Com as grandes mudanças acontecendo na cultura e na sociedade dos anos 60, principalmente em Londres, não demorou muito para Vidal Sassoon aparecer e revolucionar o corte de cabelo feminino.
Pensando em facilitar a vida das mulheres (pelo menos na hora de cuidar da estética), o renomado cabeleireiro pensou em criar cortes práticos, que não dependessem de penteados ou de produtos pós-secagem, e treinou a equipe de seu salão para fazer o mesmo. Ainda, para aliar a praticidade com o bom visual, levou o estilo modernista e atemporal da Bauhaus para seus cortes. O resultado? Cabelos bem curtinhos e supergeométricos.
Os tipos variavam de acordo com o gosto da cliente. Alguns eram bem curtos mesmo e possuíam franjas bem retas (vide cabelo da estilista Mary Quant), outros eram um pouco mais compridos, porém não passavam da altura do queixo, e a franja era lateral e pontuda, ideal para aquelas que queriam um corte moderno, porém não andrógino ou tomboy.
Por conta do estilo inovador, da versatilidade e, provavelmente, do baixo custo para cortar e manter, os cabelos de Vidal Sassoon se tornaram febre tanto entre as moças comuns, quanto as famosas. A “mãe” das minissaias citada acima, Twiggy, entre outras figuras da época, já passaram pelas tesouras de Sassoon. Inclusive Mia Farrow, que cortou o cabelo com ele especialmente para o filme O Bebê de Rosemary e causou tumulto no set de filmagens.
Os homens também não ficavam de fora. Até os caras da Rolling Stones frequentavam seu salão, e o hairdresser dos Beatles, Leslie Cavendish, foi aprendiz de Sassoon, o que pode ser notado ao ver o famoso e geométrico corte de cabelo do quarteto de Liverpool.
Mas a vida de Vidal Sassoon nem sempre foi boa
Vidal Sassoon ficou tão importante com seus cortes de cabelo diferenciados que, nos anos 70, ele se mudou para Los Angeles (o que aumentou o número de clientes famosos), transformou seu salão em uma rede e lançou uma linha de produtos para tratamento capilar. Ainda, ele fundou a Academia Vidal Sassoon, uma escola de cabeleireiros cobiçada e com unidades ao redor do mundo. Além disso, ele apresentou programas de televisão onde o assunto era vida saudável e com direito a tele aulas diárias de yoga.
Mas a vida pré-carreira do cabeleireiro não era nada das melhores. Nascido em 1929, ele veio de uma família extremamente pobre. Após ser abandonado pelo pai, Sassoon viveu entre os seus cinco e onze anos de idade em um orfanato. Depois disso, ele voltou a morar com sua mãe biológica, mas abandonou seus estudos aos 14 anos para ajudar no sustento da família. Por sugestão da mãe, Sassoon resolveu se dedicar ao hairstyling e passou a ser treinado por Raymond Bessone em seu salão em Mayfair.
Nos anos 80, Vidal Sassoon vendeu seus negócios para se dedicar totalmente à filantropia. Entre seus trabalhos como filantropo está a Boys and Girls Clubs of America, uma organização que oferece programas voluntários extracurriculares para os jovens, o Music Center, um centro cultural e artístico de Los Angeles, e o Centro Vidal Sassoon para o Estudo do Anti-Semitismo da Universidade de Jerusalém. Vidal Sassoon morreu em 2012, vítima de leucemia.