O Santa Catarina Custom Show é um evento que ocorre no estado de Santa Catarina há seis anos e vem contribuindo para trazer à tona a cena da região. Segundo Rodrigo Huelsman, um dos organizadores, “O evento nasceu da necessidade de mostrar nosso trabalho de customização, então nos juntamos, minha esposa Mirella, Sonia uma amiga nossa e eu. As duas já trabalhavam com eventos e resolvemos nos juntar para difundir a cultura custom em nossa região.”
A primeira edição foi realizada na Marina Tedesco em Balneário Camboriú, a segunda no estacionamento do Teleférico da mesma cidade e as demais edições já em Itajaí, onde acontece o encontro atualmente. Ivano Lanser, expositor pela terceira vez nesse evento e fotógrafo, afirma que a cultura custom e hot rods é muito forte nessa região de SC.
Quem compareceu ao evento pode curtir várias atrações como exposição de veículos, moda vintage, peças automotivas, tatuadores, food trucks, concurso de pin-ups e muito mais. Um ícone do evento foi o show com J.J. Jackson, bluesman americano que adotou o Brasil como pátria e The Headcutters, que é considerada uma das mais renomadas bandas da nova safra de blues do Brasil.
O Universo Retro conversou com algumas pin-ups que já prestigiaram o evento, inclusive, com algumas vencedoras dos concursos, para nos contar tudo sobre o que rola e como elas começaram a se interessar por esta cultura.
São elas: Bruna Carolina, a mais nova vencedora Miss Pinup SCCS 2016; Nai Darolt vencedora de 2015; Sra Tata e Tamayra Pauline, ambas vencedoras do concurso Pinup SCCS 2014; Lady Von Page, a vencedora do Pinup SCCS 2013; além de Dieini Barbosa, Eliana Kirchner e Michelly Fernandes que foram candidatas ao Miss Pinup 2016.
Uma questão que foi abordada pelo Universo Retrô para as pin-ups, foi sobre o que elas pensam sobre a questão do “ser pin-up” em um mundo em que a mídia capitalista impõe um estilo de massa e, muitas vezes, vulgariza a imagem da mulher, impondo padrões estéticos. Se, de alguma forma acreditam que esse estilo também se tornou uma forma de resistência a vulgarização da imagem da mulher que ocorre atualmente (no sentido de resistência a ditadura da magreza e a moda capitalista e consumista).
Bruna acredita que “O estilo ajudou mais as mulheres que, assim como eu, de alguma forma não se sentiam sexys e confortáveis em seus corpos. O mundo das pin-ups não tem um estereótipo definido, ele vai das magrinhas, gordinhas até as alternativas, dando uma liberdade para se sentir confiante dentro da sua beleza.”
No ponto de vista de Lady Von Page, “Os concursos ajudam a divulgar a cultura, e dão oportunidades às pessoas entenderem que há outros tipos de beleza, que a real beleza não é o padrão imposto pela mídia, a beleza é subjetiva, a beleza não está no número do manequim, na altura, mas proporções da face, a beleza é simplesmente ser você como é, com duas formas, sua feminilidade, sua elegância e graça, e os concursos de pin-ups trazem este ponto de vista tão importante ao grande público.”
Além disso, enfatiza que “As pin-ups nos anos 40 e 50 eram mulheres a frente de seu tempo. Elas eram tidas como modernas pra época e até mesmo pros mais conservadores “vulgares”. O que hoje parece ser sexy com classe no passado dependendo do tipo de fotografia era considerado imoral. Mas todo este revival creio que sim, é um resgate da sensualidade de uma forma bem feminina e menos agressiva.”
As colocações de Srta Tata vão ao encontro de Lady Von Page, afirmando que “Hoje, o estilo, de certa forma, seja uma maneira de mostrarmos que podemos ser o que quisermos, sem que sejamos obrigadas a seguir regras impostas pela sociedade atual que mesmo formada por ideias contemporâneas, continua preconceituosa.”
