Na madrugada deste dia 17, mais precisamente às 4h50, perdemos Silvio Santos por conta de uma broncopneumonia. O comunicador tinha 93 anos e estava internado no Hospital Albert Einstein desde o último mês de julho para se tratar da gripe influenza.
Por ter uma vasta história, com muitas situações e conquistas, ele acabou se tornando uma pessoa icônica, um marco na história da televisão brasileira, o que acabou levando o Governo e a Prefeitura de São Paulo a decretar luto por sete dias pela sua morte. A comoção aqui no UR está alta, até porque tem muita nostalgia de nossa infância (e da infância de alguns leitores também) envolvida e, portanto, vemos a necessidade de relembrar sua trajetória “em ritmo de matéria”, confira.
A trajetória de Silvio Santos
Começando como camelô
Nascido em uma família judia no Rio de Janeiro em 1930, o originalmente batizado Senor Abravanel se formou técnico em contabilidade na Escola Técnica de Comércio Amaro Cavalcanti, mas começou sua vida profissional como camelô vendendo canetas e capas para título de eleitor, aproveitando a redemocratização do Brasil depois da ditadura do Estado Novo.
Sua voz inconfundível e carisma atrairam uma grande clientela e chamaram a atenção da Rádio Guanabara, que o chamou para fazer um teste. Silvio aceitou o convite e passou de primeira, mas preferiu continuar como camelô porque faturava mais. Já em 1948, ele serviu o Exército Brasileiro na Escola de Paraquedistas, onde se destacou com seus saltos considerados bons.
Migrando para a área de comunicação
Em paralelo a sua atuação como paraquedista no Exército, Silvio voltou para o rádio para trabalhar como auxiliar do programa de Silveira Lima, na Rádio Mauá, todos os domingos. Depois ele passou a trabalhar na Rádio Tupi e na Rádio Continental, além de fazer figurações para a TV Tupi.
Um tempo depois, quando mudou para São Paulo, ele passou a trabalhar na Rádio Nacional, mas ainda tinha o gosto por empreender. Nesse meio tempo, criou uma revista de passatempos chamada Brincadeiras para Você, além da Caravana do Perú que Fala, que juntava vários artistas para se apresentar em circos e clubes nos finais de semana.
Baú da Felicidade
Em 1958, ainda na Rádio Nacional, seu amigo e colega de rádio Manuel de Nóbrega administrava paralelamente o Baú da Felicidade junto com um sócio alemão. A então pequena empresa vendia inicialmente brinquedos a prazo por meio de pagamentos em carnês e entregava os produtos para seus clientes em baús.
Por conta de dificuldades e da traição vinda por parte do sócio, Manuel passou o ponto do Baú para Silvio Santos, que fez a empresa crescer e vender, além de brinquedos, outros itens como eletrodomésticos e até mesmo casas e carros. O Baú da Felicidade passou a ser base dos futuros programas de televisão de Silvio.
Do rádio para a televisão
Em 1960, Silvio Santos decidiu adaptar seus shows, espetáculos e sorteios realizados com a Caravana do Perú em programas de televisão. Seu primeiro programa do tipo foi o Vamos Brincar de Forca na TV Paulista de São Paulo, que fez um tremendo sucesso. Já em 1963 ele lançou o seu principal e duradouro Programa Silvio Santos, que era de auditório e apresentava variedades. Outros programas dele vieram nessa mesma época, como Pra Ganhar é só Rodar e o Festival da Casa Própria, este último estreado em 1965 na TV Tupi.
A TV Paulista ganhou novos donos e se transformou na TV Globo em 1965, mas Silvio continuou com o Programa Silvio Santos na nova emissora, ultrapassando os pontos de audiência do programa Jovem Guarda, da Record. À medida que o sucesso aumentava, mais atrações o programa ganhava, como realizações de sorteios e a premiação do Troféu Imprensa.
TVS
Nos anos 70, a TV Globo resolveu mudar seu padrão de qualidade, deixando de lado os programas independentes de auditório para dar lugar a filmes, novelas, esportes e jornalismo. Silvio via seu programa destoar do novo visual da emissora, mas, por outro lado, ele já tinha a sua própria produtora, a Studio Silvio Santos Cinema e Televisão Ltda., que produzia, além de seus programas, comerciais de TV e coberturas jornalísticas.
Em 1976 a Studio Silvio Santos se tornou a TVS, que inicialmente só era transmitida no Rio de Janeiro. O primeiro programa a ser lançado naquela emissora era o de perguntas e respostas Silvio Santos Diferente, logo depois vieram programas humorísticos, musicais de auditório, séries, desenhos animados e flashs jornalísticos. O Programa Silvio Santos também entrou para a grade de programação, assim como as novelas em 1977, sendo a sua primeira O Espantalho.
A chegada do SBT
Com o fim das transmissões da TV Tupi em 1980, o canal 4 passou a ficar vago e disponível para novas concessões. Depois de uma batalha envolvendo não apenas veículos concorrentes, como também o Governo Federal, Silvio Santos conseguiu o canal e fundou a TVS São Paulo em 1981.
Com a TVS Rio de Janeiro já com alguns anos funcionando plenamente, a emissora se tornou uma rede que, ainda no mesmo ano, ganhou mais filiais, a TVS Porto Alegre e a TVS Pará. Nessa mesma época sua grade de programação passou a ser aquela que já conhecemos e nos desperta uma grande nostalgia, exibindo, além do jornalismo, programas de auditório e das novelas, programas como a do Bozo, desenhos clássicos como os de Pernalonga e Tom & Jerry e, poucos anos depois, os carros-chefes Chaves e Chapolin.
Cada uma dessas filiais se apresentavam com a sigla TVS nas exibições, mas a rede mesmo já havia sido nomeada para SBT desde 1981. Aos poucos, as vinhetas e a logo dos canais foram sendo exibidas com a então nova sigla.
(Amando essas vinhetas, e vocês? *-*)
Afastamento da televisão
Silvio Santos brilhou em frente às câmeras com seus programas no SBT até chegar a pandemia da covid-19. Em 2021, mesmo com a pandemia em alta ainda e fazendo parte do grupo de risco, ele voltou com as gravações do Programa Silvio Santos, mas teve que se afastar novamente após ser internado por conta do vírus. Seu último programa foi gravado em setembro de 2022 e exibido em fevereiro de 2023.
Depois disso, o comunicador se afastou de vez da televisão sem anunciar oficialmente a sua aposentadoria. A presidência do SBT passou para sua filha Renata Abravanel, enquanto que a apresentação de seus programas para suas outras filhas, Patrícia, Rebeca e Silvia Abravanel.