Suzy King, famosa faquiresa brasileira conhecida por “encantar serpentes” na década de 50, que escandalizou a sociedade de seu tempo e morreu esquecida em um parque de trailers, na Califórnia (EUA), em 1985, ganha biografia feita pelos historiadores Os Albertos (Alberto de Oliveira e Alberto Camarero), que fizeram uma pesquisa intensa durante 8 anos sobre a bailarina “exótica”.
Quem foi Suzy King?
Nascida Georgina Pires Sampaio na região de Jequié, na Bahia, em 1917, Suzy King era filha de um casal de lavradores protestantes e foi dada por seus pais a missionários da Igreja Batista no início da adolescência, para que se tornasse missionária também. Em 1932, aos quinze anos de idade, ela foi morar em Salvador (BA).
Assim que completou vinte e um anos, embarcou sozinha em um navio rumo a São Paulo, onde iniciou sua carreira artística como cantora usando o nome Diva Rios. Em 1943, passou a viver no Rio de Janeiro, morando em uma pensão na Lapa e atuando também no balé clássico e folclórico.
Entusiasmada com a vedete Luz del Fuego, adotou o pseudônimo Suzy King no início dos anos 1950 e passou a dançar com cobras. Nessa época, também se mudou para um apartamento em Copacabana (RJ).
Com o passar dos anos, Suzy King se envolveu em uma porção de episódios excêntricos e estampou as primeiras páginas dos principais jornais cariocas. Quando se tornou uma mulher-faquir e iniciou uma série de espetáculos públicos de jejum, encerrada em uma urna de vidro na companhia de seus ofídios, Suzy King alcançou certo prestígio.
O auge de sua carreira se deu em 1959, quando cavalgou seminua no centro do Rio de Janeiro e tentou bater o Recorde Mundial de Jejum passando cento e dez dias sem comer em uma loja na Galeria Ritz, em Copacabana.
No início dos anos 1960, ela gravou marchinhas carnavalescas de sua autoria, mas o espaço para os artistas de seu gênero era cada vez menor no Brasil. Prestes a completar cinquenta anos, Suzy King deu uma virada em sua vida: em 1966, se registrou em um cartório de registro civil como Jacuí Japurá Sampaio, tirando dezessete anos de sua idade verdadeira.
Avançando pela América do Sul e pela América Central, sempre com suas serpentes, chegou ao México e se tornou um grande cartaz, sendo anunciada como “Yacui Yapura, la Reina del Amazonas”. Na fronteira do México com os Estados Unidos, Suzy King conheceu o texano Bill Bailey, como era conhecido Weldon Jackson Bailey, e se casou com ele na Califórnia em 1970.
O casal viveu em parques de trailers em Chula Vista, no condado de San Diego, também na Califórnia, durante quinze anos.
Em 1985, vivendo sozinha em um desses parques de trailers, Suzy King morreu e seu corpo foi encontrado dias depois, já em estado de decomposição. Esquecida por décadas, Suzy King foi resgatada pela dupla de historiadores Os Albertos no livro “Cravo na Carne – Fama e Fome: O Faquirismo Feminino no Brasil”, publicado em 2015 pela editora Veneta, no qual foi perfilada ao lado de outras dez mulheres-faquir que se apresentaram no Brasil entre 1923 e 1959.
Em 2019, ela teve sua história contada pela cineasta e atriz Helena Ignez no documentário “Fakir”, também dividido com outros grandes nomes do faquirismo nacional.
Atualmente, os Albertos estão prestes a lançar um longa-metragem sobre sua vida: “A senhora que morreu no trailer”, que está pronto e será lançado pela DGT Filmes em 2021. Os Albertos pesquisam a vida de Suzy King desde 2012 e já estiveram em diversas partes do Brasil, do México e dos Estados Unidos seguindo seus rastros.
Livro está em fase de crowdfunding
O livro, que será lançado com o título Suzy King, a Pitonisa da Modernidade, é ilustrado, colorido, divertido e extravagante – como era a própria Suzy King -, já se encontra diagramado e pronto para impressão, mas está em fase de financiamento coletivo no Catarse, para reunir dinheiro suficiente para imprimir 1000 exemplares até 12 de dezembro deste ano.
É possível contribuir com qualquer valor, mas quem apoiar com valores a partir de R$ 100 receberá um exemplar do livro quando estiver impresso. É um livro enorme (25cm de largura por 30cm de altura), fartamente ilustrado, com 208 páginas coloridas e repletas de histórias incríveis.