Na opinião de Tamayra isso é um pouco contraditório, pois “Muitas pin-ups representam o que havia de mais vulgar naquela época, Bettie Page e Marilyn não são exemplos de mulheres recatadas, portanto não entende como atualmente algumas pessoas usam esses símbolos para levantar uma bandeira contra a ‘vulgaridade’, mas é importante levar em consideração o contexto e ter consciência disso. As pin-ups foram mulheres ousadas e revolucionárias para a época e isso tem que estar bem definido na cabeça das pin-ups atuais, independente de você seguir um estilo mais recatado, não faz sentido criticar a vivência da mulher atual e se dizer pin-up porque detesta a atitude das mulheres vulgares, temos que pensar que essas mulheres tiveram e ainda tem um papel fundamental na nossa luta pela liberdade.”
Finalmente, para Nai Darolt “O estilo se torna mais uma forma de militância a favor da mulher, que há muitos séculos tenta se libertar da opressão social.” Ela vê o estilo como um grito de liberdade onde se pode tanto exercer a sensualidade, quanto fazer algo mais housewife.
Sobre a experiência no evento, os depoimentos foram muito positivos, reafirmando o sucesso do SCCS como um todo.
Srta Tata nos conta com muita alegria a sua experiência com o SCCS: “Fui pela primeira vez no SCCS em 2013 por indicação de amigos. Conheci nesse ano, e fiquei encantada com tudo o que o evento oferece. Em 2014 me inscrevi no concurso de Miss PinUp e fui escolhida Miss daquele ano. Foi uma experiência ainda mais incrível, toda troca de informações, amizade e companheirismo dividido com todas as concorrentes e organizadores do evento. Este ano participei como expositora e jurada do concurso, mais uma vez só tenho experiências maravilhosas para contar sobre o SCCS.”
A Miss SCCS 2014 atualmente, faz questão de participar ativamente do evento, apresentando-se em danças, dublagens e ajudando as candidatas do concurso. “Todas nós nos preparamos muito, a fim de coreografar e fazer o figurino mais bonito possível para trazer um diferencial ao evento e alegrar os visitantes. Tudo por amor à cultura e amor a este evento que é nossa segunda casa”, afirma ela.
Segundo a candidata à Miss 2016, Eliana Kirchner, “É um evento encantador, você vê o brilho nos olhos das pessoas quando elas entram lá, é um paraíso para nós amantes do vintage, custom e hot rods.” Ela acredita que a cena da cultura custom em SC e na região Sul em geral esta aumentando, pois as pessoas estão aderindo mais ao lifestyle. Como pin-up , ela vê os concursos como “uma forma de mostrar seu estilo de vida, fazer novas amizades, trocar experiências e dicas, e principalmente ser quem você é!”
A Miss SCCS 2015, Nai Darolt, começou a frequentar eventos custom quando conheceu o SCCS em 2011 e afirma que, participar do SCCS como representante do evento em 2015 foi uma experiência incrível. Ela já havia participado como candidata a miss Pin Up SCCS em 2012, mas a coroação só veio três anos depois. Sendo que durante este tempo esteve sempre envolvida com o evento, estando presente em todas as edições.
A pin-up Dieini Barbosa iniciou-se neste mundo por um motivo diferenciado, foi após a compra de um Fusca que participa de encontros de motos e carros antigos. Ela considera que a cultura custom chegou na região de SC pra suprir uma necessidade, já que a região é conhecida internacionalmente por suas grandes festas eletrônicas e precisava diversificar seu foco musical.
Michelly Fernandes também acredita que o SCCS tende a aumentar a cada ano devido a alta qualidade do mesmo e, como pin-up, vê os concursos como “Uma ótima forma de expressão do jeito de ser de cada amante desta cultura, pois vai além de ser um personagem, é um estilo de vida.”
Bruna Carolina, a Miss SCCS 2016, que compareceu neste ano pela primeira vez no evento se considera sortuda por ter sido coroada em sua estreia. Bruna é criadora do blog Meu Sonho Vintage, onde fez um ótimo panorama de como foi o evento, que você pode ver aqui.
O Universo Retro se orgulha de ouvir essas maravilhosas pin-ups que servem de exemplo de originalidade, personalidade e estilo. Cada uma com sua história de vida e seus motivos que as levaram a se inserir neste universo tanto na roupa quanto em seu estilo de vida.
Esse concurso, assim como todo evento parece ter sido lindíssimo e super bem organizado, adorei os comentários das meninas na matérias, parabéns.