Foto da capa: Sam Copeland/Dior
Aqui no Brasil estamos em pleno outono/inverno, portanto a estampa xadrez retornou pelo país de forma bem natural, sem nenhum questionamento. A tendência também aterrissou na Escócia, mas em um momento um tanto peculiar para o país, que agora está em plena primavera.
Deixando de lado os clichês de primavera/verão, como cores vivas e temas florais e tropicais, a Dior lançou a coleção Cruise 2025 no país britânico. A ocasião contou com um desfile nos jardins do tradicional e turístico Castelo Drummond, em Perthshire, neste último dia 3.
As peças foram todas inspiradas nas tradições escocesas, o que explica a estampa, a paleta de tons escuros e toda aquela pegada medieval nos looks. Além disso, a coleção também conta com elementos icônicos e regionais, como os unicórnios, tecidos de cedro e a estampa argyle, uma variação do xadrez.
O motivo desta coleção é celebrar o retorno oficial e histórico da Dior à Escócia após sete décadas. Em 1955, a grife francesa pisou na Escócia pela última vez ao apresentar sua coleção de verão em dois desfiles beneficentes. Agora, a Dior retorna de forma triunfal apresentando a nova coleção, que também faz um ode ao punk dos anos 80 e ao grunge dos anos 90, que, aliás, são estilos bem típicos de Maria Grazia, sua atual diretora artística.
Fora a estampa xadrez e a paleta de cores escuras, outros elementos “outono/inverno” que chegam fora de época com essa coleção são as botas e meias over knee, além dos trench coats. Será que a moda do xadrez em pleno verão vai vingar em outros países, incluindo aqui no Brasil? Só esperando para ver.
A origem da estampa xadrez
Muito associada aos anos 90 (até porque foi uma grande febre na década), a a estampa xadrez é de origem incerta, datando de algum período a.c. e com indícios de ter sido usada como parte da indumentária Celta, de acordo com pesquisas arqueológicas. Seu primeiro formato é o básico quadriculado, também usado até hoje, mas a partir do século XVII o formato tartan, o usado na nova coleção da Dior, começou a surgir na Escócia.
Os primeiros do tipo eram feitos com corantes naturais, dando aquele aspecto sutil na padronagem, e inicialmente seu tecido era retangular e não possuía costuras. Este formato fez parte de importantes momentos históricos da Escócia, desde a confecção dos uniformes dos rebeldes jacobitas, passando por uma proibição com a lei do desnudamento até virar símbolo do orgulho nacional escocês.
A partir daí houve uma espécie de renascimento da cultura escocesa e, junto com os kilts, o tartan virou símbolo do orgulho nacional escoces. No século XIX a estampa foi registrada, reconhecida e inserida no mercado da moda, seu sucesso foi tanto que até a Rainha Vitória, do Reino Unido, passou a aderi-la no seu guarda-roupa, popularizando ainda mais a estampa.
No século XX, ela foi mais além da Escócia e se espalhou pelo resto do mundo ocidental, tanto em sua forma tradicional, como em roupas formais e em uniformes escolares americanos, quanto de forma reinterpretada, atuando como símbolo de rebeldia e sendo inserida não apenas em roupas casuais, como também em acessórios e bolsas.