A banda curitibana Hillbilly Rawhide é considerada a precursora do Country Rock Alternativo no Brasil. Misturando o estilo country (hillbilly) com rock primitivo, a banda prioriza um repertório autoral e cantado em sua maioria em português.
Para reforçar o trabalho que vem sendo feito há mais de 10 anos, a banda acaba de lançar o clipe de Cavaleiros da Morte, uma das músicas mais conhecida do grupo, que faz parte dos álbuns Lost and Found, de 2011, e também está no Ten Years on the Road, de 2013, sendo essa a versão utilizada no vídeo. Confira:
Aproveitando a novidade, o Universo Retrô conversou com o integrante da banda, Mutant Cox (voz, guitarra e violão), para entendermos um pouco da história e experiências da banda, e principalmente, saber como foi o processo criativo e produtivo do clipe, as referências, influências e seus projetos futuros. Veja!
Universo Retrô – Vocês surgiram em 2003 e podem ser considerados os precursores do Country Rock Alternativo no Brasil. Já são mais de 10 anos de estrada nesse estilo e algumas bandas surgiram nos últimos tempos. Vocês acham que foram os principais incentivadores dessa cena? O que mudou de lá para cá?
Mutant Cox – Pois é, estamos agora há quase 13 anos fazendo esse estilo que acho que, de alguma forma, fomos precursores aqui, sim, pelo menos dos últimos tempos. Quando começamos, quase não havia outra banda que fizesse algo parecido, essa mistura que tocamos de Country Music com Rock’n’Roll, principalmente. Acho que, hoje em dia, o estilo já é muito mais conhecido aqui; existem várias bandas, agora, tocando mais com essas influências, e chegou a rolar até uma certa “febre” do Country e Hillbilly por aqui. Acho que com certeza somos um dos grandes culpados por isso!
Universo Retrô – O estilo é pouco conhecido no Brasil, mas vocês são uma banda de bastante relevância. Qual o diferencial de vocês nesse mercado fonográfico para conquistar tantos fãs?
Mutant Cox – Acho que um dos lances mais legais na gente é que parece que agradamos de gregos a troianos. Todo tipo de público, pessoas, tribo curte a banda! Acho que, justamente, por tocarmos Country Music misturado com Rock’n’Roll, o lado mais “outlaw” (fora-da-lei) do Country, diferente daqueles mais Pop. O lado mais “cru” do Rock’n’Roll é algo muito fácil de se envolver, pega na veia da galera! Mas, foi sempre uma coisa natural, nunca decidimos criar uma “fórmula” pra conquistar mais fãs, ou algo assim, apenas fazemos o que gostamos.
Universo Retrô – Você também toca na banda Sick Sick Sinners, uma das mais representativas da cena Psychobilly no Brasil. É tranquilo se dividir em duas bandas, ainda mais com um estilo musical mais diferente? Como lida com isso?
Mutant Cox – Estou nas duas bandas desde o início. Antes do Sinners, eu e o guitarrista Vlad tínhamos outro trio, Os Catalépticos, e ainda antes dessa banda acabar, já começamos o Hillbilly Rawhide, no final de 2002. Final de 2005 já estávamos quase terminando Os Catalépticos, e começando o Sick Sick Sinners, então, sempre fomos acostumados com isso, eu também sempre toquei em outras bandas, também de outros estilos. É um problema muitas vezes, principalmente pra marcar datas, às vezes aparece show pra uma banda, mas já tem um marcado com a outra. Mas nos entendemos bem. Eu, na verdade, sempre gostei de tocar estilos variados, mas só coisas que gosto, claro! Às vezes é como uma terapia!
Universo Retrô – Recentemente vocês vieram a São Paulo. O que acham do público da cidade? Como costuma ser a receptividade da galera?
Mutant Cox – Foi muito legal! Na verdade tivemos alguns imprevistos em cima da hora, mas foi muito bacana, no final deu tudo certo! Temos um bom público por aí. Claro, numa proporção mais ‘underground’… Geralmente somos muito bem recebidos!
Universo Retrô – Vocês também já fizeram turnê no exterior. Como foi essa experiência e qual a diferença do público lá fora para o público brasileiro?
