“Está na hora de eu ir trabalhar, ou se preferir, brincar. Assim é que nós ciganos da música dizemos, afinal. Vou pôr minha camisa preta, afivelar meu cinto preto em minhas calças pretas, amarrar meus sapatos pretos, pegar meu violão preto e fazer um bom show para as pessoas desta cidade” – Johnny Cash.
Um vozeirão sepulcral que virou uma lenda da música country. Um homem atormentado por três vícios: as anfetaminas, a música e o amor. Uma pessoa intensa, verdadeira, rebelde, contestadora, mas que cultivava um coração de ouro. Visto por muitos como um fora de lei mal encarado, mas que na verdade era um romântico sonhador. Muito mais do que uma lenda, Johnny Cash foi humano.
Aproveitando as comemorações em torno de seu aniversário, celebrado nesta sexta-feira, 26 de fevereiro, uma boa dica para quem quer conhecer mais a fundo o homem de preto é a leitura de sua autobiografia. Lançado há pouco mais de 2 anos pela editora LeYa no Brasil, o livro original foi escrito por Cash em 1997. A obra relata as memórias de um homem que viveu a vida intensamente, mas que achou seu porto seguro num amor para a vida toda.
Escrito em primeira pessoa, Cash relembra a infância pobre de John – como prefere ser chamado -, a relação com a família e a religião, o início da carreira, o encontro destruidor e quase mortal com as drogas, as histórias das estradas por onde andou com seu Unit One – o ônibus preto do Homem de Preto – e o encontro com June Carter, que mudou o rumo de sua vida.
Filho, irmão, soldado, artista, amigo, marido, pai, avô… Cash mostra todas as facetas de um grande homem que por muito tempo foi incompreendido, não só pelo mundo, como também por si mesmo. Mas que soube enxergar a beleza da vida e traduzi-la em versos que marcaram a história não apenas do country, mas de toda uma geração.
Cash foi um homem de fé e autor de três livros. Cantou pela primeira vez publicamente durante o período em que estava na força aérea americana, no início dos anos 1950. Foi a personalidade mais jovem já escolhida para o Country Music Hall of Fame, foi introduzido no Rock and Roll of Fame e premiado com onze Grammys em uma carreira que moveu gerações.
Casado com outra lenda do country, June Carter, Cash apresentou-se em inúmeros lugares, de prisões à Casa Branca, teve o seu próprio programa de televisão, apareceu em filmes, além de ter recebido diversos prêmios importantes da cultura americana.