador do evento Big River Festival, há alguns anos realizado no Brasil, Billy Joe Rocker, seria incluído no International Rockabilly Hall Of Fame no Tennessee. E a emoção rolou solta novamente.

Logo depois da performance maravilhosa dos nossos brazucas, veio mais um velho conhecido dos brasileiros, Mack Stevens, que já teve oportunidade de tocar em duas edições do Big River Festival (uma em Sapucaia do Sul e outra em São Paulo). Um show arrasador e com muita energia. Mack sabe como fazer o verdadeiro rockabilly.

Subi mais uma vez, desta vez pra assistir o show completo da banda The Delta Bombers. Eles fazem um som pesado, com uma pegada country e um vocal rasgado. É puro rock’n’roll. A legião de fãs deles também é muito grande e não é pra menos. E assim terminou a maratona do VLV 19, com o show da Gizzelle e casa lotada. Agora é esperar a organização anunciar as atrações do VLV 20, que promete.

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2 Responses

  1. Gabs Ferreira

    Ótimo texto, mas só pra ressaltar uma coisa, a ganhadora do miss vlv é NEGRA, não morena. Falar a palavra negra não é insulto, tá? Pode falar com vontade. Adorei o evento e espero poder comparecer no próximo. ?

    1. Cherry Rat

      Olá. Só para esclarecer a pin up Little Bit é de origem latina. A mesma se descreve como “La Morenita” portanto, sim, ele é uma morena maravilhosa. Existem pin ups negras incríveis como a Angelique Noire (citada na matéria, inclusive) entre outras. Espero que você possa vir ao próximo pra conhecer as beldades e a festa em si.

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