Mutant Cox – Sim! Fizemos a Ten Years On The Road European Tour em 2013. Foi histórica! Cada dia um lugar e público diferente. Fomos super bem recebidos em todos os lugares! Foi impressionante também a diversidade de público que conseguimos atingir e agradar. De Punks, Psychobillys até velhinhos num acústico em um jantar num café de uma pequena cidade. Foi demais! Diferença maior acho que por lá as coisas funcionam um pouco melhor, existe um certo respeito maior com o artista nos lugares que tocamos. Não que aqui não tenha, tem e demais! Mas aqui rola uma ‘desorganização’ maior.
Universo Retrô – Vocês estão lançando o clip “Cavaleiros da Morte”, que faz parte do álbum Lost and Found de 2011 e também está no álbum Ten Years on the Road de 2013, e comemora os 10 anos de estrada da banda. Qual a importância dessa música para vocês? Por que a escolha dela para o novo clipe agora em 2015?
Mutant Cox – É, ela está nesses dois discos, mas a versão do clipe é a do Ten Years On The Road. Escolhemos ela porque além de ser uma música muito forte, com pegada, ela foi inspirada num assunto muito sério, que é o Cerco da Lapa, guerra que tivemos aqui na região dos Campos Gerais no final do século retrasado, e que matou muita gente. Já tínhamos a música há alguns anos, e sempre tivemos essa vontade de fazer o clipe, e agora rolou com o pessoal da MB Filmes, que é de Americana, São Paulo.
Universo Retrô – Vocês participam de todo processo criativo do vídeo, como roteiro e produção ou contam com a ajuda da MB Filmes?
Mutant Cox – A gente participa também, claro, damos as ideias iniciais, em cima do tema da música, do clima, e nesse caso do Cavaleiros da Morte, o pessoal da MB Filmes também contribuiu completamente! Geralmente é assim: passamos nossa ideia, e a produtora finaliza passando as coisas mais ‘possíveis’ de fazer, e outras ideias também.
Universo Retrô – Como foi o processo de gravação do clip? Onde vocês fizeram a gravação e por que foram gravar neste local?
Mutant Cox: Gravamos na cidade da Lapa, que é aonde aconteceu essa guerra. É uma cidade muito histórica, e ainda preservada quase que da forma original, e é bem pertinho de Curitiba, 80km! Então como a música é inspirada nessa história, nada melhor do que filmar o clipe no local aonde aconteceu! O pessoal de Americana veio, e gravamos tudo em um dia, daí a edição que foi bem mais demorada, mas eles que fizeram por lá.
Universo Retrô – Quem compôs a música Cavaleiros da Morte? Há um responsável pelas composições das músicas ou vocês compõem todas as músicas em conjunto?
Mutant Cox – Essa foi composta por nosso violinista Mark Cleverson. Ele tinha essa idéia de fazer algo inspirado nessa história, fez uma melodia e base, e o resto da banda deu sua lapidada final. Geralmente é assim, um vem com uma idéia de letra e base, e o resto da banda complementa cada um com sua parte, seu instrumento e arranjos. Não temos um compositor principal, mas os que mais compõem somos os três originais da banda, eu, o Cleverson e o baixista Osmar Cavera. Temos várias composições de amigos também, como do Klaus Koti (ou, O Lendário Chucrobillyman), que tocou no começo da banda, o Ademir, do Ovos Presley, compôs “O Enxofre e a Cachaça”, por exemplo, e eu ajudei um pouco também, agora inclusive estamos tocando uma outra nova dele, “Cicatrizes dos meus tombos”. E mais ou menos assim nós criamos nossas músicas!
Universo Retrô – Vocês estão com alguma nova turnê prevista ou lançamento de novo álbum?
Mutant Cox – Estamos planejando ainda uma nova turnê, que deve ser no ano que vem, e também um disco novo, que está ainda em fase de composição. Estamos já com algumas músicas novas, e várias ideias e esqueletos de outras também, mas o disco só deve ser gravado mesmo no final desse ano ou no ano que vem.
Universo Retrô – Tem alguma novidade que também queiram nos contar?
Mutant Cox – Dia 30 de outubro temos a gravação de um DVD de 13 anos da banda, que será ao vivo no Guairínha, um teatro bem tradicional aqui de Curitiba. Isso vai ser muito legal pra gente! :) Obrigado, pessoal do Universo Retrô pela entrevista!